Sem as áreas naturais, insetos se proliferam
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Temperaturas altas
e pluviosidade são fatores que contribuem com a proliferação dos mosquitos
transmissores de doenças. Somente em 2019, mais de 2,7 milhões de casos de
dengue foram registrados na América Latina
O gradual aumento da temperatura no planeta traz
inúmeras consequências de grande impacto ambiental, do derretimento das
geleiras polares e aumento do nível oceânico a fenômenos de desertificação,
intensificação de queimadas e proliferação de vetores de doenças. Segundo
declaração da Organização Mundial de Meteorologia (OMM), na Conferência da ONU
sobre o Clima (COP25), a temperatura média global em 2019, entre os meses de
janeiro e outubro, foi cerca de 1,1ºC superior a do período pré-industrial. A
elevação está próxima ao limite do Acordo de Paris, que estabelece manutenção
da temperatura média da Terra a 1,5ºC acima do patamar anterior à
industrialização.
O relatório “Contagem regressiva sobre a saúde e as
mudanças climáticas”, publicado na revista The Lancet, destaca que o aquecimento
global promove a expansão dos mosquitos responsáveis pela transmissão da dengue,
oferecendo um ambiente quente e de chuvas, propício à reprodução dos insetos. O
documento, feito em parceria com 35 instituições, entre elas a Organização
Mundial da Saúde (OMS), revela que a pluviosidade aumenta a quantidade de
criadouros aptos para o desenvolvimento das larvas dos mosquitos e gera
condições ambientais apropriadas para o alastramento dos insetos já adultos.
Somente em 2019, mais de 2,7 milhões de casos de dengue foram registrados em
solo latino-americano, concentrados principalmente no Brasil, com 1.544.987
casos prováveis da doença notificados no ano passado.
“Os impactos da crise climática que vivemos são
inúmeros e cada vez mais fáceis de serem percebidos. A criação de condições
propícias à proliferação dos mosquitos causadores da dengue e outras doenças,
como zika, chikungunya e febre amarela, também está interligada a esse processo
de aquecimento. O aumento da temperatura somado ao desmatamento e à expansão
desordenada das áreas urbanas também estão associados à migração dos animais
para as cidades. As chuvas intensas e a falta de fiscalização dos ambientes
urbanos facilitam a formação de criadouros do mosquito”, explica o coordenador
de Projetos Ambientais da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza,
Emerson Antonio de Oliveira.
Durante o encontro em Madri, a COP25 trouxe um
plano de ação climática atualizado para que os países alcancem os objetivos de
diminuição da emissão global de gases de efeito estufa entre 2020 e 2030.
Oliveira aponta a importância de estratégias de controle e a necessidade de um
planejamento principalmente nas cidades com perfil climático propício à
reprodução do mosquito. “É importante e necessário o desenvolvimento de
estratégias de controle desses insetos nos centros urbanos e, paralelamente, um
plano nacional que busque mitigar os impactos climáticos nas diversas regiões
do Brasil”, afirma o coordenador.
Fundação
Grupo Boticário
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