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segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Câncer de próstata poderá ser detectado por exame de urina


 Cientistas brasileiros estudam o método não invasivo, tecnicamente semelhante a outras opções de identificação da doença, que pode reduzir o número de biópsias  



Um estudo do Laboratório de Investigação Médica da Disciplina de Urologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), em conjunto com o Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da USP, conseguiu identificar pacientes com câncer de próstata a partir do exame de amostras de urina. A pesquisa discrimina perfeitamente condições potenciais para a detecção da doença. 

“A urina pode conter elementos que reflitam os processos bioquímicos relacionados ao desenvolvimento de um tumor”, explica a Dra. Katia Leite, chefe do Laboratório de Investigação Médica da Urologia da FMUSP e diretora científica da Genoa/LPCM. O estudo foi realizado em conjunto com o Prof. Giuseppe Palmisano, do ICB da USP, e avaliou 12 pacientes, metade com câncer de próstata e metade com hiperplasia benigna. Concluiu que um painel de 56 glicoproteínas (tipo de proteína ligado a um carboidrato) nas amostras de urina alcançou uma precisão de 100% no diagnóstico do câncer de próstata (Oncotarget, 2018, Vol. 9, (No. 69), pp: 33077-33097).

Em trabalho subsequente, analisando o tecido prostático obtido por biópsia, um painel de 11 proteínas conseguiu discriminar pacientes com câncer de próstata favorável e desfavorável (Kawahara et al. Proteomics 2019; doi.org/10.1002/pmic.201900174). Para a Dra. Katia, essa informação é de enorme relevância, pois conduz a escolha do tratamento, que inicialmente pode ser baseado na observação.

“A busca por rastreadores de diagnóstico e prognóstico para substituir testes com baixa confiabilidade ou invasivos é extremamente importante. Apesar de existirem testes semelhantes disponíveis comercialmente, esses exames têm alto custo e baixa disponibilidade. O que procuramos são marcadores específicos, sensíveis a baixo custo para o uso na população brasileira”, afirma a Dra. Katia Leite.

Atualmente, o câncer de próstata é classificado pela escala de Gleason ou ISUP (International Society of Urological Pathology), o indicador prognóstico mais importante para determinar o direcionamento terapêutico. No entanto, o sistema tem limitações por conta da heterogeneidade do tumor, amostragem limitada e subjetividade na interpretação da biópsia. 

As escalas classificam o câncer em pontuações variáveis de 6 e 10 (Gleason) ou de 1 a 5 (ISUP), sendo o Gleason 6 ou ISUP 1 o tumor mais bem diferenciado e, portanto, de prognóstico favorável. “Os tumores benignos e pequenos podem ser manejados de modo expectante, conduta denominada “active surveillance” ou vigilância ativa, onde o tratamento curativo pode ser postergado, evitando assim seus possíveis efeitos colaterais”, diz a especialista. 

A biópsia é a única maneira de se diagnosticar o câncer de próstata e definir seu potencial de agressividade. Porém, por ser invasivo, não é isento de morbidades como a infecção e o sangramento. Ainda é o exame mais importante e continuará sendo para o diagnóstico do câncer da próstata. “O avanço dos testes não invasivos tem como objetivo a redução do número de biópsias e a melhor caracterização do potencial de agressividade do tumor, e pode ter um grande impacto econômico e no bem-estar do homem”, finaliza a diretora científica da Genoa/LPCM.





Fonte: Genoa/LPCM 


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