Admar Concon Filho
selecionou as perguntas mais comuns dos pacientes interessados no procedimento
Quando um paciente decide fazer uma cirurgia
bariátrica, é comum que ele chegue ao consultório do cirurgião com uma série de
dúvidas em relação ao procedimento. Algumas são mais específicas, mas a maioria
faz as mesmas perguntas para o profissional. Com mais de quatro mil cirurgias
bariátricas no currículo, o cirurgião bariátrico Admar Concon Filho, presidente
do Hospital Galileo e fundador do Grupo de Cirurgia Bariátrica de Valinhos, fez
uma relação das mais comuns para esclarecer seus pacientes.
“As dúvidas são recorrentes e é muito importante
que o paciente esteja ciente de tudo, afinal, a cirurgia bariátrica vai
impactar sua vida de muitas formas. Quanto mais ciente ele estiver das
mudanças, melhor será sua adaptação”, explica Concon. “Além de tudo que
esclarecemos na consulta, é comum os cirurgiões bariátricos realizarem reuniões
pré-cirúrgicas obrigatórias, em que os futuros operados poderão tirar suas
dúvidas e ouvir depoimento de pessoas que já fizeram a cirurgia”, comenta.
De acordo com Concon, o respaldo de toda a equipe
multidisciplinar ajuda os pacientes a lidarem com a nova vida após a cirurgia
bariátrica. “O fator surpresa é sempre ruim porque deixa o paciente inseguro e
preocupado. Por isso, é fundamental que ele tenha acesso a todas as informações
possíveis, desde o pré e intraoperatório até o pós-operatório a curto e longo
prazos”, reforça.
Confira as 16 dúvidas mais comuns que chegam ao
consultório:
1 – Tenho indicação para a
cirurgia bariátrica?
Para fazer a cirurgia bariátrica, é necessário ter
IMC (Índice de Massa Corpórea) acima de 40 kg/m2 ou acima de 35 kg/m2, com
doenças causadas pela obesidade. Também é necessário comprovar que tentou, por
pelo menos dois anos, tratamento clínico com médicos especializados em
obesidade para perder peso, sem obter sucesso.
2 – Preciso ser acompanhado
por uma equipe multidisciplinar?
Sim, tanto antes quanto depois da cirurgia. É
necessário ter acompanhamento e laudo de nutricionista, endocrinologista,
cardiologista, pneumologista, psicólogo/psiquiatra, entre outros profissionais
que forem necessários.
3 – Posso escolher o método da
minha cirurgia?
O método (Bypass ou Sleeve) deve ser definido em
conjunto pelo paciente e pelo médico, que vai considerar as necessidades de
cada paciente.
4 – Corro o risco de morrer na
cirurgia?
Todo procedimento médico oferece riscos, mas a
cirurgia bariátrica evoluiu muito ao longo dos anos e hoje os riscos são
semelhantes aos de uma cesárea ou retirada de vesícula. O procedimento por
videolaparoscopia é considerado uma cirurgia minimamente invasiva.
5 – Vou sentir dor no
pós-operatório?
A dor varia muito de acordo com o paciente. Alguns
são mais sensíveis que outros. Algumas cirurgias também são mais difíceis que
outras, de acordo com as características físicas do paciente. Mas, de forma
geral, é comum o paciente sentir um desconforto causado por gases nas primeiras
horas após o procedimento. Ele é medicado e incentivado a caminhar bastante
para minimizar o problema.
6 – Quanto vou emagrecer?
O emagrecimento é muito relativo, já que também
depende da alimentação do paciente e da incorporação de exercícios físicos à
sua rotina, mas normalmente, entre 30% e 40% do peso inicial, sendo que a maior
parte do emagrecimento acontece no primeiro ano após a cirurgia.
7 – Como será a dieta líquida?
A dieta líquida varia de equipe para equipe. O
tempo e os alimentos permitidos serão definidos pela nutricionista,
especializada em cirurgia bariátrica. Respeitar a dieta pós-operatória é
fundamental para o processo de cicatrização do estômago. Por isso, é muito
importante o acompanhamento da equipe e o preparo do paciente. Devido à
cirurgia, o paciente não sente fome, mas pode ter vontade de comer. Nessa fase,
ele pode sentir alguma fraqueza por conta da restrição alimentar.
8 – Vou poder comer de tudo
após a recuperação completa?
Sim, após passar por todas as fases da dieta
pós-operatória, o paciente pode comer de tudo, mas vai ingerir uma quantidade
bem menor. No entanto, é importante que ele entenda que a cirurgia é uma grande
oportunidade para que ele mude seus hábitos alimentares, a fim de não recuperar
o peso novamente.
9 – Posso engordar tudo outra
vez?
Pode. Com o tempo, o paciente consegue comer
quantidades maiores e também aprender a burlar a cirurgia, comendo coisas mais
calóricas. Eu costumo dizer que opero o estômago e não a cabeça. Por isso, o
paciente precisa ter consciência de que a cirurgia não é uma solução
definitiva. Ele terá de fazer a parte dele, com uma alimentação mais saudável e
exercícios físicos regulares. O que é esperado é um reganho de até 10% do peso
eliminado, ou seja, se a pessoa emagreceu 50 quilos, ela pode recuperar até 5
quilos.
10 – Ouvi dizer que algumas
pessoas transferem o “vício” da comida para outra coisa. Isso acontece?
Sim, pode acontecer. Algumas pessoas começam a
ingerir mais bebida alcoólica, outras viciam em compras... Por isso, também é
importante o acompanhamento psicológico.
11 – Vou precisar mudar a
minha forma de mastigar?
Sim, após a cirurgia bariátrica é importante
mastigar devagar, já que a digestão começa na boca. Se comer rápido ou não
mastigar de forma correta, é comum acontecerem entalos, que causam uma sensação
desagradável e, em casos raros, é necessário fazer uma endoscopia para retirar
o alimento.
12 – O que é o dumping?
A síndrome de dumping é causada pela passagem
rápida, do estômago para o intestino, de alimentos ricos em gordura, carboidratos
simples ou açúcares. Ela é mais comum em pacientes submetidos à técnica bypass,
mas nem todos têm ou podem ter em intensidade variada. Ela pode surgir de 30
minutos até três horas após a refeição, e caracteriza-se por sintomas
semelhantes aos de um desmaio, como tontura e suor frio.
13 – Precisarei tomar vitamina
a vida toda?
Sim. Como a cirurgia altera a absorção de alguns
alimentos, é necessário fazer a suplementação. O tipo de vitamina será de
acordo com os resultados dos exames periódicos de acompanhamento e deve sempre
ser receitada por um membro da equipe (cirurgia, nutricionista ou
endocrinologista).
14 – Meu cabelo vai cair?
É muito comum o paciente ter queda de cabelo a
partir do terceiro mês até um ano após a cirurgia. Isso se deve ao estresse da
cirurgia mesmo e a tendência é que essa queda diminua e comece a nascer cabelo
novamente. A intensidade varia muito de um paciente para outro. Em alguns
casos, são indicados medicamentos ou vitaminas específicos para este problema.
15 – Meus dentes também vão
cair?
Isso pode acontecer se não houver acompanhamento
médico e suplementação de vitaminas, mas é raro.
16 – Vou poder engravidar após
operar?
Sim, e isso é bem comum. A obesidade costuma ser um
obstáculo para a gravidez e, quando a pessoa emagrece, fica mais fértil. Mas o
ideal é prevenir e só engravidar após os dois anos, quando há uma estabilização
do peso.
Dr. Admar Concon Filho - cirurgião bariátrico,
cirurgião do aparelho digestivo e médico endoscopista. Palestrante
internacional, presidente do Hospital e Maternidade Galileo e fundador do Grupo
de Cirurgia Bariátrica de Valinhos. Ele é membro titular e especialista pelo
Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva, Colégio Brasileiro de Cirurgiões e
Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva, além de membro titular da
Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica e membro da
International Federation for the Surgery of Obesity and Metabolic Disorders.
CRM – 53.577
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