Até o fim de
junho, 84,9% das mortes em Campinas foram de pessoas acima de 60
anos; economista sugere medidas de proteção social à população
idosa
Um estudo do Observatório
PUC-Campinas, que analisou os casos e as mortes
por coronavírus até o fim de junho, indica que os
idosos são as principais vítimas fatais da doença na Região Metropolitana de
Campinas. Em Campinas, epicentro da pandemia na RMC, a população
idosa responde por 84,9% do total de óbitos registrados, realidade
que se estende aos demais municípios da região. (VEJA O
ESTUDO COMPLETO)
A situação reforça a
vulnerabilidade das pessoas acima de 60 anos no contexto da covid-19,
incluídas nos grupos de risco determinados pela Organização Mundial da Saúde
(OMS). Na RMC, os indivíduos que integram essa lista representam
aproximadamente 15% do conjunto populacional: são 475.700 os idosos
residentes nas vinte cidades da região.
Para o economista Cristiano
Monteiro, que coordenou o levantamento, as estatísticas já evidenciam a
necessidade da criação de políticas públicas para proteção social e
defesa da vida da população em idade mais avançada. Para ele, as medidas
se fazem urgentes diante do declínio constante no índice de isolamento
social na região, atualmente em torno de 50%.
“Com a possível
flexibilização das atividades de comércio e serviços privados e públicos,
que viabiliza maior interação social dos jovens e adultos, a taxa de
distanciamento deve seguir em queda, cenário que se traduz em novos riscos à
população idosa, que na maioria dos casos divide moradias com tais grupos”,
analisa o professor extensionista.
A preocupação do
docente é justificada em números: em Campinas, 75,5% dos casos
de coronavírus até o fim de junho foram registrados em pessoas
entre 20 e 59 anos, que se deslocam intensamente em razão das suas
atividades de trabalho. Ao voltar para casa, onde reside com pessoas
idosas, esse grupo aumenta substancialmente a probabilidade de
contágio da população na faixa etária de risco.
“O atraso histórico na
produção de moradias particulares para novas gerações; em outras palavras,
o fato de muitos jovens e adultos residirem com as pessoas idosas,
apresenta-se como um problema social que agrava a situação da pandemia da
covid-19, em total desfavor dos idosos, cuja letalidade é demasiadamente
mais alta”, acrescenta Cristiano.
Com isso, o economista
sugere a adoção de certas medidas pelo setor público, de forma a assegurar
a proteção da população idosa. São elas: contratação emergencial
de “cuidadores de idosos”, que se responsabilizariam pelo contato
direto com famílias que se enquadram no grupo de vulnerabilidade mencionado;
adoção de home office aos jovens e adultos economicamente
ativos que residem com idosos; e acompanhamento digital da taxa de
isolamento social das pessoas que vivem com idosos.
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