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quinta-feira, 28 de maio de 2020

Nova Guerra Fria? Tensão entre Estados Unidos e China volta a escalar



Ao final de 2019, o mercado financeiro comemorava a conclusão da primeira fase do acordo comercial entre EUA e China, dando início ao que seria o fim da guerra tarifária entre as duas maiores economias do mundo. Entre os termos acordados, havia a suspensão de novas tarifas sobre os produtos chineses e o aumento de importações de produtos agrícolas, energia e bens manufaturados americanos, compondo uma meta aproximada de US$ 200 bilhões ao longo de dois anos. Naquele momento, a atenção estava sobre os possíveis ajustes nos acordos comerciais da China com os demais países a fim de cumprir a meta acordada.

Porém, a chegada de uma pandemia fez com que as negociações da segunda rodada de acordos esfriassem e o clima entre os países voltasse a esquentar. Começando pela acusação dos EUA sobre a China, quanto a omissão de informações sobre a Covid-19 e a responsabilização pelas mortes e danos econômicos gerados pela crise conforme o aumento do número de casos. A ameaça de novas sanções ao país asiático evoluiu para a aprovação de uma legislação pelo Senado dos EUA, que pode impedir muitas empresas chinesas de listar ações em bolsas americanas ou de angariar fundos de investidores americanos. A medida trouxe à tona a expressão “Guerra Fria”, utilizada pelo senador republicano John Kennedy.

A nova lei exige que as empresas chinesas confirmem que não são de propriedade ou controladas por um governo estrangeiro, além de passarem por uma auditoria passível de revisão pelo Conselho de Supervisão Contábil de Empresa Pública, nos Estados Unidos.

Como esperado, a China se recusou a permitir que suas empresas seguissem a lei de valores mobiliários dos EUA, argumentando que a lei chinesa impede que o trabalho dos auditores seja transferido para fora do país.

Mas em meio a todo esse conflito, alguns setores brasileiros podem se beneficiar caso a China abandone a meta de importação acordada com os EUA. É o caso do setor agrícola, com destaque para a carne e a soja brasileira. As empresas listadas na B3 - BR Foods (BRFS3), Marfrig (MRFG3) e Minerva (BEEF3) - são as que devem sentir o maior efeito sobre os preços das ações mediante a esse cenário.




Ernani Reis - analista da Capital Research


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