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quinta-feira, 17 de setembro de 2020

Doença mental não é "coisa de doido"

 Setembro Amarelo completa 5 anos, quebra tabus e provoca mudanças no enfrentamento de problemas emocionais. Psicóloga fala sobre como o assunto passou a ser mais abordado por pacientes 

 

Criada em 2015 no Brasil, a campanha mundial Setembro Amarelo, completa cinco anos com saldo positivo. É no que acredita a psicóloga Ana Lídia Agel, que atende no Centro Clínico do Órion Complex. Ela conta que houve um aumento da sensibilização e diminuição da resistência e tabu. “A nossa cultura não era aberta para esse profissional por puro desconhecimento da sua importância, e por isso negava o combate acessível às doenças depressivas. Era considerado “coisa de doido”, pontua. 

Segundo informações no portal oficial da campanha, encabeçada pelo do Centro de Valorização da Vida (CVV), Conselho Federal de Medicina (CFM) e Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), 32 pessoas tiram a própria vida diariamente no Brasil. Dados mais recentes da Organização Mundial da Saúde, mostraram que 800 mil pessoas cometem suicídio em todo mundo. No Brasil, foram registrados mais de 13 mil casos, a grande maioria entre homens, que correspondem a 76% dos casos.

Para Ana Lídia, uma das maiores contribuições da campanha é que o tema passou a ser tratado com mais abertura dentro do consultório, o que contribui com o tratamento e prevenção de doenças mentais que podem levar ao ato de tirar a própria vida. “Nitidamente foi perceptível a abertura das pessoas, inclusive homens em procurar o tratamento e se abrirem mais em busca da estabilidade emocional”, confirma. 

Mais que palavras, a psicóloga explica que é preciso ficar atento à linguagem não verbal, para perceber atitudes que indicam o início da depressão e os comportamentos destrutivos. “A pessoa está sempre cabisbaixo, mostrando desânimo, desmotivação, falta de energia para atividades básicas, isolamento social e diminuição de apetite. Os sinais verbais são manifestos através de frases bem expressivas como: Eu não aguento mais;  Estou com vontade de sumir; Vou dar descanso para vocês; Ninguém vai sentir minha falta; Por que eu nasci”, detalha. 

Entretanto, é possível que uma pessoa doente consiga mascarar a tristeza e por isso, nem sempre é possível compreender os reais motivos que levam um indivíduo a tirar a própria vida. “Já tiveram muitos casos que a pessoa se mostrava sempre alegre e divertido, mas mas sempre com algum tipo de compulsão como bebida, drogas, sexo, compras, remédios ou jogos que podem ser “válvula de escape” da dor emocional. “Fiquem de olho nos detalhes, da demonstração na intimidade, nas postagens nas redes sociais, nas mudanças de comportamentos, pois serão norteadores mesmo em uma pessoa que camufla com aparente alegria”, aconselha Ana Lídia. 

No dia a dia é possível ajudar familiares a preservar a vida tentando não ignorar os sinais depressão e tristeza e demonstrando acolhimento. “Temos que transmitir o amparo através do amor diário para as pessoas que estão ao nosso lado então conseguiremos evitar que as estatísticas aumentem. O mais comum é sermos mais educados e pacientes com as pessoas de fora, clientes, amigos, colegas de trabalho, mas com pais, cônjuges e filhos agimos com menos paciência. Esse tratamento gera o sentimento de falta de pertencimento social familiar”

A profissional lembra que existem várias formas acessíveis de combater a tristeza  como  exemplo a prática de esportes constantes, grupos de apoios sociais, parentes e amigos próximos, prática de hobbies e outras fontes de prazer como meditação diária, e fortalecimento do pilar espiritual. “Praticar a gratidão ao invés da reclamação e com certeza a psicoterapia também é uma forma eficaz de combater o suicídio, muitas vezes com acompanhamento em conjunto com psiquiatra e em alguns casos com uso de medicação de apoio”, finaliza 

 

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