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quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Trombose venosa e viagens aéreas de longa distância


 Um a cada 4.500 passageiros pode apresentar trombose.
Parece pouco, mas é mais comum do que se imagina e pode ser fatal.


O jet lag está entre as principais queixas de passageiros que fazem longos trajetos de avião. Mas não é só a desregulagem do relógio biológico que pode ocorre durante as viagens. Problemas mais graves de saúde como o tromboembolismo venoso (TEV) também podem ser desencadeados nestas situações.

O TEV é a combinação de duas doenças: a trombose venosa profunda (TVP) e a embolia pulmonar (EP). A trombose venosa profunda é causada pela formação de coágulos no interior das veias, que geralmente ocorre nos membros inferiores do corpo, enquanto a embolia pulmonar é a obstrução das artérias do pulmão causada pela formação de coágulos (trombo).

“Ao ficar muito tempo sentado, o risco de sofrer uma embolia pulmonar aumenta consideravelmente. Permanecer na mesma posição durante todo o trajeto acaba sendo gatilho para a ocorrência dessas doenças”, alerta Elie Fiss, pneumologista e pesquisador sênior do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

Estudos realizados na Holanda, pelo Departamento Clínico de Epidemiologia da Leiden University Medical Center, e pelo Departamento de Hematologia da Academic Medical Center mostram que os casos de TEV, na maioria das vezes, ocorrem nas duas primeiras semanas após a aterrisagem. E atenção: o risco permanece por cerca de um mês.

Além disso, uma metanálise com 14 estudos publicada no "Annals of Internal Medicine" por pesquisadores da Escola de Saúde Pública de Harvard envolvendo 4.055 episódios de TVP, aponta que, em viagens longas, a probabilidade desses quadros acontecerem é quase três vezes maior do que em curtos trechos; o que pode acometer um a cada 4.500 passageiros.


Fatores de risco e prevenção

O simples fato de entrar em um avião e seguir horas sentado em uma poltrona dificilmente poderá acarretar em um desses quadros médicos. Mas, alguns fatores de risco combinados com a viagem podem potencializar essa probabilidade. “Gravidez, o uso contínuo de anticoncepcionais, quadros crônicos de varizes, obesidade, tabagismo, além de distúrbios de coagulação do sangue contribuem para o desenvolvimento do tromboembolismo”, explica. Quando tais quadros são associados a viagens de mais de três horas de avião, a condição pode se complicar, e ocorrer a migração de coágulos ao pulmão, a embolia pulmonar. Se não tratado rapidamente, pode ser fatal.

Alguns sintomas do tromboembolismo são edemas (inchaços) nos membros inferiores, falta de ar e/ou dor torácica.

E mais: um estudo realizado em 2016 pela American Society of Hematology com funcionários de grandes corporações que viajavam regularmente demonstrou que o risco de TEV pode aumentar em até 20 vezes em passageiros que foram submetidos a cirurgia recentemente, e em até 18 vezes em passageiros com diagnóstico de câncer ativo.

Portanto, quem tem fatores de risco, passou por cirurgia recentemente ou foi diagnosticado com câncer e vai fazer viagem aérea deve ter cuidados especiais para minimizar as chances de sofrer embolia.

          
Para evitar o evento, o pneumologista tem algumas recomendações para os passageiros. São elas: “Beba bastante água a fim de evitar que o sangue fique concentrado (engrosse), ande pelos corredores do avião e alongue-se antes, durante e depois da viagem”, explica. De acordo com Elie Fiss, o uso de meias de compressão durante os voos longos é outro cuidado importante que pode ajudar na prevenção do problema.



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