De cada 100 casos de câncer, 40 estão associados ao
cigarro. E quem fuma tem, em média, 14 anos a menos de expectativa de vida
Há uma proposta em
andamento para reduzir o imposto sobre cigarros que aguarda decisão do
Ministério da Justiça até o fim de junho. Oncologista alerta que a decisão
favorável é uma tragédia anunciada
O
tabagismo é considerado a maior causa evitável de morte no mundo. Estima-se que
100 milhões de pessoas tenham morrido no século 20 em decorrência do
fumo. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam para 7 milhões
de mortes ao ano, sendo 12% dessas mortes em fumantes passivos. Só no Brasil
são 400 mortes por dia, 20 mortes por hora, por doenças causadas pelo tabaco,
um impacto gigantesco na saúde e na economia.
Segundo o oncologista clínico do Grupo SOnHe –
Sasse Oncologia e Hematologia, Vinícius Conceição, de cada 100 casos de câncer,
cerca de 40 estão associados ao cigarro. “Os pacientes que fumam têm em média
14 anos menos de expectativa de vida em relação a quem não fuma. Está cada vez
mais claro que os tabagistas passivos (aqueles que não fumam, mas convivem de
perto com quem fuma) também têm mais chances de desenvolver doenças cardíacas,
pulmonares e câncer de pulmão, cabeça e pescoço, esôfago e bexiga. Portanto, se
a população mundial parasse de fumar, um terço dos casos de câncer seriam
evitados”, afirma.
De acordo com o médico, os tumores associados ao
cigarro tendem a ser mais agressivos, devido a biologia associada ao surgimento
do câncer nessa situação. “São mais de 7.000 compostos químicos em um único
cigarro, dentre os quais, pelo menos 250 são reconhecidamente prejudiciais e
mais de 50 são sabidamente cancerígenos. Essas substâncias causam danos no DNA
da célula normal, produzindo muitas mutações genéticas. Quanto maior o número
de mutações, pior tende a ser o tumor e menor a sua resposta ao tratamento”,
explica.
Para o médico, em poucos anos o câncer se tornará a primeira maior causa de
morte no mundo. “Bilhões em dinheiro são gastos anualmente em tratamentos
relacionados ao tabaco e milhões de pais, de mães e de filhos têm suas vidas
ceifadas por esse que é o grande mal dos últimos séculos. Além disso, a proposta do atual governo em andamento
para reduzir o imposto sobre cigarros seria uma
tragédia anunciada e contribuiria
para o aumento do número de fumantes e acarretaria mais custos financeiros para
a saúde e de vidas”, alerta o médico.
Novos vilões: narguilé e cigarro eletrônico
Embora o ato de fumar venha caindo nos países desenvolvidos e no Brasil,
estima-se que um em cada quatro homens e uma em cada vinte mulheres ainda
fumem. “Hoje 12% da população brasileira é tabagista, menos da metade de duas
décadas atrás. E isso foi conquistado com políticas mais duras como aumento dos
impostos sobre o cigarro, proibição de propagandas, restrição do uso em
ambientes fechados e uso de fotos nas embalagens que mostram os efeitos
deletérios causados pelo hábito”, assegura David Pinheiro Cunha, também
oncologista do Grupo SOnHe.
Outra boa notícia é que o número de fumantes
passivos também vem diminuindo assim como o uso entre os jovens. Mas
ainda assim, o Brasil ocupa a oitava posição no ranking em número absoluto de
tabagistas. E, no mundo moderno, os riscos podem simplesmente mudar de
roupagem. É o caso do uso crescente do narguilé e do cigarro eletrônico.
“Segundo dados OMS consumir uma rodada narguilé é equivalente a fumar 100 cigarros. Os riscos para a
saúde estão relacionados com inalação de monóxido de carbono, hidrocarbonetos
aromáticos e aldeídos voláteis, substâncias encontrados no cigarro. Já o modelo eletrônico armazena nicotina líquida,
água, substâncias aromatizantes e solventes que, alimentado por uma bateria,
produz um vapor com tais compostos, é erroneamente utilizado como uma
ferramenta para cessar o tabagismo ou uma forma ‘segura’ de fumar. Ele contém
menos substâncias tóxicas, pois não queimam o tabaco, mas ainda não se sabe os
danos que podem causar em longo prazo. Muitas vezes difundidos como hábitos inofensivos, na realidade não são
seguros e devem ser evitados”, afirma David.
Vinícius Correa da Conceição -
oncologista graduado pela Unicamp, visiting fellow no serviço de oncologia do
Instituto Português de Oncologia (IPO). Médico assistente da Oncologia da
Unicamp, com função docente junto aos graduandos da medicina e residentes da
disciplina de oncologia. Como membro do Grupo SOnHe – Sasse Oncologia e
Hematologia, Vinícius é oncologista do Hospital Vera Cruz, no Instituto Radium
de Campinas e do Hospital Santa Tereza. Membro titular da Sociedade Americana
de Oncologia Clínica (ASCO) e da Sociedade Europeia de Oncologia (ESMO).
David
Pinheiro Cunha - formado em
oncologia clínica pela Unicamp, realizou estágio no serviço de oncologia e
pesquisa clínica em Northwestern Medicine Developmental Therapeutics Institute,
Chicago, Illinois, EUA; membro titular da Sociedade Americana de Oncologia
Clínica (ASCO). Oncologista no Hospital da PUC- Campinas, onde desenvolve supervisão
dos residentes. Como membro do Grupo SOnHe – Sasse Oncologia e
Hematologia, David é oncologista do Hospital Vera Cruz, no Instituto Radium de
Campinas e do Hospital Santa Tereza.
Grupo SOnHe
- Sasse Oncologia e Hematologia
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