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terça-feira, 7 de abril de 2020

Levantamento aponta que apenas 15,6% dos cirurgiões de trauma se sentem seguros para atender na pandemia


Falta de EPI´s é um dos principais motivos; 64% dos cirurgiões estão com dificuldades de acesso aos EPI´s nos seus hospitais


Um levantamento feito pela SBAIT (Sociedade Brasileira de Atendimento Integrado ao Traumatizado) com 212 cirurgiões de trauma de todas as regiões do Brasil, de hospitais públicos e privados, aponta que apenas 15,6% deles se sentem seguros para prestar atendimento às vítimas de trauma dentro do cenário da pandemia. Entre os motivos, está a falta de EPI´s (Equipamentos de Proteção Individual), fundamentais para evitar a contaminação dos profissionais de saúde.

De acordo com a pesquisa, 64% dos cirurgiões que participaram relatam ter dificuldade para acesso a EPI´s nos hospitais que trabalham. “Os dados apontam enquanto as luvas estão disponíveis para praticamente todos os cirurgiões, os aventais impermeáveis, por exemplo, só estão disponíveis para 39% daqueles que atendem os doentes traumatizados”, explica o presidente da SBAIT, Tércio de Campos, que também é cirurgião do Trauma. O face shield (aquela proteção plástica para o rosto) é outro material em falta para a maioria. Apenas, 29,7% têm acesso. “A máscara N95, que é a mais segura para procedimentos cirúrgicos e deveria estar à disposição de todos, também só chega a 57,08% dos cirurgiões entrevistados”, revela Campos.

Segundo ele, a preocupação com os cirurgiões de trauma é grande porque os casos de trauma e de urgência e emergência não param. “Muitas vezes, o paciente está desacordado para nos responder se tem algum sintoma da COVID-19.  Nós também lidamos com casos urgentes, que nos obrigam a um atendimento rápido. Temos, ainda, os pacientes assintomáticos, mas que estão contaminados. Soma-se a isso a falta de testes nos hospitais... Então, a equipe médica fica muito vulnerável e, na ausência de informações seguras de que o paciente não tem o vírus, todos precisam ser tratados como um caso suspeito. Por isso, precisamos ter EPI´s para nosso trabalho”, afirma o cirurgião.

Outro dado que merece destaque no levantamento é que apenas 46,7% dos médicos que responderam à pesquisa afirmam que fazem cirurgias com todos os equipamentos de proteção recomendados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância em Saúde). “Isso demonstra a nossa vulnerabilidade nos prontos-socorros. O fato é que tudo ainda é muito novo. Desde o anúncio da pandemia, a SBAIT está fazendo duas reuniões semanais, via telemedicina, com cirurgiões de várias regiões do Brasil e do exterior, para discutir protocolos e entender a situação nos serviços hospitalares. A troca de informação é muito importante neste momento”, reforça Campos.

O cirurgião destaca que, diante das dificuldades de equipar hospitais e adquirir EPI´s para os profissionais de saúde, é fundamental que seja mantido o isolamento social. “Sabemos que esta não é a realidade de todo mundo, que muita gente precisa sair para trabalhar. Mas quem pode, deve ficar em casa”, afirma. “Outro ponto importante é o uso de máscara. Muitas pessoas têm dúvidas sobre as máscaras de tecido. Para a população em geral, se todos usarem, ela é eficiente. Portanto, fazemos um apelo à população: utilizem as máscaras feitas em casa, tem muitos vídeos circulando, inclusive no Ministério da Saúde, que ensinam a fazê-las. Não comprem máscaras destinadas às equipes de saúde. Precisamos delas para atender a população”, diz.





SBAIT - Sociedade Brasileira de Atendimento Integrado ao Traumatizado

 

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