Médicos-veterinários
falam sobre medidas preventivas
A leishmaniose é a segunda infecção por
protozoários mais frequente em humanos, perdendo apenas para a malária. A
estimativa é que mais de um bilhão de pessoas vivam em áreas endêmicas no
mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Para o Conselho Regional
de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), é possível o combate
a essa grave zoonose a partir de ações preventivas do poder público e da
sociedade.
Prova da complexidade do problema é a estimativa de
mais de 300 mil novos casos anualmente, que podem provocar a morte de
aproximadamente 20 mil pessoas, no mundo.
No Brasil, a incidência e a prevalência da doença,
em humanos e em cães, são inquietantes. Em 2018, o País registrou 3.648 casos
de leishmaniose humana, com 280 mortes, sendo 94 registros e 13 óbitos no
Estado de São Paulo, de acordo com o Departamento de Imunização e Doenças
Transmissíveis do Ministério da Saúde.
Em 2019, até o mês de junho, já foram 805 casos e
42 óbitos no Brasil, dos quais 27 e três mortes ocorreram em São Paulo.
Prevenção depende de todos
As medidas preventivas, padronizadas pelo
Ministério da Saúde, incluem monitoramento e controle do mosquito transmissor,
redução do número de animais de rua; realização de exame sorológico antes da
doação de cães; uso de telas do tipo malha fina em canis; e educação em saúde.
As ações não estão apenas na esfera pública. As
famílias que têm cães devem procurar meios de prevenir a doença, redobrando o
cuidado com a limpeza dos ambientes das residências e evitando o acúmulo de resíduos
– como lixo e entulho –, o que contribui para a redução da incidência de
mosquitos.
Protegendo o pet
Para evitar a doença, é aconselhável o uso de
coleiras repelentes, lembrando que sua eficácia depende, também, do respeito
aos prazos de validade apontados pelos fabricantes.
O mercado também dispõe de vacina para prevenção de
leishmaniose em cães. Porém, ela não deve ser adotada como única medida
protetiva, ou seja, é necessário manter os cuidados com o ambiente, bem como o
uso da coleira repelente. É importante destacar, ainda, que a vacina só pode
ser aplicada após exame sorológico, para que o tutor se certifique de que o pet
não está infectado.
“Esses são cuidados que fazem parte do conceito de
guarda responsável dos animais de estimação”, argumenta o médico-veterinário
Leonardo Burlini, assessor técnico do Conselho.
Transmissão
A leishmaniose visceral é uma doença primária de
animais e que pode ser transmitida aos humanos. Os cachorros podem ser
hospedeiros do parasita causador da doença. Porém, a transmissão não ocorre
pelo contato direto entre animais domésticos e o ser humano.
“A transmissão ocorre após a picada do mosquito
infectado, sendo o Lutzomyia logipalpis a principal espécie envolvida no
Brasil”, explica a médica-veterinária Luciana Hardt Gomes, integrante da
Comissão de Saúde Pública Veterinária do CRMV-SP.
Diagnóstico
Em fase inicial, nem todo cão apresenta sintomas, o
que contribui para o diagnóstico tardio. Já quando a doença se desenvolve, os
sintomas podem ser bastante clássicos.
Por meio do exame clínico, há probabilidade do
médico-veterinário suspeitar da doença e, se na região em que o animal vive,
estiverem ocorrendo casos de leishmaniose, o profissional terá maiores indícios
de que se trata da zoonose.
No entanto, a confirmação da doença se dá por meio
“do diagnóstico laboratorial da infecção, que pode ser sorológico,
parasitológico ou molecular”, conforme explica o médico-veterinário Mário Ramos
de Paula e Silva, que também faz parte da Comissão de Saúde Pública do CRMV-SP.
Semana Nacional de Controle e
Combate à Leishmaniose - Foi instituída
pela Lei nº 12.604/12, com o objetivo de estimular ações educativas e
preventivas, fomentar debates sobre as políticas públicas de vigilância e
controle da doença, bem como difundir os avanços técnico-científicos
relacionados à prevenção da leishmaniose.
Sobre o CRMV-SP
O CRMV-SP tem como missão promover a Medicina Veterinária e a Zootecnia, por meio da orientação, normatização e fiscalização do exercício profissional em prol da saúde pública, animal e ambiental, zelando pela ética. É o órgão de fiscalização do exercício profissional dos médicos-veterinários e zootecnistas do Estado de São Paulo, com mais de 38 mil profissionais ativos. Além disso, assessora os governos da União, Estados e Municípios nos assuntos relacionados com as profissões por ele representadas.
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