Individualização
no planejamento escolar e ajustes nos projetos pedagógicos fazem parte do
cenário futuro, segundo educadores
A Federação Nacional das Escolas Particulares
(FENEP) realizou evento 100% on-line e gratuito para debater com especialistas
que acompanham a realidade do setor questões importantes referentes ao
funcionamento das escolas particulares nesse período de pandemia e,
principalmente, para o pós-pandemia. Por meio do canal da FENEP no YouTube, o
evento contou com a participação de 37 palestrantes e debatedores especialistas
em educação, como o diretor geral do Sistema Positivo de Ensino (SPE), Daniel
Moreira e o diretor editorial do SPE, Joseph Razouk Junior. O congresso foi
assistido por mais de 26 mil pessoas, entre gestores, educadores e comunidade
escolar.
De acordo com o presidente da FENEP, Ademar Batista
Pereira, o congresso se fazia necessário para mostrar para toda a sociedade,
com clareza, tudo o que está sendo levado em conta pelo setor e ainda todos os
desafios para os quais as escolas particulares estão se preparando.
"Começamos 2020, como em todos os anos, com um projeto anual para nossos
estudantes. De repente, em março, tudo o que planejamos foi inviabilizado.
Neste momento, é fundamental reforçar junto à sociedade e também para o nosso
próprio setor questões que têm surgido como demandas reais, tais como os
cuidados no aspecto da saúde e segurança dos alunos, as preocupações com a
adaptação pedagógica e novas estratégias de ensino", explicou Pereira.
Diversas capitais brasileiras e regionais de
educação já apresentaram propostas junto às autoridades de estados e municípios
com datas para o retorno das aulas presenciais. Protocolos estão sendo traçados
para assegurar às famílias e aos educadores uma volta lenta, gradual e segura.
Mas o que ficou claro no discurso de muitos especialistas da área é que tão ou
mais importante que ter em vista uma data certa para retorno é responder à pergunta:
como será a educação no pós-pandemia?
De acordo com o diretor editorial do Sistema
Positivo de Ensino, Joseph Razouk Junior, esse período deixou muitas lições.
Uma delas foi mostrar que os projetos pedagógicos das escolas podem - e devem -
ser modificados a qualquer momento. E essas modificações e alterações no curso
pedagógico vão precisar ser feitas com mais intensidade daqui para a frente.
"O projeto pedagógico de uma escola é sua carteira de identidade. A escola
precisa olhar sempre para o seu projeto. Isso vai ficar como aprendizado. Uma
das dificuldades das escolas em se adaptarem ao ensino remoto, no início da
pandemia, foi justamente porque cederam à tendência de querer fazer no remoto
da mesma forma como faziam no presencial. O que não é possível", explicou
Razouk. Segundo ele, "fazer escola tem ciência, tem método, tudo deve ser
feito com uma intencionalidade". Para Razouk, 2020 e 2021 serão propícios
não apenas para retomar lacunas mas também um momento de avaliar o que é essencial,
o que deve ser priorizado, definir critérios e fazer escolhas. "Precisamos
enxergar as oportunidades que toda essa experiência nos proporcionou e abrir
uma janela para o futuro", destacou Razouk.
O congresso contou também com a participação do
presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, Dr. Clóvis Arns da Cunha. O
infectologista alertou que essa é uma pandemia muito dinâmica, na qual
informações que num determinado momento são dadas como certas, podem mudar no
decorrer do tempo. Outro aspecto importante ressaltado pelo médico foi em
relação a como as escolas e as famílias deverão se comportar no momento de
retomada das aulas presenciais. "A primeira coisa que as escolas vão
precisar observar é estar em conformidade com a lei, observar e cumprir os decretos
estaduais e municipais. Como vivemos num país de dimensões continentais, a
pandemia pode continuar heterogênea até o final do ano, então têm municípios
que vão poder retomar, outros não", explicou Arns.
O especialista recomendou também que cada escola
tenha um protocolo individualizado. "Entidades do setor podem apresentar
as sugestões gerais de protocolo, mas cada escola tem as suas particularidades,
como por exemplo elevador, que requer cuidados especiais, ou então algum outro
detalhe particular que precise ser considerado e que outra escola não
tenha", destacou Arns.
Para o presidente da FENEP, o congresso apresentou
todos os desafios do setor, do lado pedagógico ao jurídico, mostrando que não
será uma tarefa fácil, mas que a escolas estão prontas. "Estamos contando
com a capacidade de se reinventar e se superar de nossos professores e equipes,
em todos os âmbitos.
A escola privada está pronta para retomar as aulas
presenciais, assim que for possível e permitido. E vamos voltar ainda melhores,
fazendo deste período uma excelente oportunidade para aprender, mudar, adotar
novas estratégias, ferramentas e maneira de pensar", finalizou.
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