Vacinação e testagem são as principais formas de combate à doença
A campanha ‘Julho
Amarelo’ foi criada para reforçar as formas de prevenção e combate às hepatites
virais. Com diferentes tipos e sintomas, elas são responsáveis por muitas
mortes no mundo. Por isso, a Organização Mundial da Saúde instituiu, há 10
anos, o dia 28 de julho como o Dia Mundial de Combate à Hepatite. Segundo dados
do Ministério da Saúde, entre 1999 e 2018, existiram mais de 632 mil casos
confirmados de hepatites virais no Brasil e, entre 2000 e 2017, foram
registradas mais de 70 mil mortes devido às doenças, 76% delas ligadas à
hepatite C.
Apesar dos números, o
médico infectologista Rogério de Jesus Pedro, do Vera Cruz Hospital, em
Campinas, afirma que a hepatite B, que é sexualmente transmissível e que pode
passar da mãe para o feto na gravidez, durante e após o parto, é o tipo mais
preocupante da doença. “Cada hepatite possui diferentes sintomas, formas de
transmissão e de tratamento. O tipo B é preocupante, pois possui alto índice de
transmissão. Quando aguda pode passar despercebida, porque a doença é
assintomática ou os sintomas não chamam a atenção. Outra particularidade é que
a maioria dos pacientes elimina o vírus e evolui para a cura definitiva. Em
menos de 5% dos casos, porém, o vírus conhecido como VHB persiste no organismo
e a doença torna-se crônica”, explica. De acordo com ele, a cada 100 pessoas,
90 se curam da doença.
Mas, segundo o
especialista, a hepatite B crônica também pode evoluir sem apresentar sintomas
que chamem a atenção durante muitos anos. “Isso não indica que parte dos
infectados possa desenvolver cirrose hepática e câncer de fígado no futuro. Na
maioria das vezes, porém, quando os pacientes procuram o médico, já há sinais
de insuficiência hepática crônica”, completa.
Por isso, o
infectologista reforça a importância da vacinação no primeiro ano de vida. “As
vacinas de hepatites A e B estão no Calendário Nacional de Vacinação e são
fornecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). É importante alertar também a
sociedade que depois dos 40 anos a imunização perde a sua eficácia. O ideal é
fazer exames preventivos anualmente e checar se as vacinas foram tomadas ou
não”, afirma.
Hepatite C
Os levantamentos que apontam a maior quantidade de
mortes relacionadas à hepatite C, transmitida pelo sangue, devem despencar na
próxima década, segundo o infectologista. “A ideia é nos próximos anos
simplificar o diagnóstico, ampliar a testagem e fortalecer o atendimento
público. Muitas pessoas estão com o vírus da hepatite C e não apresentam nenhum
sintoma, então diagnosticar e tratar essas pessoas é a forma mais rápida de
erradicar a doença”, explica o médico.
Segundo o especialista, o número ainda é
alto, pois não existe vacina para esse tipo da doença, que possui um vírus
muito severo e comum entre usuários de drogas injetáveis e que costumam
compartilhar seringas, por exemplo. Mas, o médico alerta que quem recebeu
transfusões de sangue, fez cirurgias ou tatuagens antes de 1998 deve realizar o
teste para hepatite C. “Foi apenas a partir desse ano que foram implementadas
medidas de identificação do vírus para evitar transmissão de material
contaminado”, aponta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário