Pesquisa
da Diário de Campo revela que 84% das pessoas seguem a vida de influenciadores
digitais e 44% os consideram verdadeiros amigos
A
pesquisa #Hashtag Seguidores, realizada de março a maio de 2019, pelo Instituto
de Estudos de Comportamento e Consumo Diário de Campo, com 1.260
pessoas de todo o Brasil, revelou que o hábito de seguir blogueiros (as) /
influenciadores / celebridades é expressivo no Brasil:
- 84,3% dizem gostar de seguir e acompanhar com frequência blogueiros(as) / influenciadores / celebridades;
- 12,2% seguem, mas não veem perfis dos influenciadores com muita frequência;
- apenas 3,5% não seguem/não gostam de seguir influenciadores.
E
essa grande influência se explica pela alta sensação de proximidade dos
seguidores em relação a influenciadores:
- 62% se consideram próximos aos blogueiros(as) / influenciadores digitais / celebridades;
- 40% dizem se considerar bem próximos dos influenciadores como são dos amigos ou até mais próximos do que os amigos da “vida real”;
- 44% dizem que influenciadores poderiam ser chamados de seus amigos;
- Isso é mais forte entre os homens, 52% deles chamam influenciadores de amigos. Ou seja, um em cada dois homens acredita que um digital influencer é verdadeiramente um amigo.
Para
a médica Bruna Gomes “um mundo sem influenciadoras seria triste. Já me
acostumei a acompanhar algumas delas. Sei muito da vida delas. Elas são como
minhas amigas.”
“Quando
vejo o @italomarsili, parece que ele está falando comigo. É um cara crítico, sincero,
sem filtros. Já conheço tanto que se eu cruzar com ele na rua vou querer parar
para falar com ele como se fosse um amigo... Porque ele é mesmo. O cara se abre
nos stories dele. Se abre mais do que vários amigos que tenho.”, diz Pedro
Magalhães, de 56 anos.
Renata
Del Caro, sócia da Diário de Campo Pesquisa, defende que relacionamentos, mesmo
os de amizade, exigem trabalho. Nos dias atuais, a tecnologia se vende como uma
solução simples, rápida e indolor. Ela aplaca o medo da intimidade e possibilita
a conexão com controle: assisto a stories na hora em que
quero, sigo apenas o que e quem quero, faço tudo o que mais conveniente para
mim. No fim, temos a ilusão de estarmos em companhia, mas sem as demandas de um
relacionamento offline.
“Vimos
no campo da pesquisa que amigos virtuais permeiam até mesmo as conversas
offline e presenciais entre amigos.”, complementa Julianna Queiróz, também
sócia da Diário de Campo Pesquisa.
Segundo
Raquel Nazareh, de 22 anos, “Numa roda de amigos, tem uma hora que está todo
mundo olhando o celular, principalmente o WhatsApp e o Instagram. Fica aquele
silêncio. Mas se alguém vê algum look legal, alguma coisa interessante, fala
para os outros, e aí a gente engata em outra conversa ou não... ou continuamos
olhando os celulares.”
PRINCIPAIS
INTERESSES
O
estudo comprova que esse hábito de seguir influenciadores digitais está
relacionado a benefícios que os mesmos trazem para suas vidas. Desde algo
intangível - como bem-estar, leveza, prazer - , como aspectos tangíveis - como
dicas de compras e lugares para ir.
· 52% dos
entrevistados dizem que seguem influenciadores porque dão ótimas dicas de
compras, beleza, receitas, viagens etc;
· 45% afirmam
seguir porque são engraçados.
“Questões
de gênero, feminismo, política têm menos espaço em uma rede social de maior
apelo visual. Quando se quer falar de política e outros temas mais densos, as
pessoas preferem redes que dão espaço para texto. Isso porque um texto permite
se pensar mais e reescrever, obtendo um resultado mais próximo ao desejado. Já
o vídeo exige boa articulação, expressão, palavras na ponta da língua,
raciocínio rápido. Um vídeo que pareça ensaiado perde a credibilidade“, analisa
Julianna Queiróz.
As
pessoas estão buscando o humor acima de qualquer outro assunto específico (55,2% das
pessoas seguem pessoas que usam o humor em suas postagens). O humor funciona
como um lugar de fuga dos problemas enfrentados tanto na vida pessoal, como política
e social. O humor como uma possibilidade de respiro, um momento de poder
desligar do dia a dia retratado pelos entrevistados como “pesado”.
Assim,
o interesse é maior por influenciadores que falam principalmente sobre:
1.
Humor (55%)
2.
Comidas / receitas (49%)
3.
Moda (48%)
4.
Cabelo / Pele / Maquiagem (48%)
5.
Música (48%)
6.
Viagem (47%)
7.
A vida deles mesmos (questões pessoais, o que fazem do dia a dia) (46%)
Falar
sobre a vida deles mesmos, tende a capturar ainda mais a atenção dos seguidores.
Assuntos banais ou sérios com uma conotação pessoal criam conexão. 57% dos
entrevistados dizem se interessar por influenciadores que falam se suas vidas.
Bruna
Gomes segue mais de 20 influenciadores, mas cinco desses são especiais e ela
tenta não perder um único story. “Eu comecei a seguir por interesse em algum
assunto específico, como arquitetura, dieta... Mas acabei ficando próxima vendo
elas falando e mostrando a vida delas. Acompanho o que fazem no dia a dia,
aonde vão, a vida amorosa... Ouço elas várias vezes durante o dia. Aproveito
atividades da minha rotina, como quando estou lavando louça ou escovando os
dentes para ver os stories.”, diz Bruna.
Já
para Adriana Rosas, de 45 anos, saber da vida do influenciador, só faz sentido
quando essa pessoa tem um estilo de vida relativamente parecido com o dela. “De
algumas influenciadoras me interessa a vida pessoal, de outras não. Tem muitas
que têm uma vida muito destoante da minha, não são pessoas normais. Já
a @abocarosabeauty e a @evelyn falam quando estão menstruadas, quando
vão ao banco, limpam a casa, cuidam do cachorro. Aí é legal, porque você
consegue ver o que você consegue aproveitar para o seu dia a dia.”, conta
Adriana. Ela faz parte das 47% das pessoas que dizem se
sentirem bem em ver pessoas que pensam como ela, mesmo sem conhecer
pessoalmente.
APIRACIONAL
/ FUNÇÃO TERAPÊUTICA
A
pesquisa da Diário de Campo também revelou que redes sociais como o Instagram
fomentam o aspiracional, ou seja, o sonhar com aquilo que não se tem: 67% das
pessoas dizem que gostam de ver dicas de lugares, passeios e produtos que sabem
que não podem pagar, mas que inspiram e fazem sonhar.
”Se
por um lado esse hábito de estar em contato com o inalcançável pode manter as
pessoas em um constante lugar de falta, de escassez, elevando os níveis de
ansiedade, por outro, paradoxalmente, também tem uma função terapêutica”,
explica Renata Del Caro.
Além
disso, os influenciadores, por exemplo, têm um papel muito importante na
construção da autoconfiança.
- 56% das pessoas dizem que os influenciadores as ajudam a ter mais autoestima e se aceitarem como são;
- 51% dizem que os influenciadores as ajudam a encarar a vida de forma mais positiva;
- 44% das pessoas dizem que os influenciadores as ajudam a se relacionarem melhor com amigos, familiares e parceiros.
“Muitos
influenciadores incluem em suas postagens frases motivadoras, de
auto-superação, auto-aceitação, dando estímulos necessários em momentos de
carência e, até mesmo, aplacando e preenchendo o lugar de falta que o própria
rede social fomenta com suas imagens, corpos e vidas perfeitas. Já, inclusive,
nos deparamos com depoimentos de casos de depressão que foram amenizados por
estímulos de influenciadores.”, diz Julianna Queiróz.
Para
Jaqueline da Silva, de 38 anos, seguir pessoas que ela considera de sucesso, a
ajuda a ter ideias de como melhorar sua própria vida. “A gente fica querendo
acompanhar o que uma pessoa bonita faz para ficar daquele jeito. Quero ver a
carreira dela para saber o que ela fez para chegar a esse patamar”, conta
Jaqueline.
A
influenciadora digital Kika, do perfil no Instagram @DicadaKika, diz perceber
que “hoje em dia está faltando mais esse contato mais próximo entre as pessoas.
Vejo as pessoas mais carentes. Então, se a pessoa te vê ali falando no story,
ela acha que você está conversando só com ela. Quando eu faço um story, eu
penso que eu estou falando para aquela pessoa que está me vendo.”
É
assim com Liliane Pereira, de 39 anos, uma das participantes da pesquisa
Hashtag Seguidores: “Ver a Kika, do @DicadaKika, toda manhã me faz ter vontade
de sair de casa, de viver! Ela ainda me apresenta lugares que antes eram só em
sonho pra mim. Um dia ela até me incentivou ir no Copacabana Palace. Vendo ela
lá e então sabendo como tudo é lá, acreditei que eu também podia ir.”
Seguindo
a lista de benefícios, influenciadores digitais são responsáveis por aumentar o
repertório da conversa de 46% de quem os acompanha. Ou seja, o
que os influenciadores dizem é replicado em conversas fora da rede. Por meio
deles, as pessoas também têm a oportunidade de viver realidades que
dificilmente teriam a oportunidade de experimentar de outra forma. Não
raramente, ouvimos que ao “consumir” influenciadores, as pessoas se destacam
entre seus pares, elas se tornam “influenciadoras” de seus universos, ou seja,
se tornam mais importantes e admiradas.
E,
ainda, 44% das pessoas dizem que os influenciadores as ajudam
a se relacionarem melhor com amigos, familiares, parceiros.
A
seguidora Bruna Gomes, de 26 anos, atesta: “já aprendi muito com elas. Elas me
fazem pensar sobre mim, me ajudam a refletir sobre vários assuntos. Até na
minha relação com o meu namorado elas já influenciaram. Elas ampliam o meu
olhar para o mundo. Já mudei a minha forma de pensar por causa delas.”
ESCAPISMO
A
pesquisa da Diário de Campo também apontou que redes sociais voltadas a fotos e
vídeos espontâneos – como o Instagram – são escolhidos para momentos de escape
do dia a dia, das questões pessoais, momento para espairecer. “O Instagram amplifica
os espaços vazios dentro da rotina. Curtos momentos de pausa entre uma
atividade e outra são expandidos.”, explica Renata Del Caro.
· 53% porque
ajuda a passar o tempo;
· 50% seguem
porque os influenciadores são engraçados;
· 45% seguem
porque gostam de ver estilos de vida diferentes dos deles;
· 41% seguem
porque se sentem bem em ver pessoas que pensam como eles.
METODOLOGIA
A
etapa quantitativa da pesquisa #Hashtag Seguidores foi realizada por meio de questionários
online com 1.260 pessoas, de 14 a 55 anos, de todas as regiões do Brasil. A
etapa qualitativa foi composta de 30 entrevistas em profundidade presenciais e
online. A pesquisa se deu entre março e maio de 2019.
Diário
de Campo Pesquisa
Instagram: @Diário.de.Campo
LinkedIn: Diário
de Campo Pesquisa
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