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quinta-feira, 18 de julho de 2019

Educação socioemocional: as relações humanas no ambiente escolar


A educação socioemocional é uma abordagem inovadora em relação à aprendizagem. Além da absorção do conteúdo didático, ela também leva em consideração outras necessidades do estudante, visando ajudar a constituí-lo como indivíduo inserido em sociedade. 
 
Valores como responsabilidade, empatia, ética, amizade, cidadania, honestidade, solidariedade, colaboração, entre muitas outras características cada vez mais desejáveis nos relacionamentos humanos, devem ser ensinados, praticados e estimulados no ambiente escolar. 
 
As novas diretrizes da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) exigem que, a partir de 2020, todas as escolas brasileiras incluam em seus currículos habilidades socioemocionais. Mas, apesar de a exigência ser uma novidade, o Colégio Elvira Brandão já atua no desenvolvimento dessas habilidades há algum tempo.

 
Como incluímos as habilidades socioemocionais no Elvira Brandão?
 
“Nosso principal escopo”, como explica o articulador relacional do Elvira, Igor Bezerra Ramos, “é preparar o estudante para a vida, não somente oferecendo competência técnica, mas trabalhando a autenticidade e a cidadania para exercer seu papel social”. 
 
Compreender que os estudantes precisam se sentir apoiados, acolhidos e, sobretudo, seguros emocionalmente, em um mundo contemporâneo volátil, inseguro, complexo e ambíguo, é cada vez mais importante. 
 
“Precisamos desenvolver a consciência sobre si e sobre o outro, tanto nas instituições familiares quanto escolares. É nesse ponto que entra o nosso eixo ensino-aprendizagem, que pressupõe a necessidade de um investimento afetivo e emocional no processo educativo, tanto da parte do estudante quanto do educador” completa Igor. 
 
O Colégio Elvira Brandão é uma escola sociointeracionista, que acredita na potência do trabalho coletivo e na construção do conhecimento a partir das interações. As propostas pedagógicas da escola são estruturadas a partir de metodologias ativas, onde a autonomia é fundamental nesse cenário, pois, para o trabalho colaborativo, é necessário ter empatia e respeito, habilidades socioemocionais presentes na nova base curricular.
 
Outro pilar do Colégio é a cultura maker, cujos processos também abrem um campo emocional permeado pelas motivações, frustrações e cooperações dos estudantes. É um outro cenário para o trabalho das competências e também para a prática dos educadores, que utilizam o acolhimento, a escuta ativa e a facilitação para desenvolver essas habilidades. 
 
Os estudantes do Elvira contam também com a colaboração do PROVE, parceiro do Colégio que convida jovens do 9º ano do Ensino Fundamental II ao 3º ano do Ensino Médio a fazerem uma autoanálise a partir de intervenções no campo socioemocional que atuam nos três níveis de relação do indivíduo (consigo mesmo, com o outro e com o mundo).
 

O conceito de educação socioemocional e seu pilares
 
Este conceito surgiu em 1994 quando um grupo de pesquisadores dos Estados Unidos se reuniu para criar a Colaboração para Aprendizagem Acadêmica, Social e Emocional (CASEL, na sigla em inglês). Mas a origem das ideias que levaram à sua elaboração data de muito antes. 
 
Desde a década de 1930, diversos psicólogos vêm desenvolvendo pesquisas sobre a constituição da personalidade humana, o que levou à emergência do conceito dos chamados “Big Five”. O Big Five é um conjunto de eixos que abrigam qualidades ligadas aos traços de caráter que, segundo a teoria, se combinam para criar capacidades como o pensamento crítico e a criatividade. Esses eixos são: abertura ao novo; consciência ou autogestão; extroversão ou engajamento com os outros; amabilidade e, por último, estabilidade ou resiliência emocional.
 
Na prática, essa aplicação de conceitos da psicologia somada à obra de outros grandes pensadores da educação como Vygotsky, Piaget e Paulo Freire, se traduziu no reconhecimento, como diz a especialista norte-americana Pamela Bruening, de que o aprendizado não se dá alheio ao contexto social. E isso, por sua vez, levou a uma série de medidas implementadas ao currículo de escolas norte-americanas, com a ajuda do CASEL. Os resultados obtidos, como o governo federal veio a reconhecer, foram bastante encorajadores.
 
A educação socioemocional se baseia em cinco pilares, compreendidos como as capacidades positivas a serem desenvolvidas pelos estudantes. São eles: 

  • Autoconhecimento.
  • Autogestão, autogerenciamento ou autocontrole.
  • Consciência social.
  • Habilidades sociais ou habilidades de relacionamento.
  •  Tomada de decisão responsável.
     
No rastro dos experimentos do CASEL, outros países como o Canadá, a Austrália, a Finlândia e, recentemente, o Brasil vêm implementando, com êxito, o pensamento da educação socioemocional – o que não significa a aplicação mecânica de métodos preestabelecidos, mas a elaboração de estratégias adaptadas para cada contexto, com base nesses princípios.


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