Especialista
explica qual a relação entre a doença e a terapia hormonal
Diante de um novo estudo
publicado esse mês pela revista The Lancet, foi confirmado que a terapia de
reposição hormonal pode aumentar os riscos para o câncer de mama.
Pesquisadores descobriram que
mesmo a versão que era considerada ‘sem riscos’, feita apenas com estrógeno
puro, pode elevar o risco da doença. Eles fizeram uma revisão de 58
estudos envolvendo mais de meio milhão de mulheres entre 40 e 59 anos. A equipe
dividiu as participantes em dois grupos: aquelas que desenvolveram câncer de
mama (143.887) e as que não mostravam sinais da doença (424.972). Ao analisar o
grupo com câncer, os cientistas notaram que mais da metade das mulheres usaram
terapia de reposição hormonal.
Com base nesses dados, a equipe concluiu que o uso de TRH
na menopausa aumenta o risco de câncer de mama. A equipe ainda notou que esse
risco permanecia relevante mesmo depois de 10 anos do fim do tratamento. A
intensidade do risco, no entanto, estava relacionado à quantidade de tempo que a
mulher fez uso dos hormônios sintéticos.
Porém, pesquisadores apontaram que desde que feito por
períodos curtos, o risco para câncer de mama é baixo. No estudo, os
pesquisadores apresentaram uma tabela apontando o aumento do risco conforme o
tempo de uso da terapia hormonal:
Tempo de uso
|
Aumento do risco
|
Até 1 ano
|
8%
|
2 a 4 anos
|
17%
|
5 a 9 anos
|
22%
|
10 a 14 anos
|
43%
|
Acima de 15 anos
|
58%
|
A menopausa é uma fase que
traz, para muitas mulheres, uma série de desconfortos e geralmente se inicia
entre os 45 e 50 anos de idade. Para amenizar os sintomas desagradáveis desse
período recomenda-se a reposição hormonal. No entanto, mulheres com histórico
de risco para o câncer de mama ou endométrio devem ser acompanhadas com mais
cautela. Neste caso, segundo Dr. Rogério Fenile, mastologista pela Unifesp e
membro titular da Sociedade Brasileira de Mastologia, a alta dosagem de
estrogênio é uma preocupação.
“Neste grupo, a incidência de
tumores pode aumentar, por isso, existe o cuidado maior, com esse possível
efeito colateral. Mesmo sendo necessário ter cautela com os tratamentos
hormonais, existem alternativas não hormonais e fitoterápicas que podem ser
avaliadas e discutidas com um especialista”, afirma o médico.
“Esses novos estudos nos
alertam para a necessidade de pesquisar os riscos que cada paciente
tem, para então fazer ou não a TH. Lembrando que reposição hormonal não
tem como função exclusiva tratar o mal estar da menopausa, como os calores, a
fadiga ou a irritabilidade, mas também a perda de libido e a osteoporose”,
explica o especialista.
De acordo com Fenile, quando
se escolhe pela TH, para se livrar do desconforto ou tratar outras patologias,
é extremamente necessário fazer o acompanhamento minucioso e regular,
preferencialmente com um mastologista, além da realização da mamografia
anualmente, e, em alguns casos a ultrassonografia das mamas. “Por meio desse
acompanhamento, podemos estar atentos a qualquer nódulo ou alteração que nos
alerte para a doença”, finaliza.
Dicas para prevenir o câncer
de mama e ter uma vida mais saudável:
- Ir às consultas de rotina
com o ginecologista e/ou mastologista regularmente;
- Conhecer o próprio corpo e
fazer o autoexame uma vez ao mês;
- Realizar a mamografia
anualmente a partir dos 40 anos de idade;
- Estar atento à obesidade e
ao sedentarismo;
- Optar por uma alimentação
saudável;
- Praticar atividades físicas,
pelo menos, três vezes por semana;
- Evitar o tabagismo e o
excesso de bebida alcoólica.
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