O medo da agulha é uma barreira documentada à imunização em crianças e
adultos
Ajudar adultos e
crianças a superar o medo de agulhas pode trazer benefícios significativos à
saúde pública. É o que defendem os especialistas em dor canadenses. Assim como
acontece no mundo todo, o Canadá sofre hoje uma queda em suas taxas de
vacinação. Cerca de 8% dos canadenses relatam que sua hesitação se deve ao medo
de agulhas. Portanto, se as autoridades de saúde conseguirem resolver esse
problema, é possível vacinar cerca de 8% mais pessoas, o que é um contingente
enorme.
“O medo de agulha exagerado se trata de
uma fobia real e afeta de 3% a 10% da população mundial. O problema
tem até um nome: ‘aicmofobia’, e diz respeito àqueles que sentem um tipo
de medo irracional por agulhas, alfinetes, injeções, seringas e
assim por diante. A fobia faz com que as pessoas, conscientemente,
evitem vacinas contra a gripe ou deixem de tomar vacinas necessárias para
viagens ao exterior”, informa o pediatra homeopata, Moises
Chencinski.
Um estudo canadense
revelou que 24% dos pais e 63% das crianças relataram medo de agulhas.
Esse foi o principal motivo da não adesão à imunização para 7% e 8% dos pais e
filhos, respectivamente. Uma revisão americana
mais recente mostrou que a vacinação contra influenza foi evitada, por medo de
agulha, em 16% dos pacientes adultos, 27% dos funcionários do hospital,
18% dos trabalhadores em instituições de longa permanência e 8% dos
profissionais de saúde nos hospitais.
O medo de agulhas começa na infância
“A fobia de agulha
geralmente começa com uma única experiência ruim ou uma série de experiências
más quando criança. A memória da dor pode ficar registrada e tornar o processo
mais complicado pelo resto da vida”, explica o pediatra.
Todas as crianças
sentem dor. A maioria delas receberá aproximadamente 20 vacinas antes dos cinco
anos de idade. Os prematuros hospitalizados e os recém-nascidos doentes passam
por cerca de 6 a 16 procedimentos dolorosos por dia.
A dor tem
consequências. É perturbadora para a criança e para os pais, e pode trazer
reflexos em longo prazo, como a fobia de agulha, se a dor não for tratada ou
controlada. Os pais podem transmitir seu próprio medo de
agulhas ou piorar a dor de uma criança recebendo algum tipo
de tratamento durante a primeira infância. Eles desempenham um papel
fundamental na ansiedade desenvolvida por uma criança quando ela lida com um
evento doloroso. Podem potencializar essa dor ou amenizá-la apropriadamente.
“Os pais precisam ser
incentivados a permanecerem calmos e positivos quando seus filhos são
submetidos a procedimentos com agulhas, como a vacinação, enquanto reconhecem o
que está acontecendo de maneira honesta. Não é apropriado minimizar a
experiência ou incentivar a criança a resistir a ela”, afirma o pediatra Moises
Chencinski.
Conforto e distração realmente funcionam
Tanto os
profissionais de saúde quanto os pais podem usar métodos testados para
minimizar a dor nos bebês e nas crianças, realizando ações como:
- Aplicar creme anestésico na pele, antes da realização do procedimento com agulha;
- Segurar o bebê, favorecendo o contato pele a pele, no colo dos pais;
- Amamentar durante e após um procedimento doloroso;
- Embrulhar o bebê numa cobertinha para fazê-lo se sentir seguro.
“Os profissionais de
saúde nem sempre estão cientes das novas evidências ou podem não ser capazes de
efetivamente colocá-las em prática devido à falta de tempo, recursos ou know-how,
mas os pais devem se sentir confiantes, solicitando medidas de controle
da dor para seu filho e participando das estratégias reconfortantes”, orienta o
pediatra.
Distração também é
fundamental: sinos, brinquedos e bolhas funcionarão para bebês, enquanto
conversas animadas, vídeos, músicas e videogames são úteis para crianças mais
velhas. Estudos sobre o emprego de robôs nas emergências e sobre o uso de
óculos de realidade virtual para determinar se eles podem fazer com que as crianças
se sintam mais seguras e menos angustiadas durante os procedimentos estão sendo
conduzidos.
São ainda poucos os
estudos feitos para testar as medidas que podem proporcionar conforto e
distração aos adultos que têm medo de agulhas, mas a pesquisa existente sugere
fazer respiração profunda e outros exercícios de relaxamento, além de terapia
de dessensibilização com um psicólogo.
“Se a dor é a razão
para que tantas crianças e adultos não sejam vacinados, gerenciá-la de maneira
mais eficaz pode ser uma das propostas para aumentar as taxas de vacinação”,
defende o pediatra.
Moises Chencinski.
Instagram: @doutormoises
Facebook: @doutormoises.chencinski
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