Falta de EPI´s é
um dos principais motivos; 64% dos cirurgiões estão com dificuldades de acesso
aos EPI´s nos seus hospitais
Um levantamento feito pela SBAIT (Sociedade
Brasileira de Atendimento Integrado ao Traumatizado) com 212 cirurgiões de
trauma de todas as regiões do Brasil, de hospitais públicos e privados, aponta
que apenas 15,6% deles se sentem seguros para prestar atendimento às vítimas de
trauma dentro do cenário da pandemia. Entre os motivos, está a falta de EPI´s
(Equipamentos de Proteção Individual), fundamentais para evitar a contaminação
dos profissionais de saúde.
De acordo com a pesquisa, 64% dos cirurgiões que
participaram relatam ter dificuldade para acesso a EPI´s nos hospitais que
trabalham. “Os dados apontam enquanto as luvas estão disponíveis para
praticamente todos os cirurgiões, os aventais impermeáveis, por exemplo, só
estão disponíveis para 39% daqueles que atendem os doentes traumatizados”,
explica o presidente da SBAIT, Tércio de Campos, que também é cirurgião do
Trauma. O face shield (aquela proteção plástica para o rosto) é outro material
em falta para a maioria. Apenas, 29,7% têm acesso. “A máscara N95, que é a mais
segura para procedimentos cirúrgicos e deveria estar à disposição de todos,
também só chega a 57,08% dos cirurgiões entrevistados”, revela Campos.
Segundo ele, a preocupação com os cirurgiões de
trauma é grande porque os casos de trauma e de urgência e emergência não param.
“Muitas vezes, o paciente está desacordado para nos responder se tem algum
sintoma da COVID-19. Nós também lidamos com casos urgentes, que nos
obrigam a um atendimento rápido. Temos, ainda, os pacientes assintomáticos, mas
que estão contaminados. Soma-se a isso a falta de testes nos hospitais...
Então, a equipe médica fica muito vulnerável e, na ausência de informações
seguras de que o paciente não tem o vírus, todos precisam ser tratados como um
caso suspeito. Por isso, precisamos ter EPI´s para nosso trabalho”, afirma o
cirurgião.
Outro dado que merece destaque no levantamento é
que apenas 46,7% dos médicos que responderam à pesquisa afirmam que fazem
cirurgias com todos os equipamentos de proteção recomendados pela Anvisa
(Agência Nacional de Vigilância em Saúde). “Isso demonstra a nossa
vulnerabilidade nos prontos-socorros. O fato é que tudo ainda é muito novo.
Desde o anúncio da pandemia, a SBAIT está fazendo duas reuniões semanais, via
telemedicina, com cirurgiões de várias regiões do Brasil e do exterior, para
discutir protocolos e entender a situação nos serviços hospitalares. A troca de
informação é muito importante neste momento”, reforça Campos.
O cirurgião destaca que, diante das dificuldades de
equipar hospitais e adquirir EPI´s para os profissionais de saúde, é
fundamental que seja mantido o isolamento social. “Sabemos que esta não é a
realidade de todo mundo, que muita gente precisa sair para trabalhar. Mas quem
pode, deve ficar em casa”, afirma. “Outro ponto importante é o uso de máscara.
Muitas pessoas têm dúvidas sobre as máscaras de tecido. Para a população em
geral, se todos usarem, ela é eficiente. Portanto, fazemos um apelo à
população: utilizem as máscaras feitas em casa, tem muitos vídeos circulando, inclusive
no Ministério da Saúde, que ensinam a fazê-las. Não comprem máscaras destinadas
às equipes de saúde. Precisamos delas para atender a população”, diz.
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