Tema foi
abordado durante edição do Ciclo de Palestras AMRIGS dedicado ao Agosto Roxo
A
obesidade, problema que atinge aproximadamente uma em cada cinco pessoas no
Brasil, vai muito além do peso e, hoje, é considerado um grave distúrbio do
ponto de vista da saúde pública. Os números são preocupantes. Na abertura do
Ciclo de Palestras AMRIGS: Agosto Roxo, o médico cirurgião do aparelho
digestivo e diretor de Comunicação da Associação Médica do Rio Grande do Sul
(AMRIGS), Juliano Chibiaque, fez um resgate histórico da obesidade e da relação
da humanidade com os modelos considerados ideais do corpo humano, alertando
para a gravidade da questão na atualidade.
-
As causas da obesidade são diversas. Fatores culturais e sociais, alterações metabólicas,
hábitos alimentares, sedentarismo, fatores psicológicos, fatores genéticos e
ambientais. É importante deixar claro que a obesidade é uma doença e, mais do
que isso, é uma epidemia – disse.
Em
2017, no Brasil, quase quatrocentas mil pessoas morreram por doenças
cardiovasculares e a obesidade é um dos principais fatores de risco. A diabetes
é outro problema relevante. Cerca de 90% dos pacientes com diabetes 2 são
obesos. Além disso, a maioria dos tipos de câncer tem relação direta ou
indireta com a obesidade. O quadro repercute em redução do tempo de vida da
população e diminuição da qualidade de vida.
O
cirurgião do aparelho digestivo e bariátrico, André Bigolin, lembrou que a
obesidade mata mais do que a desnutrição e que não é possível vencer esta luta
sozinho.
-
Sabemos que muitas vezes o nosso corpo luta contra o emagrecimento e, de fato,
é difícil sair da obesidade. Por isso, é importante que a pessoa busque ajuda –
disse.
O médico fez um alerta para aquela expressão que ouvimos, muitas vezes, do “gordinho saudável”.
-
Isso não existe. Há sempre aquele paciente que diz que tem sobrepeso, mas os
exames estão todos bons. Tudo é uma questão de tempo. O corpo vai responder de
alguma maneira com o passar dos anos – alertou.
A
endocrinologista, Jamile Sartori El Ammar, explicou a evolução da dieta no pré
e pós-operatório.
-
A mudança não começa na cirurgia, mas antes dela. Existem aqueles alimentos que
são vilões como frituras, doces e bebidas alcoólicas, bem como os alimentos
heróis que ajudam na recomposição. A musculação é uma atividade preferencial,
porque existe uma perda de massa magra pós-cirurgia. Precisamos melhorar a
composição corporal. Ninguém é obeso por relaxamento ou falta de cuidado. O
importante é lembrar que existe tratamento e caminhos para mudar de vida –
explicou.
Ao
final, a mestre em psicologia clínica, Suzana Dias Freire, discorreu sobre as
questões comportamentais que envolvem a obesidade.
-
A reeducação alimentar é algo essencial. É importante distinguir a fome física
da vontade emocional, também conhecida como a vontade de comer. A fome física
surge gradualmente e vem geralmente a partir de duas horas da última refeição.
Quando é fome de verdade, conseguimos optar entre diversos alimentos. Quando é
uma fome emocional, geralmente estamos falando de doces ou carboidratos e
referem à vontade de saciar um desejo. A fome física não traz sentimento
negativo, o que não acontece quando comemos de forma descontrolada. Por isso,
precisamos esclarecer que a cirurgia resolve a fome física, mas em relação à
fome emocional é preciso tratar a ansiedade – explicou.
A
atividade foi realizada no Centro de Eventos AMRIGS, em Porto Alegre. No dia 25
de setembro, o tema apresentado será "Comportamento suicida e autolesivo:
o que está acontecendo com os nossos jovens?", com o psiquiatra, Rafael
Moreno, em alusão ao Setembro Amarelo.
Marcelo Matusiak
Nenhum comentário:
Postar um comentário