A educação socioemocional é uma
abordagem inovadora em relação à aprendizagem. Além da absorção do conteúdo
didático, ela também leva em consideração outras necessidades do estudante,
visando ajudar a constituí-lo como indivíduo inserido em sociedade.
Valores como responsabilidade,
empatia, ética, amizade, cidadania, honestidade, solidariedade, colaboração,
entre muitas outras características cada vez mais desejáveis nos
relacionamentos humanos, devem ser ensinados, praticados e estimulados no
ambiente escolar.
As novas diretrizes da Base
Nacional Comum Curricular (BNCC) exigem que, a partir de 2020, todas as escolas
brasileiras incluam em seus currículos habilidades socioemocionais. Mas, apesar
de a exigência ser uma novidade, o Colégio Elvira Brandão já atua no
desenvolvimento dessas habilidades há algum tempo.
Como incluímos as habilidades
socioemocionais no Elvira Brandão?
“Nosso principal escopo”, como
explica o articulador relacional do Elvira, Igor Bezerra Ramos, “é preparar o
estudante para a vida, não somente oferecendo competência técnica, mas
trabalhando a autenticidade e a cidadania para exercer seu papel social”.
Compreender que os estudantes
precisam se sentir apoiados, acolhidos e, sobretudo, seguros emocionalmente, em
um mundo contemporâneo volátil, inseguro, complexo e ambíguo, é cada vez mais
importante.
“Precisamos desenvolver a
consciência sobre si e sobre o outro, tanto nas instituições familiares quanto
escolares. É nesse ponto que entra o nosso eixo ensino-aprendizagem, que
pressupõe a necessidade de um investimento afetivo e emocional no processo
educativo, tanto da parte do estudante quanto do educador” completa Igor.
O Colégio Elvira Brandão é uma
escola sociointeracionista, que acredita na potência do trabalho coletivo e na
construção do conhecimento a partir das interações. As propostas pedagógicas da
escola são estruturadas a partir de metodologias ativas, onde a autonomia é
fundamental nesse cenário, pois, para o trabalho colaborativo, é necessário ter
empatia e respeito, habilidades socioemocionais presentes na nova base
curricular.
Outro pilar do Colégio é a
cultura maker, cujos processos também abrem um campo emocional permeado pelas
motivações, frustrações e cooperações dos estudantes. É um outro cenário para o
trabalho das competências e também para a prática dos educadores, que utilizam
o acolhimento, a escuta ativa e a facilitação para desenvolver essas
habilidades.
Os estudantes do Elvira contam
também com a colaboração do PROVE, parceiro do Colégio que convida jovens do 9º
ano do Ensino Fundamental II ao 3º ano do Ensino Médio a fazerem uma
autoanálise a partir de intervenções no campo socioemocional que atuam nos três
níveis de relação do indivíduo (consigo mesmo, com o outro e com o mundo).
O conceito de educação
socioemocional e seu pilares
Este conceito surgiu em 1994
quando um grupo de pesquisadores dos Estados Unidos se reuniu para criar a
Colaboração para Aprendizagem Acadêmica, Social e Emocional (CASEL, na sigla em
inglês). Mas a origem das ideias que levaram à sua elaboração data de muito
antes.
Desde a década de 1930, diversos
psicólogos vêm desenvolvendo pesquisas sobre a constituição da personalidade
humana, o que levou à emergência do conceito dos chamados “Big Five”. O Big
Five é um conjunto de eixos que abrigam qualidades ligadas aos traços de
caráter que, segundo a teoria, se combinam para criar capacidades como o
pensamento crítico e a criatividade. Esses eixos são: abertura ao novo;
consciência ou autogestão; extroversão ou engajamento com os outros;
amabilidade e, por último, estabilidade ou resiliência emocional.
Na prática, essa aplicação de
conceitos da psicologia somada à obra de outros grandes pensadores da educação
como Vygotsky, Piaget e Paulo Freire, se traduziu no reconhecimento, como diz a
especialista norte-americana Pamela Bruening, de que o aprendizado não se dá
alheio ao contexto social. E isso, por sua vez, levou a uma série de medidas
implementadas ao currículo de escolas norte-americanas, com a ajuda do CASEL.
Os resultados obtidos, como o governo federal veio a reconhecer, foram bastante
encorajadores.
A educação socioemocional se
baseia em cinco pilares, compreendidos como as capacidades positivas a serem
desenvolvidas pelos estudantes. São eles:
- Autoconhecimento.
- Autogestão, autogerenciamento ou autocontrole.
- Consciência social.
- Habilidades sociais ou habilidades de relacionamento.
- Tomada de
decisão responsável.
No rastro dos experimentos do
CASEL, outros países como o Canadá, a Austrália, a Finlândia e, recentemente, o
Brasil vêm implementando, com êxito, o pensamento da educação socioemocional –
o que não significa a aplicação mecânica de métodos preestabelecidos, mas a
elaboração de estratégias adaptadas para cada contexto, com base nesses
princípios.
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