Estudo desenvolvido por
especialistas da Universidade de Manchester, no Reino Unido, chegou à conclusão
de que pessoas submetidas à cirurgia de catarata conseguem preservar mais as
funções mentais no avançar da terceira idade. Como parte de um estudo maior
sobre envelhecimento chamado de ELSA (English Longitudinal Study of
Ageing), os pesquisadores compararam as taxas de declínio cognitivo antes e
depois da cirurgia de catarata, percebendo que em 50% dos casos houve
desaceleração do declínio cognitivo durante os 13 anos de acompanhamento dos
pacientes. Apesar de haver outros estudos nesse sentido, pela primeira vez o
declínio cognitivo foi estudado em mais de dois mil idosos submetidos à
cirurgia de catarata e mais de 3,6 mil adultos sem catarata. Os pesquisadores
acreditam que o isolamento, o desânimo e o constrangimento em relação à própria
condição são fatores que contribuem negativamente para o declínio da saúde
mental.
No Brasil, a catarata
acomete cerca de 50% das pessoas ao redor dos 70 anos. De acordo com o médico Renato
Neves, diretor-presidente do Eye Care Hospital de Olhos, o
cristalino, lente natural localizada no interior dos olhos, vai ficando opaco
com a idade e ativa os sintomas da catarata, que incluem ofuscamento às luzes,
perda de contraste e diminuição de visão. “Na fase inicial da doença o paciente
mal percebe que a catarata está se instalando, já que ele passa a enxergar de
perto com muita facilidade. Mas essa sensação logo se transforma em maior
sensibilidade à luz e, principalmente, aos reflexos e brilhos noturnos. Outros
sintomas incluem visão embaçada, sensação de que as cores estão desbotadas
e mudanças na cor da pupila”.
Neves diz que esse avanço
progressivo impede a pessoa de realizar tarefas simples, como ler, dirigir,
fazer a barba ou até mesmo cozinhar. Por isso a Ciência se apressa cada vez
mais em garantir técnicas que proporcionem melhor qualidade de vida para quem
já está na terceira idade. “Quase todo paciente com um quadro de catarata
avançado chega ao hospital desanimado – o que é natural, haja vista a
dependência de outras pessoas para fazer coisas simples, que antes eram feitas
sem qualquer esforço. A catarata é a principal causa de cegueira reversível e
seu tratamento não deve ser negligenciado. Afinal, são muitos os casos em que a
dificuldade para enxergar acaba piorando muito a qualidade de vida do paciente,
que passa a não querer se expor socialmente, se retrai e não raro desenvolve
depressão”.
A cirurgia para remoção da
catarata, seguida do implante de lentes intraoculares (LIOs), não só
possibilita ao paciente voltar a enxergar, como ainda rejuvenesce a visão. “A
nova geração de lentes intraoculares dispensa o uso de óculos depois da
cirurgia. Além de ser um procedimento seguro, as lentes intraoculares
implantadas têm a função de ajustar a visão conforme a necessidade do momento”,
diz o médico – destacando que as lentes mais modernas podem ser multifocais ou
acomodativas, dispensando o uso de óculos para perto ou para longe em 98% dos
casos.
“Essa cirurgia é a única na
Medicina em que o paciente fica melhor do que era antes da manifestação da
doença. É como se a pessoa voltasse no tempo, enxergando com a nitidez de
quando era jovem”, diz Neves. Atualmente, a cirurgia é feita sem internação,
com uso de anestesia à base de colírios, e leva entre 10 e 15 minutos. Segundo
o médico, a técnica de facoemulsificação, que dissolve o cristalino através de
uma pequena incisão (menor de três milímetros), leva a uma menor inflamação e
proporciona recuperação praticamente imediata, dispensando o uso de pontos.
Outros estudos apontam mais
benefícios da cirurgia de catarata, como redução nos episódios de quedas –
responsáveis por piorar a saúde geral dos pacientes – e redução de acidentes de
trânsito pela baixa visão. “Pessoas com mais de 65 anos que estão preocupadas
com uma queda na qualidade da visão deveriam se submeter o quanto antes e um
exame detalhado. Afinal, às vezes o problema não é tão complexo para tratar e
pode mudar radicalmente para melhor a vida do paciente e de seus familiares”,
conclui Neves.
Fonte: Prof. Dr. Renato
Neves - médico oftalmologista, diretor-presidente do Eye Care Hospital
de Olhos, em São Paulo – www.eyecare.com.br
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