Estudos em casa (Marcelo Matusiak) |
Diálogo com as crianças e
adolescentes é fundamental para estabelecer os cuidados necessários na
prevenção da pandemia, sem que isso afete a saúde mental de todos
A capacidade do adulto de
compreensão da enxurrada de notícias sobre a pandemia nos meios de comunicação
é totalmente diferente de uma criança ou adolescente. A recomendação da
Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS) é que os pais cumpram, neste
momento, o importante papel de fazer o filtro adequado colocando os filhos a
par de tudo que está acontecendo, sem deixar que os excessos assustem ou
provoquem confusão na cabeça das crianças.
A pediatra e hebiatra da
Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS), Susana Estefenon, lembra
que em primeiro lugar é fundamental conversar sobre essa nova realidade, não
somente sobre a doença ou pandemia, mas sobre todo o cenário atual.
“É indispensável que haja um
diálogo com as crianças e adolescentes explicando que muitas coisas não são
para sempre, mas que isso vai durar um tempo. Temos que ter novos hábitos.
Algumas dificuldades econômicas virão e isso precisa ser explicado adaptando às
verdades segundo a capacidade de compreensão de acordo com a idade da criança.
O que é fundamental é que o pai e mãe ou adulto responsável interprete essas
notícias sobre a pandemia que em muitos casos são invasivas demais”, explica.
O tema vem sendo abordado no
Grupo de Trabalho da Saúde Digital da Sociedade Brasileira de Pediatria, do
qual a médica gaúcha faz parte. A preocupação atual é que por meio das telas,
isso tudo acaba ficando muito próximo de todos.
Alguns aspectos devem ser
observados com atenção. O primeiro diz respeito às atividades habituais.
Crianças e adolescentes não estão tendo aulas e sua ocupação habitual foi
alterada. Outro ponto impactante é a convivência 24 horas desses adultos
estressados e preocupados com tudo ao lado dos filhos. O lado bom é que muitos
adultos descobriram o valor de poder trabalhar em casa e criar novas formas de
convivência e união familiar.
“Vemos que a preocupação não é só dos infectologistas e
epidemiologistas, mas de toda comunidade médica pela saúde física e mental.
Como pediatras, estamos preocupados em como isso impacta na visão de mundo que
essas crianças e adolescentes estão tendo. Antes, estávamos preocupados por não
ter tempo para manifestar nosso afeto. Agora temos que aproveitar. Uma
organização de atividades de estudos, por exemplo, terá um impacto
significativo diminuindo a ansiedade e tirando a angústia.
É um grande momento para a família.
Podemos fazer dessa grande crise, uma oportunidade de mudar nosso estilo de
vida e a relação que temos com a tecnologia”, finaliza Susana.
Marcelo Matusiak
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