Desde meados do século XX, vivenciamos uma evolução
constante nos modelos de gestão, que eram baseados em conceitos hierárquicos
que se utilizavam de repressão e autoritarismo. Logo após o fim da revolução
industrial, funcionários especialistas em funções específicas eram os mais
valorizados, assim como o trabalho departamental era predominante na maioria
das empresas.
Com a chegada dos anos 2000, surgiu um novo modelo
no qual aposentamos o “chefe” e surgiu o que denominamos líder, papel com mais
responsabilidade de influenciar que gerenciar. Houve notável evolução desse
perfil ao longo dos anos, e novas limitações foram surgindo, como trabalhar com
equipes de alto desempenho e identificar valor para os clientes.
O cenário atual está cada vez mais direcionado pela
criatividade e inovação. As empresas precisam ser resilientes, priorizar as
mudanças, identificar e entregar valor de forma rápida e contínua. O mindset
corporativo precisa ser ágil e resolutivo.
Assim, o perfil da liderança tem que se adaptar
mais uma vez, para lidar com desafios constantes, potencializados por um
mercado de consumo cada vez mais exigente. Os novos líderes precisam de alta
capacidade de análise situacional e adaptação contínua. A seguir, listamos
algumas outras exigências de liderança.
Além das siglas
Certificações como PMP, ITIL, COBIT perdem
importância. Conhecer os processos e as melhores práticas ganha força, fazendo
com que a adaptação de processos à cultura organizacional represente a mudança
necessária em prol dos objetivos estratégicos e do fortalecimento da marca no
mercado.
Soft skills
Conhecimentos técnicos são muito importantes, mas o
desenvolvimento de qualidades interpessoais – também conhecidas como soft skills
– são o novo desafio do bom líder. Por meio da personalidade,
aptidões mentais, emocionais e sociais é que se obtém engajamento, motivação e
produtividade da equipe. Vivência e autoconhecimento podem ajudar no
fortalecimento dessas competências.
Paixão
Líderes precisam ser apaixonados pelo seu trabalho,
isso inspira e entusiasma a equipe, ou dificilmente conseguirão obter os
resultados desejados e motivar a equipe a dar o seu melhor independentemente da
situação. O líder deve ser o primeiro a ter pensamento positivo, estar motivado
e acreditar no que faz, para que essa mentalidade seja compartilhada com todos.
Olho no futuro
Acompanhar diariamente as mudanças e tendências do
mercado, além de assimilar essas mudanças nos projetos, contribui de forma
positiva para a transformação digital do negócio.
Foco no cliente
Além de avaliar tendências, o novo líder deve
compartilhar as informações com os clientes, associando-as às necessidades dos
mesmos. Ainda, é preciso habilidade para identificar essas necessidades e o
valor esperado para entregar a melhor experiência de uso dos produtos
solicitados. Isso deve ser validado já nas fases iniciais do projeto. Errar
rápido e acertar rápido: aí está uma tendência do mercado.
Pessoas
Embora pareça óbvio, cabe ressaltar que o trabalho
é desenvolvido com pessoas, as quais possuem objetivos, necessidades e sonhos
diferentes, e um bom ambiente de trabalho é fundamental. A cobrança deve
acontecer, mas a microgestão de atividades deve ser evitada. Supervisionar
insistentemente, centralizar decisões, cobrar por resultados e monitorar
constantemente as tarefas da equipe são práticas que só elevam o estresse e diminuem
a produtividade. É preciso dar espaço para que os colaboradores
desenvolvam as atividades conforme sua capacidade e experiência, incentivando a
autogestão.
Confiança
O líder deve delegar atividades e confiar na
equipe. Além disso, os colaboradores precisam falar abertamente e de forma
transparente entre si, mesmo que isso ocasione algum desconforto. Equipes que
conseguem expor suas ideias de forma clara criam uma forte base de confiança.
Camaradagem
Bom relacionamento interpessoal dentro da equipe só
colabora com o alcance dos resultados. Lembre-se: passamos grande parte do dia
no ambiente de trabalho, a boa convivência é essencial. O líder contribui
transformando reuniões de trabalho em momentos positivos, com discussões
produtivas em prol do objetivo comum, e também incentivando momentos de
descompressão e celebração.
Lado individual
Objetivos coletivos têm preferência sobre
particulares. Porém, o bom líder deve trabalhar o lado individual dos
colaboradores, conhecê-los bem e dar feedbacks frequentes que colaborem com o
desenvolvimento pessoal e profissional de cada um, e que estejam alinhados com
os objetivos do projeto e organização. Assim como o momento é de inovações
tecnológicas, a mente humana também tem se tornado mais complexa. Cabe à nova
liderança fazer com que as tendências de tecnologia, processos e mercado
estejam associadas às necessidades do cliente e objetivos pessoais dos seus
colaboradores, fazendo com que o resultado seja de produtos de alta qualidade,
com valor agregado e, consequentemente, reconhecimento da marca.
Dyonata Laitener Ramos -
coordenador de projetos no Instituto das Cidades Inteligentes (ICI).
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