Assim como em países
desenvolvidos, no Brasil, o câncer já representa a segunda causa de morte (8%
do total) por doença entre crianças e adolescentes de 1 a 19 anos. A doença
fica atrás apenas das causas externas, que são os acidentes. Nas últimas quatro
décadas, o progresso no tratamento do câncer na infância e na adolescência foi
extremamente significativo. Hoje, em torno de 80% das crianças e adolescentes
acometidos de câncer podem ser curados se diagnosticados precocemente e
tratados em centros especializados.
- Houve melhora nos indicadores
de outras doenças, por exemplo, que passaram a ser curadas com vacinas e outros
medicamentos, o que não acontece com o câncer. Porém, a sobrevida do câncer
infantil vem melhorando com o passar das décadas. Imunoterapias, quimioterapias
e cirurgias cumprem um papel importante. O desafio é fazer o diagnóstico
precoce. Infelizmente, recebemos muitos pacientes com diagnóstico tardio, o que
agrava a situação. É preciso conscientizar a população e a comunidade médica -
afirma o médico oncologista associado da Associação Médica do Rio Grande do
Sul, Cláudio Galvão.
O câncer infantil corresponde a
um grupo de várias doenças que têm em comum a proliferação descontrolada de
células anormais e que pode ocorrer em qualquer local do organismo. Os tumores
mais frequentes na infância e na adolescência são as leucemias (que afeta os
glóbulos brancos), os do sistema nervoso central e linfomas (sistema
linfático). Segundo dados do Ministério da Saúde, também acometem crianças e
adolescentes o neuroblastoma (tumor de células do sistema nervoso periférico,
frequentemente de localização abdominal), tumor de Wilms (tipo de tumor renal),
retinoblastoma (afeta a retina, fundo do olho), tumor germinativo (das células
que vão dar origem aos ovários ou aos testículos), osteossarcoma (tumor ósseo)
e sarcomas (tumores de partes moles).
- Hoje temos vários centros de
referência que tratam os pacientes. A principal dificuldades é que o poder
público não enxerga o câncer infantil como uma estratégia prioritária de saúde.
É uma doença que tem uma importância relevante na causa de mortalidade e não há
políticas públicas específicas para isso – alerta o médico.
As diversas maneiras de a
sociedade apoiar a causa também são muito bem-vindas. Ações de arrecadação de
verbas e apoio cumprem um importante papel, pois o tratamento do câncer
infantil é muito caro e pacientes muitas vezes dependem de verbas de doação.
Marcelo Matusiak
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