Um a cada 4.500 passageiros pode apresentar trombose.
Parece pouco, mas é mais comum do que se imagina e pode ser fatal.
O jet lag está
entre as principais queixas de passageiros que fazem longos trajetos de avião.
Mas não é só a desregulagem do relógio biológico que pode ocorre durante as viagens.
Problemas mais graves de saúde como o tromboembolismo venoso (TEV) também podem
ser desencadeados nestas situações.
O TEV é a
combinação de duas doenças: a trombose venosa profunda (TVP) e a embolia
pulmonar (EP). A trombose venosa profunda é causada pela formação de coágulos
no interior das veias, que geralmente ocorre nos membros inferiores do corpo,
enquanto a embolia pulmonar é a obstrução das artérias do pulmão causada pela
formação de coágulos (trombo).
“Ao ficar muito
tempo sentado, o risco de sofrer uma embolia pulmonar aumenta
consideravelmente. Permanecer na mesma posição durante todo o trajeto acaba
sendo gatilho para a ocorrência dessas doenças”, alerta Elie Fiss,
pneumologista e pesquisador sênior do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
Estudos
realizados na Holanda, pelo Departamento Clínico de Epidemiologia da Leiden University
Medical Center, e pelo Departamento de Hematologia da Academic Medical Center
mostram que os casos de TEV, na maioria das vezes, ocorrem nas duas primeiras
semanas após a aterrisagem. E atenção: o risco permanece por cerca de um mês.
Além disso, uma
metanálise com 14 estudos publicada no "Annals of Internal Medicine"
por pesquisadores da Escola de Saúde Pública de Harvard envolvendo 4.055
episódios de TVP, aponta que, em viagens longas, a probabilidade desses quadros
acontecerem é quase três vezes maior do que em curtos trechos; o que pode
acometer um a cada 4.500 passageiros.
Fatores de risco
e prevenção
O simples fato de
entrar em um avião e seguir horas sentado em uma poltrona dificilmente poderá
acarretar em um desses quadros médicos. Mas, alguns fatores de risco combinados
com a viagem podem potencializar essa probabilidade. “Gravidez, o uso contínuo
de anticoncepcionais, quadros crônicos de varizes, obesidade, tabagismo, além
de distúrbios de coagulação do sangue contribuem para o desenvolvimento do
tromboembolismo”, explica. Quando tais quadros são associados a viagens de mais
de três horas de avião, a condição pode se complicar, e ocorrer a migração de
coágulos ao pulmão, a embolia pulmonar. Se não tratado rapidamente, pode ser
fatal.
Alguns sintomas
do tromboembolismo são edemas (inchaços) nos membros inferiores, falta de ar
e/ou dor torácica.
E mais: um estudo realizado em 2016 pela
American Society of Hematology com funcionários de grandes corporações que
viajavam regularmente demonstrou que o risco de TEV pode aumentar em até 20
vezes em passageiros que foram submetidos a cirurgia recentemente, e em até 18
vezes em passageiros com diagnóstico de câncer ativo.
Portanto, quem
tem fatores de risco, passou por cirurgia recentemente ou foi diagnosticado com
câncer e vai fazer viagem aérea deve ter cuidados especiais para minimizar as
chances de sofrer embolia.
Para evitar o
evento, o pneumologista tem algumas recomendações para os passageiros. São
elas: “Beba bastante água a fim de evitar que o sangue fique concentrado
(engrosse), ande pelos corredores do avião e alongue-se antes, durante e depois
da viagem”, explica. De acordo com Elie Fiss, o uso de meias de compressão
durante os voos longos é outro cuidado importante que pode ajudar na prevenção
do problema.
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