Esse é o tema da campanha da Organização Mundial da Saúde (OMS) de
2019, que, de 18 a 24 de novembro, promove a Semana Mundial de Conscientização sobre Antibióticos (conteúdo
em inglês). O objetivo é promover a conscientização global sobre a resistência
a antibióticos e incentivar as melhores práticas entre o público em geral, os
profissionais de saúde e os formuladores de políticas para evitar o surgimento
e a disseminação adicionais da resistência a antibióticos.
Os agentes antimicrobianos são medicamentos usados para tratar
infecções, principalmente aquelas de origem bacteriana. São medicamentos
essenciais para proteger a saúde humana e animal, mas o uso excessivo ou
inadequado tem levado ao surgimento de bactérias resistentes que não respondem
mais ao tratamento com antibióticos. Esse fenômeno, chamado de resistência
antimicrobiana, representa uma ameaça ao controle de doenças em todo o mundo e
requer a atenção dos profissionais de saúde, incluindo os médicos-veterinários.
A contribuição da Medicina Veterinária
Segundo a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), é garantindo o uso
responsável e prudente desses medicamentos em animais, de acordo com os padrões
intergovernamentais que assegurem sua eficácia.
O médico-veterinário é o profissional responsável pela sanidade dos
rebanhos econômicos de produção de proteína animal, como bovinos, suínos e
aves, criados para alimentação humana. Por isso, devem ser profissionais bem
orientados e supervisionados para que desempenhem de forma correta seu papel na
luta contra a resistência antimicrobiana, protegendo a eficácia desses
tratamentos vitais à saúde dos animais consumidos pelo homem.
Com esse caráter orientativo, no início de novembro a Organização das
Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e a OMS, em parceria com
a OIE, lançaram um Relatório Conjunto de Especialistas sobre Resistência
Antimicrobiana Transmitida por Alimentos: Papel do Meio Ambiente, Culturas e
Biocidas. (conteúdo em inglês)
Onde entra o CFMV
Para combater o uso indiscriminado de antibióticos, o Conselho Federal
de Medicina Veterinária (CFMV) participa das ações do Plano Nacional de Prevenção e Controle da Resistência aos
Antimicrobianos no âmbito da Agropecuária (PANBRAGRO), do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
O objetivo é conscientizar os médicos-veterinários; auxiliar na
regulamentação do setor, especialmente do comércio de antibióticos, em parceria
com as indústrias de medicamentos; e de sensibilizar as entidades sobre a
necessidade de elaborarem guias para o uso responsável de antimicrobianos.
“Vários países têm planos nesse sentido, que são iniciativas
governamentais para tentar minimizar a resistência antimicrobiana em seus
territórios”, explica o assessor da presidência do CFMV, o médico-veterinário
Fernando Zacchi.
De olho nessa missão, nos dias 30 e 31 de outubro, o CFMV participou de
oficina do Mapa para alinhar diretrizes visando a elaboração de
protocolos de uso racional de antimicrobianos em animais.
“Foi uma oficina para estimular as entidades a criarem os seus guias”,
diz Zacchi.
Entre as entidades presentes estavam a Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa), a Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos
Animais (Anclivepa), a Associação de Médicos Veterinários Especialistas em
Suínos (Abraves), a Associação Brasileira de Médicos Veterinários de Equídeos
(Abraveq), a Associação Brasileira dos Hospitais Veterinários (ABHV), a
Academia Brasileira de Medicina Veterinária Intensiva e o Grupo Aliança, que
reúne grandes associações e sindicatos de produção animal, como a Associação
Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o Sindicato Nacional da Indústria de
Produtos para Saúde Animal (Sindan), o Sindicato Nacional da Indústria de
Alimentação Animal (Sindirações), entre outras entidades.
Em parceria com os especialistas que prescrevem e administram os
medicamentos, espera-se, por exemplo, saber o que a Anclivepa recomenda de
procedimentos para controle e uso racional de antibióticos dentro da clínica.
“Um guia para orientar o médico-veterinário a não prescrever sem a real
necessidade, que defina qual o primeiro medicamento de eleição para iniciar tratamento,
evitando prescrever logo um antibiótico de lançamento para infecções que podem
ser sanadas com medicamentos mais antigos”, exemplifica Zacchi.
Os guias também devem recomendar que não usem antibióticos para humanos
na produção animal, evitando que a população indiretamente faça a ingestão por
meio do frango, do suíno ou do leite que consomem, criando a resistência
humana.
“Cabe ao médico-veterinário orientar sobre os cuidados naturais,
respeitar o período de carência e evitar o uso indiscriminado em animais,
principalmente os que vão para alimentação humana”, esclareceu.
O CFMV se comprometeu em enviar até meados de dezembro uma proposta de
roteiro para os guias com um rol mínimo de informações que devem constar,
baseado nas recomendações da OIE e dos protocolos internacionais de outras
organizações de referência.
“No início do ano que vem
haverá uma outra reunião com esses mesmos atores e ficamos de monitorar o
andamento de construção desses guias”, afirmou.
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