Para
comer bem, é preciso ir além da vontade de se reeducar em relação aos hábitos
alimentares, apesar de esse ser um componente importante para alcançar o
objetivo. Ansiedade e estresse são sentimentos explosivos para a boa
alimentação e eles estão potencializados nessa fase de pandemia, com o
isolamento e as dúvidas das pessoas sobre a situação. Junto a isso, fatores
neurológicos e hormonais podem impactar na qualidade da dieta regular, segundo
explica Bruna Pavão, consultora nutricional da linha Cuida Bem e que dá dicas
para manter a alimentação sob controle, sem excessos ou compulsão.
Para
Bruna, o ponto fundamental dessa virada no comportamento, que leva,
consequentemente, à maior qualidade dos alimentos consumidos e à busca pelo
equilíbrio nas horas das refeições, está no entendimento e aprendizado sobre o
significado e a importância de se comer bem. “Trata-se de um novo estilo de
vida, de ampliar conceitos e mudar alguns costumes.”
E
não adianta imaginar que a transformação acontecerá de repente. Para facilitar
o processo de mudanças de hábitos, é preciso ser realista. Esta é a primeira
dica da nutricionista. “Faça pequenas mudanças no modo como se alimenta e no
nível de atividade física praticada. Após o primeiro pequeno sucesso,
estabeleça outro objetivo e prossiga”, sugere ela, que ainda reforça sobre a
importância de fazer substituições dos produtos ultraprocessados pelos
minimamente processados e para os da categoria in natura. “Essas trocas
representam um passo importante.”
Além
de comer regularmente de forma fracionada, o que evita a ingestão de grandes
quantidades de comida em uma única refeição, é recomendado estabelecer horários
fixos para a alimentação ao longo do dia. “Sem isso, todo o processo de mudança
de hábitos pode acabar prejudicado e até mesmo o volume do estômago pode
aumentar e levar a pessoa a comer mais progressivamente”, alerta Bruna. O ideal
é fazer de cinco a seis refeições diariamente e, nas principais, incluir
vegetais crus e folhosos para aumentar a saciedade.
Repetir
os alimentos das refeições é outro hábito que precisa ser evitado, de acordo
com nutricionista. Ou seja, coloque no prato toda a quantidade de alimentos de
que precisa, sem exageros. O tamanho das porções vai variar segundo as
necessidades individuais – um nutricionista é o profissional indicado para
estabelecer qual é o volume indicado para a rotina e o biotipo de cada um.
Também
é importante deixar de contar as calorias. A prática é dispensável para quem se
alimenta corretamente e na frequência necessária. Bruna conta que “seguir o
guia da pirâmide dos alimentos ajuda a consumir as porções recomendadas para
cada grupo de alimentos. Dessa forma, fica mais fácil montar o prato ideal sem
exageros”.
Dietas da moda: jamais!
A
compulsão alimentar é uma vilã na hora de se alimentar e, como apontam alguns
artigos atuais, a restrição alimentar justamente aumenta esse impulso. Por
isso, nada de adotar dietas radicais ou da moda. “As limitações exageradas
fazem com que o cérebro entre em modo de escassez e isso aumenta o desejo pelos
alimentos rotulados como proibidos.” Ainda, a prática pode implicar em
oscilação de humor, maior irritabilidade e aumentar o foco na comida.
“As
últimas pesquisas apontam que 30% da população mundial é consumidora de
‘lifestyle’, um estilo de vida influenciado pelas mídias sociais. Com isso, as
dietas e as estratégias usadas para emagrecer com a internet ganham ainda mais
velocidade de disseminação. Mas a verdade é que, como essas dietas surgem por
influências do momento, elas também são rapidamente substituídas por novas
tendências, o que mostra que não há nenhum método, estratégia ou dieta que seja
universal”, afirma a profissional.
Também
não existe solução milagrosa, uma vez que comer corretamente não significa
apenas eliminar determinados alimentos da rotina. “Comer um doce de vez em
quando não vai estragar tudo o que a pessoa já conquistou, do mesmo modo, comer
uma folha de alface no meio do hambúrguer também não fará grande diferença. A
regularidade e a quantidade são fatores preponderantes para o benefício ou
problema.”
O
equilíbrio, de fato, é o apoio de todo o processo de mudança. “Antes de se
alimentar, identifique se a fome é fisiológica ou se existe somente a vontade
de comer. Crie hábitos que ajudem a diminuir a ansiedade e mantenha a mente
ocupada. Meditar, refletir ou respirar profundamente podem auxiliar a diminuir
a ansiedade e os episódios de compulsão e a ter uma vida mais equilibrada que
leve a uma alimentação controlada”, explica Bruna.
Santa Helena
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