E-mail, SMS, imagens virais no WhatsApp. As
tentativas de golpe na internet chegam pelos mais diversos meios, em busca de
um usuário desatento a quem possam fazer de vítima. Os riscos podem variar de
roubo de dados, clonagem do aparelho celular e até de contas bancárias. Sabendo
da quantidade de pessoas mal intencionadas na web, como é possível ter
confiança de que uma campanha é verdadeira?
Imagine receber uma mensagem falando que você tem
direito ao pagamento de uma quantia em dinheiro e que, para isso, precisará
fornecer seus dados pessoais e bancários. Até o mais distraído dos usuários vai
desconfiar. Acaba prevalecendo o antigo ditado de que “quando o milagre é
demais, até o santo desconfia”.
E, claro, há motivos para desconfiar: segundo uma
empresa especializada em segurança digital, desde o início da quarentena, em
março, houve 24 milhões de tentativas de golpes na internet, a maioria usando o
coronavírus como armadilha. Os criminosos aproveitam que muitas pessoas estão
em casa, passando mais tempo online, e veem a oportunidade de atacar.
Porém, não se pode esquecer que, hoje, a internet é
a principal maneira pela qual as pessoas se comunicam e as ideias conseguem
viralizar. Grupos de WhatsApp reúnem moradores de um bairro para avisar sobre
ondas de assalto e movimentações suspeitas nas ruas, por exemplo. Pequenos
empreendedores se fortalecem ao indicar os trabalhos uns dos outros pelas
comunidades de Facebook. Ou mesmo lojas no Instagram aumentam seu número de
seguidores ao divulgar alguma promoção ou sorteio. Entre diversas campanhas
online, há sempre aquelas com o poder de ajudar o usuário e é preciso estar
atento para diferenciá-las das maldosas.
Neste ano, lançamos a campanha Trabalhou Tem
Direito, que tem a nobre missão de localizar mais de 7 mil ex-funcionários do
McDonald’s que não receberam o pagamento do PPR (Programa de Participação nos
Resultados) proporcional ao período trabalhado. Com a pandemia, entregar estes
valores em dinheiro se tornou ainda mais importante, tendo em vista o momento
de dificuldade econômica em que se encontra boa parte das famílias brasileiras.
O que observamos desde o início é justamente esse
receio em acreditar que, de fato, há um pagamento a ser recebido. Muitos ainda
não conhecem o trabalho do sindicato e acabam realmente confiando na campanha
depois de confirmar com antigos colegas ou pessoas que também foram
beneficiadas. Mas não é o caso de todos, então continuamos tentando transmitir
uma mensagem verdadeira e confiável.
Acreditamos que por trás de toda campanha, empresa
ou ação na internet existem pessoas. Um ser humano é capaz de despertar no
outro empatia, segurança e credibilidade. A internet deve ser usada a nosso
favor! Na comunicação com o público, não devemos nos esconder. A atuação do
sindicato deve ser no meio digital como sempre foi nos espaços públicos: um
ambiente de diálogo, troca de experiências, conversas e discussões que visem a
conquista de direitos. Por isso, toda nossa estratégia é focada em mostrar
vídeos de pessoas que receberam o benefício, espaços de perguntas e respostas
e, mais recentemente, ampliação do alcance por meio das redes sociais.
Devemos estar onde os trabalhadores estão.
Conversar com eles da mesma forma como conversamos pessoalmente. Diminuir a
distância a que fomos submetidos e nos reinventar para ajudá-los neste momento.
Isso é o que transmite confiança: saber que, do outro lado, não há uma máquina
ou alguém de caráter duvidoso, mas um aliado na luta pelos trabalhadores, com
um histórico de conquistas em prol do coletivo. Assim, conseguiremos alcançar
todos os beneficiários da campanha e reinventaremos o papel do sindicato nos
dias atuais.
Trabalhou Tem Direito | www.trabalhoutemdireito.com.br
A campanha Trabalhou Tem Direito é resultado de um
acordo judicial firmado entre o Sinthoresp e a Arcos Dourados, operadora do
McDonald’s, que beneficiou cerca de 7 mil ex-funcionários da rede de fast-food
o pagamento do PPR (Programa de Participação nos Resultados) proporcional ao
período trabalhado. Mais de 3,5 mil trabalhadores já foram localizados e
receberam o PPR, que pode variar de R$ 50 a R$ 1,8 mil.
Antonio
Carlos Lacerda - gerente jurídico do Sinthoresp (Sindicato dos
Trabalhadores de Hotéis, Bares, Restaurantes e Similares de São Paulo e
região).
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