A psicóloga e coordenadora do Ambulatório de Transtornos
Alimentares e Obesidade (AMBULIM) da USP,
Valeska Bassan manteve seus atendimentos à distância durante a pandemia e
tem percebido um aumento significativo na ansiedade de seus pacientes com a
aproximação de uma possível retomada da maioria das atividades presenciais no
Brasil. “As pessoas tem me procurado porque se sentem extremamente desamparadas
nesse momento da pandemia, mais do que isso, o medo tomou conta da
maioria das pessoas”, conta.
Ter medo é bom e necessário, ficamos mais alertas e
criteriosos em nossas ações e decisões, sejam elas reais ou não. Mas a verdade
é que não nos sentimos confortáveis de ter esse sentimento, embora ele seja
fundamental para a nossa sobrevivência, ainda mais em tempos de pandemia, em
que cada indivíduo é totalmente responsável pelas suas atitudes, em um cenário
que não temos controle de nada.
Aliás, a falta de perspectiva e de controle gera um
grau de ansiedade elevado, podendo em casos mais graves, levar a quadros de
crises de pânico e de depressão. “É preciso que cada um consiga avaliar o nível
desse medo de retomada das atividades e como ele pode tomar as medidas
necessárias para ficar menos exposto ao vírus”, diz Valeska.
A especialista comenta ainda que muitas vezes o medo
se torna paralisante e o indivíduo não consegue minimamente fazer atividades
simples e corriqueiras, o que ela tem visto com mais frequência em suas
consultas. Identificar os fatores que estão causando esse quadro e
confrontá-los com pensamentos racionais ajuda bastante.
Além disso, a especialista alerta para a
importância das empresas que retomarem as atividades presenciais de estarem
preparadas para receber esse “novo” funcionário, uma vez que vivemos um momento
completamente diferente que qualquer situação já vista antes. As empresas
e colaboradores precisam estar cientes de que é completamente normal
apresentarem distúrbios emocionais após esse período. E como a prevenção é
sempre o melhor remédio, não espere que os funcionários estejam apresentando os
sintomas para buscar ajuda. Faça isso antes, preventivamente. Assim, além de
manter a equipe mais tranquila e motivada, haverá um ponto de apoio
profissional.
Outra forma eficaz de combater o medo é a
informação. Por isso, reunimos uma lista de evidências científicas emergentes
sobre a transmissão do coronavírus feito pelo Center for Disease Control do
governo dos EUA para que possamos avaliar os níveis de risco de contaminação,
confiram abaixo:
Risco alto X Risco baixo
- Risco muito baixo de
transmissão a partir de superfícies;
- Risco muito baixo de
atividades ao ar livre;
- Risco muito alto de reuniões
em espaços fechados, como escritórios, locais para cultos religiosos,
salas de cinema ou teatros.
Outros dados interessantes, a carga viral
necessária para iniciar a doença é ~ 1000 partículas virais (vp)
- Respiração: ~ 20 vp / minuto
- Fala: ~ 200 vp / minuto
- Tosse: ~ 200 milhões de vp
(o suficiente pode permanecer no ar por horas em um ambiente mal ventilado)
- Espirro: ~ 200 milhões vp
- Estar próximo de alguém (com
~ 2m de distância): baixo risco se o limite for inferior a 45 minutos
- Conversando com alguém
frente a frente (com máscara): baixo risco se o limite for inferior a 4
minutos
- Alguém passando por você
andando / correndo / andando de bicicleta: baixo risco
- Espaços bem ventilados, com
distanciamento: baixo risco
- Compras: risco médio (pode
reduzir para baixo, limitando o tempo e seguindo a higiene)
- Espaços internos: alto risco
- Banheiros públicos / Áreas
comuns: Alto risco
- Restaurantes: alto risco
(pode reduzir a médio risco sentando-se ao ar livre com distanciamento e
percepção do toque na superfície)
- Locais de trabalho / escolas
(mesmo com distanciamento social): risco muito alto
- Festas / Casamentos: risco
muito alto
- Redes de negócios
/conferências: risco muito alto
- Arenas / Concertos /
Cinemas: risco muito alto
Os fatores principais que você pode usar para
calcular seu risco são:
- interior x exterior
- espaços estreitos x espaços
amplos e ventilados
- alta densidade de pessoas x
baixa densidade
- exposição mais longa x
exposição breve
Fonte:
Center for Disease Control do governo dos EUA
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