Em sintonia com a tendência mundial a evolução do transporte elétrico no Brasil pode ser dada como certa no contexto dos negócios relacionados à mobilidade, em toda a sua abrangência. Os sinais são evidentes no País pela presença - maior a cada ano - de produtos e soluções em veículos, eletropostos e subsegmentos eletrificados, como patinetes e bicicletas, além de iniciativas de startups e importadoras que só fazem aumentar com a eletromobilidade.
No quesito tecnologias, a eletrificação começa agora avançar para modais
como a aviação. Não é de hoje que isso acontece. O programa SORA-e gerou o
primeiro avião elétrico tripulado de dois lugares produzido na América Latina,
que fez seu primeiro voo sobre São José dos Campos (SP) em 2015. Porém,
atualmente grandes grupos do segmento anunciaram o início de atividades
efetivas para o desenvolvimento de aeronaves elétricas tripuladas.
Possibilidades à parte é preciso considerar que a infraestrutura de
recarga para a mobilidade terrestre está entre os desafios a que os veículos
elétricos tenham seu uso intensificado no Brasil, na medida da necessidade de
uma nação como a nossa, de dimensões continentais. A dificuldade é real, mas
iniciativas como o Corredor Elétrico Sul, que estabelece condições de recarga
entre Curitiba (PR) e Florianópolis (SC), já estão em prática com o objetivo da
criação de uma malha de estações capaz de tornar viáveis as viagens em trechos
de longos percursos intermunicipais e interestaduais.
A importância da criação de eletrovias é indiscutível, mas essa é apenas
uma parte do complexo universo sinérgico que envolve a eletromobilidade no
Brasil, onde, diga-se, faltam usuários. Ainda carecemos de medidas capazes de
alavancar a introdução massiva de veículos leves e pesados propelidos por
eletrificação na frota local. Nessa ótica o transporte público de passageiros e
de cargas é o que se mostra mais propício à criação de rotas e ao uso de
estrutura planejada. No entanto, a infraestrutura para recarga de baterias de
uma frota de ônibus elétricos é outro desafio a ser resolvido, no mínimo quanto
aos seus custos, implicações para o entorno e a própria manutenção do sistema.
Mundo afora, os países que decidiram pela adoção dos propulsores
elétricos antes de nós ainda trabalham na tarefa de descobrir soluções locais
para fazer do elétrico um negócio rentável. É assim que deve ser. Soluções são
sempre o melhor que se pode fazer por um determinado tempo, até que novas
saídas sejam necessárias. Enquanto o governo alemão introduziu bônus ambiental
para fomentar a compra de carros elétricos para alcançar a meta de 1 milhão de
veículos no país até 2020, a qual está longe de conseguir, a Noruega ostenta a
maior concentração mundial de carros elétricos em relação ao número de
habitantes.
Por aqui a cadência é outra, e as oportunidades também. São imperativas
neste momento a discussão, atualização e análise do estado da arte do mercado
com as novas iniciativas e lançamentos, perante o panorama industrial e
econômico, a política industrial representada no ROTA 2030 e o envolvimento do
setor elétrico em projetos e modelos de negócio para eletromobilidade no País.
Esse será basicamente o foco do Simpósio SAE BRASIL de Veículos Elétricos e
Híbridos, agendado para 13 de agosto, em São Paulo.
Enquanto isso, o movimento brasileiro rumo à eletromobilidade segue seu
curso. Duas montadoras presentes no País instalaram suas manufaturas de VE’s
por aqui, uma para a fabricação de veículos leves (híbridos-etanol flexfuel) e
outra para pesados - ônibus (híbrido-elétrico flexfuel), e caminhão (puro
elétrico), já em operação em uma distribuidora de bebidas parceira no projeto.
Sim, os elétricos são viáveis no Brasil.
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