Opinião
Médico do esporte, associado da AMRIGS, Cláudio Machado da
Silveira
As altas temperaturas, o sol escaldante e o clima abafado
resultam em um cenário absolutamente adverso para prática de esportes. É um
adversário a mais que as equipes que disputam o Campeonato Gaúcho enfrentam.
Enquanto a bola rola, os jogadores são submetidos a um calor que chegou em 2019
a registrar marcas impressionantes como a de 65° graus no gramado, em medição
no estádio do São José, no Passo da Areia, em Porto Alegre. Paradas técnicas e
constante hidratação são só alguns dos cuidados que se deve ter quando é
exercida a prática esportiva sobre essas condições. A medida vale para os
jogadores profissionais, mas também para os peladeiros de final de semana ou
ainda mais com criança. É indispensável ter muito cuidado.
A exposição ao calor durante o exercício pode ocasionar
problema
s como irritação/queimadura da pele, e principalmente alterações
relacionadas ao aumento significativo da temperatura corporal (hipertemia) e
perda de líquido corporal (desidratação). Alguns fatores são determinantes para
que ocorram tais eventos. São eles: exposição à luz solar direta ou
indiretamente, sua intensidade e duração, umidade relativa do ar, temperatura e
ventilação do ambiente. Além disso, características genéticas do indivíduo,
condicionamento físico, treinamento e aclimatação (capacidade de adaptação ao
estresse ambiental), também contribuem.
Quando ocorre desidratação e hipertermia, esta combinação pode
afetar o sistema cardiovascular. Quando associada a sintomas neurológicos
(vertigem, perda de coordenação) gera exaustão ao calor. Caso o processo
perdure, o quadro clínico do atleta pode piorar (desorientação e confusão
mental) e evoluir para uma intermação e em casos extremos até para o coma e a
morte.
O ser humano possui um sistema de manutenção das funções
orgânicas (homeostase), incluindo a temperatura corpórea que ajuda a manter uma
temperatura média corporal de 36° a 39° C, através do mecanismo de
termorregulação, comandada pelo sistema neuro-hormonal e cardiovascular
principalmente.
Nosso corpo não é uma máquina, e por isso, para evitar
complicações torna-se importante o uso de protetores, quando possível
(vestimenta com proteção UV, bonés, protetor solar), hidratação com consumo de
água, fundamentalmente, evitar os horários de maior intensidade solar e de
calor, entre outras intervenções. Convém reforçar, ainda, a importância do
planejamento para a prática esportiva. É primordial para superar as
adversidades ocasionadas pelo calor contar com uma equipe profissional com
formação e experiência, incluindo uma avaliação médica pré-exercício. Essas
medidas vão minimizar os riscos ao atleta e possibilitar o seu melhor
desempenho.
Cláudio Machado da Silveira - Médico do esporte, associado da
AMRIGS, Cláudio Machado da Silveira
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