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quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Estresse tóxico infantil: como lidar na pandemia

Estresse tóxico é definido por uma situação de estresse elevado e contínuo que pode gerar danos irreversíveis ao desenvolvimento neuropsicomotor de uma criança. “A evolução do indivíduo depende da genética e do ambiente que o cerca. Durante a pandemia, esse ambiente tende a se tornar inapropriado para o crescimento adequado de uma criança, que está em intenso desenvolvimento cerebral”, explica a pediatra Dra. Andressa Tannure, membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e especialista em Suporte de Vida em Pediatria pelo Instituto Sírio-Libanês e pelo HCOR.

 

O que causa e como identificar

Segundo Andressa, toda criança será exposta, inevitavelmente, a situações adversas, como a perda do seu animal de estimação, mudança de escola, de cidade, entre outras. Mas, no momento atual, o cenário é mais delicado, pois se trata de um episódio completamente atípico.

“A criança pode dar os primeiros sinais desse estresse com atitudes que antes não eram comuns. Ficam mais chorosas, não dormem bem, alteram o apetite, regridem no desenvolvimento (uma criança que já havia realizado o desfralde volta a fazer xixi na cama) e evoluem para quadros mais intensos de hiperatividade, agressividade, personalidade introspectiva, sentimento de incompetência e déficit de atenção”, explica Andressa Tannure.

 

Quais as consequências

Quando a criança é exposta ao estresse tóxico, toda a sua estrutura cerebral é afetada, provocando disfunção no sistema neurológico e endocrinológico. “Essas alterações se refletem na vida adulta, com o desencadeamento de doenças crônicas, como hipertensão arterial sistêmica, diabetes melitos, doenças pulmonares, distúrbios neuropsiquiátricos e comportamentais (como depressão ou transtorno de ansiedade generalizada) e maior risco à dependência química”.

 

Como lidar com os sintomas

De acordo com a pediatra, em meio a todas essas situações atuais, fica mais evidente a importância do suporte familiar, do acolhimento, do incentivo às atividades de lazer, do estabelecimento de uma rotina saudável (alimentação, sono e exercícios) e, se necessário, de um tratamento multidisciplinar com psicoterapia.

“Todo esse amparo, somado a sua maturidade, ao seu estágio de desenvolvimento e sua habilidade intrínseca, serão determinantes para que a pandemia não gere graves consequências à criança”, finaliza Andressa Tannure.

 

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