Estamos vivendo uma revolução tecnológica incrível
e irreversível. Os aparatos tecnológicos já mudaram a nossa forma de viver e de
nos relacionarmos. E isso, sem sombra de dúvidas, é bom. A ciência e as
inovações trazem progressos expressivos para a humanidade.
Se pararmos para pensar em como nossa vida se
modificou não precisamos ir muito longe para identificar uma grande mudança.
Basta levar a mão até nosso celular (que cada vez mais se tornou essencial e,
por vezes, se confunde com um membro da família ou com um braço de alguém) e
clicar em uma das mídias digitais que, Voilá... Falamos por vídeo conferência
com um parente distante, mandamos uma mensagem para a o Japão ou apenas ouvimos
uma boa música.
Esse aparelho ao nosso alcance, assim como outros
tantos dispositivos, estreitou vínculos, encurtou caminhos (literalmente,
bastando para isso usarmos o Waze, por exemplo) e permitiu acesso a
“mundos” antes não acessíveis.
Mas, como toda moeda tem dois lados, precisamos
fazer algumas reflexões sobre o impacto dessas mudanças em nossas vidas e,
principalmente, em nossas emoções. Digo isto, porque essas mesmas
transformações que nos trazem tantos benefícios, parecem estar também adoecendo
pessoas. Tudo está acontecendo rápido demais e nossa adaptação não está
seguindo o mesmo ritmo acelerado.
Com tantos progressos e inovações tecnológicas à
disposição, nós nunca adoecemos tanto emocionalmente! Quem nunca ouviu falar de
um colega de trabalho com algum transtorno emocional? Ou quem nunca se espantou
ao perceber a quantidade enorme amigos que tomam alguma medicação psiquiátrica?
Você conhece as estatísticas brasileiras somente
para casos de depressão e ansiedade? Somos quase 10% da população (e isso sem
contar outros tantos que estão fora das estatísticas) sofrendo com transtornos
de humor. Há estimativas que apontam para um número alarmante: cerca de 25% dos
brasileiros empregados sofrem com transtornos de ansiedade.
Isso me faz pensar que algo de muito estranho está
acontecendo. E eu não estou dizendo que a culpa é da tecnologia, de forma
alguma. Minha reflexão é apenas sobre o como temos sido humanos diante de
tamanha transformação tecnológica.
Será que estamos cuidando de nossas emoções?
Estamos aprendendo a utilizar nossa “tecnologia” emocional? Para onde estamos
nos levando?
Bem, nossa vida emocional existe e ponto (querendo
acreditar nisso ou não)! Como o próprio nome diz, emoção é algo que nos move, é
algo real dentro de nós e vai nos “mover” mesmo que não demos a menor atenção
para ela. E esse aparato psicológico que regula nossas emoções é uma tecnologia
de ponta, de primeiríssima qualidade. Mas, tantas vezes, subutilizada. É triste
ver pessoas sofrendo enfermidades da alma ou simplesmente não sabendo lidar com
os sentimentos, quando na verdade, uma vida emocional equilibrada (assim como
toda tecnologia bem utilizada) pode trazer inúmeros benefícios e crescimentos
pessoais.
Se quisermos sair das tristes estatísticas que
colocam o Brasil em primeiro lugar no ranking dos oprimidos emocionalmente,
precisamos mudar a forma como estamos olhando para nossas emoções e vivendo
nossas vidas desgarrados do entendimento delas. É totalmente possível ser
alguém mais “evoluído” (um ser humano do tipo hightech) emocionalmente. Mas, isso só vai acontecer quando usarmos
a tecnologia externa a nosso favor, quando utilizarmos toda inovação para
alimentar positivamente nosso “HD interno”. E, para tanto, precisamos voltar um
pouquinho para nossa essência e nos aproximarmos de nossos amores. Precisamos
usar a tecnologia para organizar nossas vidas e não para sermos reféns dela.
Precisamos, mesmo, tentar substituir a mão ocupada por um dispositivo (qualquer
que seja este) por uma boa xícara de café ou uma taça de vinho, desfrutadas na
companhia de pessoas queridas e, se possível, admirando uma linda lua cheia.
Conte comigo e até a próxima.
Silvia Queiroz - Psicóloga Clínica, Especialista em Gestão Estratégica de
Pessoas, Mestre em Teologia, Coach e Analista DISC pela SLAC, Escritora,
Palestrante e Membro Toastmasters Internacional. www.silviaqueiroz.com.br
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