Médicos-veterinários explicam o que pode e o que não pode na hora da
viagem
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), há
mais de 52 milhões de cães e 22 milhões de gatos no Brasil. E 61% dos tutores
desses animais os consideram como membros da família – o que explica o fato de
ser cada vez mais comum o planejamento de viagens com os pets, para que eles
participem das férias da família.
Para que esta experiência seja tranquila, tanto para os animais quanto
para os tutores, os médicos-veterinários do Conselho Regional de Medicina
Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP) dão algumas orientações e esclarecem
dúvidas frequentes neste período.
Pré-requisito: saúde em dia
“Antes de viajar com seu cão ou gato, uma visita ao médico-veterinário é
muito importante para garantir que ele está em boas condições de saúde. Isso
inclui observar se as vacinas e a vermifugação estão em dia, se ele está com
alguma medida preventiva atualizada para evitar pulgas ou carrapatos e se não
apresentou mudanças de comportamento recentemente. Outra função importante do
profissional é avaliar o destino da viagem, para receitar medidas protetivas de
acordo. Por exemplo, se vai à praia, tem que se proteger contra a
dirofilariose, a doença o verme do coração. Se vai a uma região endêmica, ver
se precisa de proteção contra leishmaniose, entre outras”, explica Carolina Filippos, que faz parte da
Comissão Técnica de Clínicos de Pequenos Animais do CRMV-SP.
Limitações físicas, doenças, idade avançada e sobrepeso são alguns dos
fatores que podem exigir repensar a ideia de viajar com o pet. Outra questão
aconselhada pela especialista é uma reflexão prévia sobre a região da viagem, o
trajeto necessário e o perfil do animal. “Meu cachorro ou gato se adapta
facilmente a um ambiente novo? Ele está acostumado a passear com a família ou
fica incomodado sempre que há uma alteração na rotina? Vamos para um lugar em
que o animal passará muito calor? Ele poderá ser incluído nos planos de passeio
das férias? Todas essas perguntas são relevantes para pensarmos se o bem-estar
do pet será assegurado durante a viagem propriamente dita e nos dias fora de
casa.”
Após uma avaliação cuidadosa e se estiver tudo bem, o médico-veterinário
poderá emitir um Atestado de Saúde do Animal, que deve ser levado na viagem,
junto com a carteira de vacinação do pet. “Ter em mãos um atestado de saúde
emitido por um médico-veterinário é uma garantia a mais em casos de
fiscalizações durante a viagem”, destaca Anne Pierre Helzel, assessora
técnica médica-veterinária do CRMV-SP.
Mais um aspecto importante a levar em conta e que precisará da
orientação do médico-veterinário, é se o pet toma alguma medicação controlada
ou de uso contínuo. Nas situações em que o tratamento é mantido, a receita
atualizada também deverá acompanhar a família.
Segurança sobre quatro rodas
Para transporte de animais em carro, o Código de Trânsito Brasileiro
prevê alguns cuidados. Animais no colo, no banco do carona ou com a cabeça fora
da janela podem resultar em situações de risco, tanto para os pets quanto para
os demais ocupantes do veículo, bem como multa.
Entre as opções permitidas, estão as caixas de transporte, que têm que
ser adequadas ao tamanho do animal, acopladas ao cinto de segurança, com
ventilação em todos os lados e porta e travas de ferro. Para cães maiores ou
que não ficam em caixas, também existem cintos de segurança que podem ser
ligados às guias. “Antes de sair para muitas horas de viagem, vale fazer um
teste, para ver se o animal se adapta a esses acessórios. E se não sente enjoo
em trajetos de carro”, lembra Carolina Filippos.
As pausas durante a viagem também são essenciais, a cada duas ou três
horas ou quando o comportamento do pet indicar que é preciso. “Além de
permitir que o animal ande um pouco e desestresse, as paradas são importantes
para que o pet possa tomar água, se refrescar e fazer suas necessidades”,
orienta a integrante da Comissão Técnica de Clínicos de Pequenos Animais.
Deve-se observar, ainda, a temperatura do veículo durante a viagem. A
dica é escolher os horários mais frescos do dia, para evitar o desconforto
térmico do animal.
Segurança nas alturas
Se a viagem for de avião, o primeiro preparativo é verificar as regras
da companhia aérea, pois as diretrizes podem variar de uma empresa para outra e
conforme o destino final. Uma das exigências é o Atestado de Saúde do Animal,
assinado por um profissional registrado no Conselho Regional de Medicina
Veterinária.
Para o transporte internacional de animais, também serão solicitados
outros dois documentos: o Certificado Veterinário Internacional (CVI), que
deverá ser emitido para cada viagem que o animal for realizar, ou o Passaporte
para Trânsito de Cães e Gatos, que poderá ser reutilizado em várias viagens.
Ambos são emitidos de graça pelo Sistema de Vigilância Agropecuária
Internacional (Vigiagro), do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (Mapa). Vale salientar que, para a concessão do passaporte, é
obrigatória a identificação eletrônica do animal, por meio de um microchip.
As documentações possuem a finalidade de atestar as condições de saúde
do animal e o cumprimento das condições sanitárias exigidas para o trajeto até
o país de destino.
“A reflexão sobre a necessidade da viagem é ainda mais importante no
caso do avião, pois o animal precisaria ficar mais tempo na caixa de
transporte, no compartimento destinado aos animais, ou mesmo na cabine junto
com os tutores, enfrentando diferença de pressão e barulho”, alerta Carolina Filippos.
Já quando se fala em viagens de navio, animais como passageiros são mais
raros, afinal a maior parte das companhias não permite – a não ser nos casos de
cães-guia.
Outras dicas
Independentemente do pet ser treinado e manter a calma durante viagens,
uma precaução a ser tomada antes de sair de casa é providenciar uma
identificação para a coleira do pet, inserindo nome, endereço e contato dos
tutores.
Por fim, na visita ao médico-veterinário, este profissional também
poderá auxiliar o tutor na montagem de um kit de primeiros socorros
personalizado, de acordo com as características de cada pet. “Os
medicamentos imprescindíveis vão depender do animal. De modo geral, podemos
indicar analgésicos, antieméticos (contra enjoos), anti-histamínicos (para
reações alérgicas), pomada cicatrizante e colírio lubrificante, sempre com
exame prévio de um médico-veterinário para atestar que o pet está em condições
de receber tais medicações”, explica Carolina.
Além de medicamentos, a médica-veterinária indica a inclusão de insumos
para pequenos curativos, como soro fisiológico para lavagem de feridas, solução
antisséptica, esparadrapo microporado, gazes e bandagem. Tudo isso contribuirá
para uma viagem mais tranquila, com momentos de lazer para todos.
Sobre o CRMV-SP
O CRMV-SP tem como missão promover a Medicina Veterinária e a Zootecnia,
por meio da orientação, normatização e fiscalização do exercício profissional
em prol da saúde pública, animal e ambiental, zelando pela ética. É o órgão de
fiscalização do exercício profissional dos médicos-veterinários e zootecnistas
do Estado de São Paulo, com mais de 37 mil profissionais ativos. Além disso,
assessora os governos da União, Estados e Municípios nos assuntos relacionados
com as profissões por ele representadas.
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