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sexta-feira, 31 de maio de 2019

Indicação: cirurgia minimamente invasiva de crânio


Sem cicatriz, mínimo desconforto e menor chance de complicações – além de alta mais rápida –, cirurgias minimamente invasivas beneficiam quem enfrenta problemas de saúde, como tumor na hipófise. Glândula fica no cérebro e produz hormônios que controlam funções vitais


Jéssyca Campos, de 31 anos, considera que renasceu no ano passado. Ela havia descoberto um tumor na hipófise, três anos antes, embora, na época, não tivesse nenhum sintoma, dor ou mal-estar. Após exames de rotina, o ginecologista percebeu que seus níveis de prolactina no sangue estavam levemente aumentados. Assim, pediu exame de ressonância magnética e descobriu o tumor. “Realmente foi um susto; quando se fala em tumor no cérebro, é como se estivesse recebendo uma sentença”, contou Jéssyca. Sem filhos, a técnica em contabilidade – que se diz muito curiosa – estudou sobre a doença, ouviu médicos e percebeu que a medicina oferece tratamentos efetivos para eliminar o problema. 

“A grande maioria dos tumores originados na hipófise é benigna. São chamados de adenomas hipofisiários e representam de 10 a 15% de todos os tumores intracranianos. A incidência é alta, 22,5% da população, segundo estudos radiológicos recentes. Por isso a importância das pessoas saberem que é uma doença que pode ser curada. Se o tumor não responde ao tratamento com medicamentos, a opção por uma cirurgia moderna e com mínima agressão ao organismo pode ser realizada com sucesso, como foi o caso da Jéssyca”, apontou o neurocirurgião Victor Vasconcelos.

O médico esclarece que se trata da chamada cirurgia minimamente invasiva, cujo objetivo é a máxima preservação da anatomia com intervenção pequena, mas suficiente para resolver o problema. “Ausência de cicatriz, menos desconforto pós-operatório, menor taxa de complicações, recuperação mais rápida, alta hospitalar precoce, mais conforto do paciente pós-alta e volta mais rápida para as atividades habituais. Todos esses são os benefícios”, esclarece Dr. Victor.  Segundo ele, a utilização de equipamentos cirúrgicos modernos como microscópio, endoscópio e técnicas percutâneas possibilitam o avanço contínuo destes tipos de procedimento. “Mas tem de haver a comprovação científica de que a técnica será eficaz; afinal, de nada adiante a cicatriz não aparecer se a doença não for curada”, aponta.


Sem tumor

Jéssyca começou um tratamento com medicamentos para reduzir o tamanho do tumor. Porém, fez mais exames e soube que seu corpo não respondeu aos remédios. O tumor havia crescido e começou a comprimir o nervo óptico. “Nessa fase, enfrentei uma crise depressiva. Passei a ter fortes dores de cabeça e no fundo dos olhos. Meu trabalho começava a ficar comprometido”, lembra. Assim, não havia outro caminho que não a cirurgia. “A surpresa foi saber que o procedimento seria bem menos agressivo do que eu esperava. Com muita confiança no neurocirurgião, fiz a cirurgia para ressecção do tumor cerebral em setembro, realizada através do nariz. Não tenho cicatriz, fiquei pouco tempo internada e o melhor, estou livre da doença e, claro, sem nenhuma dor. Considero Que renasci depois da cirurgia”, conta. 
O que faz a hipófise?

O neurocirurgião Victor Vasconcelos diz que a hipófise produz vários hormônios que controlam as funções vitais, além de estimular outras glândulas, como a tireoide e as suprarrenais. “Não são todos os tumores na hipófise que apresentam sintomas ou sinais clínicos. Geralmente crescem lentamente, podendo levar à deficiência hormonal ou mesmo a hiperprodução, causando doenças graves como acromegalia, que é a produção do hormônio do crescimento em excesso ou a doença de Cushing, que ocorre devido à elevada quantidade de cortisol no sangue, causando sintomas como rápido aumento de peso e acúmulo de gordura na região abdominal e face”, diz. 

“Também determinam problemas neurológicos, principalmente relacionados à visão, e podem levar até a cegueira”, diz. De acordo com o médico, o tratamento dos tumores na hipófise é essencialmente cirúrgico quando não respondem ao tratamento medicamentoso. “Alguns casos, há a possibilidade da tentativa de tratamento com medicamentos. Há casos em que fazemos a combinação de remédios e cirurgia e também podem ser necessárias radioterapia ou radiocirurgia como tratamentos complementares. Tudo depende do caso e do tipo do tumor”, ensina. 

Dr. Victor conta que na última década – com o desenvolvimento de equipamentos de imagens de alta definição que permitem a visualização panorâmica e detalhada do tumor, da hipófise e das estruturas neurovasculares adjacentes – a técnica minimamente invasiva se tornou a melhor opção para a ressecção destes tumores.

“Antes, as cirurgias transnasais poderiam levar a deformidades do nariz e alterações de sensibilidade das gengivas e dos dentes, além de obter uma visualização difícil da região da cirurgia. Atualmente, os riscos são mínimos, temos melhores resultados, menos complicações e muito menos dor nos pacientes”, afirma. Ele aponta também que a atuação de equipe multidisciplinar especializada é imprescindível, com atuação de neurocirurgiões, neurologistas, otorrinolaringologistas, oftalmologistas, endocrinologistas, oncologistas, radiologistas e, eventualmente, radioterapeutas.






Victor Vasconcelos - neurocirurgião especializado em patologias do crânio e da coluna, com ênfase no tratamento de tumores cerebrais e neurocirugia minimamente invasiva. É especializado pela universidade americana (Ohio State University) em cirurgia endoscópica minimamente invasiva. Atua como neurocirurgião do Hospital Boldrini e do Instituto Radium de Oncologia. Ele compõe o corpo clínico credenciado para cirurgias em hospitais referência de Campinas e de São Paulo e é membro titular da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia. http://neurocirurgiacampinas.com.br/


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