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sábado, 1 de agosto de 2020

Pós-pandemia: pets invadem a alimentação dos donos

Em meio a pandemia os animais domésticos conquistaram ainda mais espaço e mimos (inclusive alimentares) na rotina de seus tutores. Descubra mitos e verdades.


O período de isolamento social gerou transformações na rotina das pessoas e, consequentemente, na dos pets em todo o planeta. Com a redução de passeios e a presença mais frequente das pessoas em home office, houve uma significativa diminuição da atividade física dos humanos e dos animais domésticos, impactando no ganho de peso. Levantamento realizado pela Wakefield Research, empresa de pesquisa de mercado, em parceria com o Banfield Pet Hospital (Estados Unidos), identificou que 25% dos entrevistados considera que o animal de estimação “ganhou um pouco de peso” e 8% responderam que os pets “ganharam muito peso” na fase da quarentena.

O que pode justificar o sobrepeso é a mudança no comportamento entre os pets e seus donos. Dos entrevistados na pesquisa, 40% afirmam que têm oferecido mais petiscos e guloseimas ao animaizinhos desde o início da pandemia da Covid-19. Por outro lado, um outro estudo do Banfield Pet Hospital aponta que 84% dos proprietários desenvolveram mais ateção à saúde dos pets e 67% concluíram que precisam alterar a maneira como cuidam dos animais em casa.

Além dos cuidados com o checkup veterinário, destaca-se a importância no cuidado com a alimentação.


MONOTONIA ALIMENTAR

As rações têm como principal objetivo oferecer uma alimentação equilibrada. São saudáveis, no entanto, não possuem variedade de sabores. “Isso faz com que os pets sintam-se enfadonhos recusando se alimentar de modo completo, o que pode prejudicar a saúde deles. Os animais domésticos são muito estimulados por sabores. Uma das vantagens que a pandemia nos trouxe é a facilidade de poder fazer parte do dia a dia dos nossos pets e inclusive conhecê-los melhor, observar que aromas e sabores despertam mais o prazer pelo alimento. E ainda a possibilidade de pensar em opções, como molhos que permitam a eles também vivenciar a experiência da gastrnomia além da ração”, explica Hugo Villalva Leça Fonseca, CEO da Mon Petit Chéri, fabricante de alimentação gourmet para pets.

Para ser considerado um alimento completo e balanceado, a ração deve fornecer, obrigatoriamente, todos os nutrientes essenciais para a vida daquela espécie animal, bem como à fase de vida e em quantidades que suportem todas as atividades metabólicas. Segundo Luciana Oliveira, veterinária com PhD em nutrição da Mon Petit Chéri, são considerados nutrientes essenciais aqueles que o organismo não consegue fabricar sozinho. No caso de cães e gatos, deve-se considerar na hora de comprar a ração:

  • 10 aminoácidos para cães e 11 para gatos (formam as proteínas do corpo)
  • 1 Ácido graxo para cães e 2 para gatos (produzem parte da gordura)
  • 12 minerais, entre eles cálcio, fósforo, iodo, zinco, selênio
  • 11 vitaminas para cães e 12 para gatos, entre elas as vitaminas do complexo B e vitaminas A D e E.


DIETAS CASEIRAS

Para elaborar um alimento caseiro completo e balanceado é necessário, antes de tudo, conhecimento específico em nutrição animal de forma que esses alimentos, assim como as rações, tenham em sua composição todos os nutrientes essenciais para a espécie a qual se destina.

“Infelizmente, por falta de conhecimento de tutores, a preparação desses alimentos caseiros segue premissas de nutrição humana (ex. pouca gordura, sem sal, falta de proteína adequada aos pets...) e não atendem as necessidades dos pets, causando uma série de deficiências nutricionais que comprometem a saúde deles. Estes alimentos podem trazer inúmeros prejuízos ao organismo, como perda de massa muscular por deficiência de aminoácidos, má condição de pele e pelagem por deficiências de vitaminas e minerais, e problemas ósseos por deficiências de cálcio e fósforo, entre outras”, reforça a veterinária.


SACHÊS/LATAS

“O uso de sachês associado a rações secas sempre foi usado, tanto no Brasil quanto no exterior. E até hoje nós percebemos que a frequência de utilização dos alimentos úmidos, e a qualidade deles, ainda é muito maior no exterior. Felizmente, esse conceito está mudando e cada vez mais achamos novas marcas com produtos de ótima qualidade, e tutores mesclando o alimento seco e úmido em todas as refeições dos seus pets. O uso de alimentos úmidos é uma forma de tornar o consumo da ração mais prazeroso pelos animais, pois assim como nós, os pets tem paladar e suas preferências, ou para incentivar o consumo para animais muito seletivos ou doentes”, destaca Hugo, que é da Mon Petit Chéri.


LÍQUIDO PARA PETS

A água é um nutriente essencial à vida para os organismos vegetais e animais, já que as reações metabólicas dependem da água para ocorrerem. “Quando falamos de cães e gatos, eles devem ter acesso a água potável todo o tempo. De forma geral recomenda-se que cães e gatos ingiram entre 60 a 70mL de água por quilo de peso por dia”, afirma a veterinária. Segundo Luciana, alguns tutores oferecem água de côco no Brasil pela sua disponibilidade. Não se sabe ainda se essa prática traz benefícios a pets saudáveis. Entretanto, o uso da água de côco pode ser interessante para cães que não ingerem muita água.


    CADA MÊS UMA RAÇÃO... PODE?

É possível usar uma mesma ração durante toda a vida dos pets sem maiores problemas. Apesar disso, há uma minoria de animais que ‘enjoam’ das rações e acabam levando os tutores a variar os sabores e marcas. “Outra parte dos pets que recebem rações variadas é decorrente da humanização, ou seja, quando o tutor se acha na obrigação de variar a alimentação como uma maneira de oferecer algo diferente. Entretanto, o uso de uma mesma ração, que atenda as necessidades do animal naquela fase de vida, é o ideal. Isso porque a microbiota intestinal de cães e gatos não é tão apta a mudanças alimentares, e a troca constante de alimentos pode causar problemas digestivos”, recomenda Luciana.


    COMO CRIAR UM PLANO ALIMENTAR

A rotina alimentar é importante para cães e gatos, principalmente para filhotes, idosos e animais com alguma doença. “Para cães, o ideal é que comam, no máximo, duas vezes ao dia. Cães com alguma doença podem necessitar de mais refeições. Já os gatos, que têm hábitos noturnos e gostam de comer pequenas quantidades muitas vezes ao dia, devem receber duas ou mais refeições ao dia, ou podemos disponibilizar a quantidade total no início da noite, para que fique à disposição durante todo o período noturno”, detalha Luciana. A quantidade deve seguir indicação da tabela orientativa que consta nas embalagens.

Outra recomendação, segundo a veterinária, é evitar o raciocínio de que “devido a ausência de passeio preciso compensar meu pet com guloseimas”. “Não recomendamos ultrapassar 10% das calorias diárias deles com petiscos”, afirma ela.

   
ALIMENTOS NÃO RECOMENDADOS PARA PETS

A lista abaixo é descrita pela Federação Europeia da Industria de Alimentos para Animais de Estimação (FEDIAF, 2018) e aborda os alimentos mundialmente reconhecidos por trazerem alguma toxicidade à cães e gatos.

- Uva e uva passa: cães podem podem apresentar transtornos digestivos (vômito, dor abdominal, diarreia), insuficiência renal aguda, fraqueza e anorexia. Ainda não se sabe qual substância contida nesses alimentos que causa os efeitos descritos;


- Chocolate e café: na verdade é a substância teobromina contida no cacau que apresenta efeito tóxico para os animais. Quanto maior a concentração de cacau do chocolate, maior o risco de causar intoxicação. A cafeína, que é da mesma família que a teobromina, também pode causar intoxicação nos pets. Os sinais clínicos dessas intoxicações são: taquicardia (aceleração dos batimentos cardíacos), dificuldade respiratória, vômito, diarreia, agitação, tremores, fraqueza, arritmias, convulsões, insuficiência renal e óbito.


   - Cebola, cebolinha e alho: Cães e gatos são muito sensíveis a ingestão de cebola,  seja ela crua ou cozida. Os gatos também são também muito sensíveis ao alho. Os sinais clínicos da intoxicação por esses ingredientes são a anemia, taquicardia, fraqueza respiração acelerada, vômito, diarreia, dor abdominal e nos casos mais graves, insuficiência renal, icterícia e morte. Os responsáveis por tais efeitos são as diversas substâncias organosulfúricas contidas nesses alimentos, como a alicina contida no alho, por exemplo.


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