No exterior, as bolsas asiáticas fecharam sem
direção única nesta quarta-feira, com investidores atentos aos desdobramentos
da pandemia de coronavírus.
Nos dois pregões anteriores, a região asiática teve
ganhos generalizados em meio a sinais recentes de desaceleração do coronavírus
em várias partes do mundo, tanto em número de casos quanto de mortes. O fim da
pandemia, no entanto, parece ainda estar bem distante.
No Japão, o governo declarou ontem estado de
emergência por um mês na região metropolitana de Tóquio e em outras áreas
populosas.
Já a cidade chinesa de Wuhan, onde o surto de
coronavírus teve início, saiu da quarentena depois de 11 semanas. A China
registrou ontem duas novas mortes pela doença, elevando o total acumulado de
óbitos para 3.333.
A situação continua preocupante, principalmente nos
Estados Unidos, que têm quase 380 mil infectados por coronavírus e mais de 12
mil mortos, e também na Europa, embora haja indícios de desaceleração da
covid-19 em vários países da região.
Na Europa, o tom segue o da Ásia, e as bolsas da
região caem. Pesa também localmente o fracasso do Eurogrupo em obter uma
resposta conjunta ao coronavírus. O encontro virtual de ministros de Finanças
da zona do euro será retomado amanhã, após o debate ter varado a madrugada.
Acentuou-se o mau humor do mercado um dado da
Espanha nesta manhã mostrando que houve uma retomada do aumento diário de
registros de COVID-19 no país. A interpretação imediata dos investidores é a de
que o achatamento da curva poderá levar mais tempo e, portanto, que as medidas
de quarentena não serão aliviadas tão cedo, mantendo os impactos sobre a
economia.
No Reino Unido, a expectativa é a de que a doença no país entre em sua pior fase a partir de agora, enquanto o primeiro-ministro Boris Johnson, que foi contaminado, segue na UTI para monitoramento. O jornal Daily Mail trouxe há pouco que Downing Street informou que os planos de quarentena no país não serão revisado na segunda-feira, como previsto, já que a expectativa para o pico da doença está a uma semana e meia de ocorrer, mas os ministros teriam sugerido que as escolas poderão reabrir depois da Páscoa.
Na agenda do dia externa, destaque para a entrevista coletiva da Organização Mundial do Comércio (OMC), às 10 horas de Brasília, e para a ata da reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), de 15 de março.
No Brasil, o destaque da agenda doméstica desta
manhã fica para a Pesquisa Mensal de Serviço (PMS) que caiu 1,0% na comparação
contra janeiro na série ajustada sazonalmente. Em relação ao mesmo período do
ano anterior o avanço 0,7%. Além da agenda fica no radar a participação do
presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em transmissão ao vivo do
banco Credit Suisse.
Também o quadro local da pandemia e a corrida de
trabalhadores “invisíveis” em busca do socorro emergencial de R$ 600 à Caixa
ficam no radar.
Sobre o avanço do coronavírus no Brasil, houve 111
mortes pela doença em um único dia, o que elevou o total de vítimas fatais no
País para 667 e o número de infectados, para 13.717. Ainda assim, o ministro
Luiz Henrique Mandetta passou a admitir um afrouxamento na quarentena e a
aplicação da cloroquina ou hidroxicloroquina para tratamento de casos leves e
moderados da doença em meio à pressão contra o isolamento social pelo Palácio
do Planalto. Mandetta disse que as instruções são para que as regiões troquem o
isolamento amplo pelo isolamento seletivo (restrito a pessoas dos grupos de
risco) se menos da metade da capacidade de atendimento de saúde tiver sido
comprometida.
Já a demanda pelo auxílio emergencial de R$ 600 na
Caixa chegou a 18,3 milhões no primeiro dia do programa, sendo que 38% deles
optaram pelo recebimento via poupança digital. A dúvida é se haverá dinheiro
suficiente para atender todo o contingente de inscritos. A Caixa calcula que o
dinheiro reservado a esse grupo, de R$ 25 bilhões, só cobre três parcelas de R$
600 para um contingente de cerca de 13,8 milhões de pessoas. No entanto, o
ministério da Cidadania anunciou que são de 15 milhões a 20 milhões o número de
pessoas que se enquadram nessa categoria. Além dos recursos para essa
categoria, outros R$ 43,71 bilhões serão destinados a beneficiários do Bolsa
Família e R$ 29,43 bilhões para pessoas inseridas no Cadastro Único de
programas sociais, totalizando R$ 98,2 bilhões no auxílio emergencial até
agora.
Rafael G.
Cardoso - economista-chefe
Antônio
Castro - analista econômico
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