Pelo menos 70% das mulheres com câncer de mama em estágio
inicial puderam realizar outros tratamentos
Pesquisadores membros da Sociedade Brasileira de Mastologia
comprovaram através de um estudo com 111 mulheres atendidas pelo Sistema Único
de Saúde (SUS) no Hospital Pérola Byington, em São Paulo, que em muitos casos
as pacientes são tratadas com quimioterapia sem necessidade. A constatação foi
comprovada após realização do teste genético Oncotype DX, que mostrou que 69,7%
mulheres com câncer de mama em estágio inicial (diagnosticadas com tumores de
até 1 cm) não precisariam da indicação de quimioterapia e puderam recorrer a
outros tratamentos.
De acordo com o mastologista André Mattar, coordenador da
pesquisa, os resultados mostraram que a recomendação médica inicial de
prescrever quimioterapia para todas as mulheres diagnosticadas com tumores
iniciais poderá ser repensada. “A indicação é feita hoje para todas por conta
da dificuldade de prever se o câncer irá evoluir ou não de forma agressiva. A
estratégia agora é indicar tratamento mais individualizado, dependendo de cada
caso, e não generalizado”, explica.
O médico conta que antes do teste genético, 109 mulheres tinham
critérios clínicos para a quimioterapia. Após o exame, apenas 33 foram
recomendadas e as demais receberam indicação de hormonioterapia, um tratamento
menos agressivo, e radioterapia, quando necessário. “Ao detalhar o risco de
agressividade do tumor de mama, o teste genético possibilitou uma previsão
sobre a resposta do câncer aos tratamentos disponíveis e uma decisão
terapêutica mais adequada para cada caso. E quanto mais precoce, mais chance de
ser curável”, afirma ele.
Além de gerar uma economia para o governo, evitar que as
pacientes façam quimioterapia significa poupá-las de efeitos colaterais
devastadores como fadiga, náuseas e perda de cabelo. “Há outros custos
indiretos como tempo de deslocamento até o hospital, internações, falta ao
trabalho e possíveis sequelas do tratamento”, completa.
Outro entrave é o custo elevado do teste genético, que é de R$
13 mil cada um, não está disponível no SUS e apenas algumas operadoras de saúde
cobrem. “É preciso que estudos econômicos sejam feitos para mostrar a relação
de custo e efetividade para que o governo avalie e possa pagar pelo teste”, diz
Mattar. O estudo contou também com a parceria do grupo Fleury.
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