Dr. Claudio
Basbaum, ginecologista e obstetra, fala sobre alguns cuidados necessários para
evitar contaminação nos dias de folia
O Carnaval é um período de festas e de grande apelo
sexual, onde as pessoas abusam de bebidas alcoólicas e deixam de lado o uso de
métodos contraceptivos durante as relações sexuais. Com isso, aumentam os
riscos para a transmissão das doenças sexualmente transmissíveis (DST) nessa
época do ano. Causadas por vírus e bactérias, as DSTs são transmitidas,
principalmente, durante o ato sexual sem proteção com uma pessoa infectada. O
resultado é o aparecimento de feridas, corrimentos, bolhas e verrugas, que
podem evoluir para complicações mais graves como câncer e até a morte. Por essa
razão é recomendado, além da prevenção, o diagnóstico e o tratamento mais
rápido possível.
O ginecologista e obstetra Claudio Basbaum elaborou
cinco medidas de segurança para você adotar no carnaval.
1 – Use camisinha - Usar a
camisinha além de evitar a gravidez indeseja, durante as relações sexuais e
inclusive durante o sexo oral previne a contaminação não só da aids, como
também hepatite; gonorreia; herpes; sífilis; tricomoníase; candidíase;
cancro mole. Além de evitar a gravidez indesejada, previne a .
2 – Evite contato com vasos sanitários -
No Carnaval, os banheiros públicos costumam receber um número muito grande de
foliões. Por isso, evite contato com os assentos dos sanitários e lave as mãos
corretamente antes e depois do uso. Esses cuidados previnem o contágio de
várias doenças infecciosas.
3 – Não compartilhe objetos pessoais e roupas
íntimas- É muito comum nesta época compartilhar copos,
toalhas, roupas de banho, nas viagens com família e amigos. A prática também
pode causar contaminação de diversas doenças transmissíveis, inclusive pela
saliva.
4 – Não fique com trajes de banho úmidos por tempo
muito longo- Doenças fúngicas, como a candidíase, se
proliferam em ambientes úmidos e quentes. O ideal é tomar banho logo após a
praia ou piscina e vestir roupas secas.
5 - Evite beijar pessoas
desconhecidas- O beijo transmite doenças como herpes
labial, gengivite, cárie, candidíase, mononucleose, entre outros. Se a boca
estiver ferida, ainda há risco da transmissão do vírus da aids, entre outros.
Saiba mais sobre as DSTs
Qual é a diferença entre
candidíase genital e tricomoníase?
A Candidíase genital é um tipo de micose que
atinge os genitais da mulher (e às vezes, também dos homens) provocada por
fungos ou leveduras. Um dos seus sintomas é um corrimento que tem aspecto de
leite talhado, que provoca coceira, tanto na vulva quanto na vagina, e é
provocado por um fungo existente no sistema gastrointestinal chamado Cândida
albicans — o mesmo que causa aftas e sapinhos na boca dos bebês. Em
geral, está relacionada a uso de antibióticos, estresse, queda da imunidade e a
alimentação desequilibrada ou com muito açúcar. Já a tricomoníase é causada por
um parasita, trichomonas vaginalis, e geralmente é transmitido por contato
sexual, podendo haver também contaminação através de assento de vaso sanitário,
roupa íntima e toalhas úmidas contaminas. Pode não provocar sintomas ou então
apresentar corrimento amarelo-esverdeado com odor genital desagradável.
Herpes tem cura?
Não. Uma vez infectado, não há como se livrar do
vírus, sendo apenas possível reduzir as chances dele manifestar clinicamente as
lesões, mantendo uma boa higiene local, boa alimentação, cuidando da imunidade
do corpo e evitando o estresse e a promiscuidade sexual. São
lesões com aspecto circular constituída por pequenas bolhas que se rompem
causando irritação e dor local. Seu ciclo dura cerca de 7 a 10 dias e é nesta
fase aguda que se faz a transmissão do vírus.
DST pode causar infertilidade?
Sim. A Gonorreia, por exemplo, é uma infecção que
atinge o colo do útero, altamente contagiosa, causada por bactéria (Gonococo)
que geralmente quase não provoca sintomas, mas que pode causar infertilidade se
não for tratada. A Clamídia também é uma doença que atinge o colo do útero e
traz esse risco. Ambas devem ser tratadas com antibióticos e muitas vezes estão
presentes simultaneamente.
DST pode virar câncer? Sim.
A HPV (papilomavírus humano) pode levar ao
desenvolvimento de câncer do colo do útero. Ela é considerada uma das
principais doenças sexualmente transmissíveis. Estima-se que de 50 a 75% dos
homens e mulheres sexualmente ativos entrem em contato com um ou mais tipos de
HPV em algum momento de suas vidas. Em cerca de 20% pode haver regressão
espontânea das lesões, mas não devemos negligenciar com o tratamento, evitando
a disseminação local e o potencial de transmissão. Há vários tratamentos
locais, feitos com substâncias ácidas ou com laser, cuja margem de sucesso
varia de 50% a 75% — não sendo entretanto incomum o reaparecimento das lesões.
A Hepatite C também pode desenvolver o câncer. Extremamente infecciosa, ela
pode evoluir para uma forma crônica, com chances de levar à falência do fígado,
além de causar cirrose e câncer no fígado.
Uma grávida pode passar DST
para o bebê?
Sim. As DSTs se não forem tratadas podem passar da
mãe para o feto e, também durante a amamentação, causando sérias complicações —
e até levar à morte do mesmo. Sífilis, AIDS e Hepatite B são as principais
doenças que podem ser transmitidas.
Há vacinas disponíveis para
prevenção de DST?
Sim, já existem vacinas para Hepatite B e HPV. As
vacinas para o HPV, aplicadas em 2 ou 3 doses, têm sido preconizadas para
jovens desde os 9 até os 28 anos e oferecem imunidade por 5 a 6 anos.
Dr. Claudio
Basbaum - médico, com especialização na Universidade de Paris, França. Professor-Doutor em Ginecologia e Obstetrícia,
pioneiro da laparoscopia no Brasil (1967), defensor de técnicas menos
agressivas à mulher e ao bebê (como o parto de cócoras ou "Parto das
Índias"), foi introdutor do Parto Leboyer (o "Nascimento sem
Violência") e da técnica Shantala de massagem para bebês no Brasil .
www.claudiobasbaum.med.br
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