Pesquisar no Blog

quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Diabetes: Amputações em decorrência da doença somam mais de 2.000 por mês



85% dos casos são precedidos de ulceração nos pés; situação eleva custos na saúde


Um dos principais riscos trazidos pela Diabetes – doença que afeta 16 milhões de pessoas no país – é o da amputação dos membros inferiores. Dados do Ministério da Saúde apontam que, de janeiro a julho de 2019, foram realizadas 9.019 cirurgias de amputações de membros no Sistema Único de Saúde (SUS), em decorrência da diabetes, o que representa média de 1.288 casos mensais. O mês de novembro reforça a conscientização sobre os problemas associados à enfermidade (o Dia Mundial da Diabetes é celebrado hoje, dia 14). 

São Paulo foi o estado que mais realizou amputações, com 2.362 cirurgias no período. Em seguida, vem o estado de Minas Gerais, com 1.171 cirurgias e o Rio de Janeiro, com 743.“Estima-se que nos países em desenvolvimento, 25% dos pacientes com diabetes desenvolverão pelo menos uma úlcera do pé durante a vida, lesão que precede a amputação em 85% dos casos”, explica o presidente da ABTPé (Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé), Dr. Marco Tulio Costa. Os custos na saúde, envolvendo o problema, são cinco vezes maiores em indivíduos com diabetes e úlceras no pé, quando comparados com a ausência de úlceras. Essas despesas estão principalmente relacionadas às hospitalizações, mas também ao tratamento e acompanhamento de pacientes ambulatoriais.

A neuropatia diabética, que consiste na perda da função dos nervos do pé, principalmente da sensibilidade dolorosa e tátil, é um dos problemas mais sérios da doença, pois dificulta a percepção do paciente em notar lesões ou contusões. Sem essa sensibilidade protetora, áreas de pressão podem evoluir rapidamente, formando bolhas e feridas e, ainda, possibilitando a entrada de microorganismos que causam infecções no pé. No quadro de infecção grave, o paciente apresenta mal-estar geral, febre alta e dificuldade de controlar os níveis de açúcar no sangue. “A febre pode ou não estar associada”, salienta o Dr. Marco Tulio. Pode ainda haver o aparecimento de abcesso, secreção purulenta, mau cheiro, inchaço e vermelhidão.

 “Em casos graves, é necessária a cirurgia para limpeza e desbridamento das lesões mais profundas, ou até mesmo a amputação de parte ou de todo o pé para sanar a infecção”, ressalta o especialista.

As fraturas no pé e tornozelo no paciente diabético com perda da sensibilidade também merecem atenção especial. Elas são chamadas de artropatia de Charcot. O  tratamento não costuma ser igual as fraturas ocorridas no paciente não diabético.  “O paciente com diabetes também perde a sensibilidade para fraturas, deslocamentos ou microtraumas ocorridos nos ossos do pé e tornozelo. O tratamento, dependendo da gravidade, pode ser imobilização por gesso, órtese ou, ainda, cirurgia”, fala o Dr. Marco Tulio.


Cuidados com o pé diabético

A ABTPé lista alguns dos cuidados que o paciente com diabetes precisa ter com os pés:

- Examinar os pés diariamente a procura de lesões, áreas avermelhadas, unhas encravadas ou feridas abertas.

- Visualizar a planta dos pés e o espaço entre os dedos.

- Manter os pés limpos e secos.

- Não usar bolsas de água quente nos pés.

- Utilizar creme hidratante na região do calcanhar, planta e dorso do pé.

- Cortar as unhas retas, sem arredondar os cantos, para evitar cortes na pele e que elas encravem na lateral do dedo. Se já houver dificuldade na visão, pedir ajuda para cuidar e aparar as unhas.

- Utilize calçados confortáveis, acolchoados e sem costura interna. Dê preferência para calçados feitos especialmente para pacientes diabéticos.


- Procure usar sempre meias brancas de algodão, que facilitam a transpiração e deixam mais evidente qualquer sinal de secreção ou sangramento que possa ocorrer.


Problema crescente

O número de amputações em decorrência da diabetes aumentou 11,4% no país, na comparação entre 2017 e 2018 (de 12.426 cirurgias subiu para 13.846). 

De acordo com o Ministério da Saúde, o crescimento do diabetes é uma tendência mundial, devido ao processo de envelhecimento da população, sendo diretamente ligado as mudanças dos hábitos alimentares e à prática de atividade física. Em 2018, 7,7% da população adulta brasileira foi diagnosticada com diabetes, o que representou aumento de 40% em relação ao ano de 2006 (5,5%). As mulheres apresentam maior percentual de diagnóstico (8,1%), do que em homens (7,1%). Em ambos os sexos, quanto mais jovem, menor o percentual de diagnóstico.

Em 2016, a diabetes foi a quarta maior causa de morte no Brasil. Já em 2017, a doença passou a ser a quinta maior causa de óbitos.




Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé (ABTPé)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Posts mais acessados