Produzir alimentos é um dom, uma riqueza e jogamos coisa fora!
O
desperdício de alimentos no Brasil foi medido dentro do projeto Diálogos Setoriais
União Europeia-Brasil, em conjunto com a Embrapa e realizada pela Fundação
Getúlio Vargas (FGV). O resultado é triste, mostra a urgência em combatermos
esse grave desvio: cada brasileiro desperdiça mais de 40 quilos de comida por
ano.
Temos
problemas estruturais que são determinantes, começam por ineficiências dos
equipamentos para a colheita, pelas deficiências e desarticulação entre vários
modais de transportes e pelos limites estruturais de nosso armazenamento.
Neste artigo, porém,
abordo a questão comportamental que também muito contribui para este
desperdício.
Apesar
de todas as mudanças culturais que o mundo vem passando, ainda agimos como se
sobrar comida fosse bom, sinônimo de fartura. A FGV e a Embrapa buscaram
pesquisar as principais causas desta atitude, analisando as sobras de alimentos
em pratos, panelas ou armazenados na geladeira. Mais de metade (53%) dos
entrevistados disse que cozinha quantidades acima do necessário. E não se trata
de uma questão de classe social: o desperdício está tanto nas mesas dos mais
ricos quanto dos mais pobres.
Os
pesquisadores descobriram também que a dupla arroz e feijão vem em primeiro
lugar, representando aproximadamente 36% do volume de alimentos que vão para o
lixo. Na sequência aparecem as carnes (bovina e frango) com 35%. Comida no lixo
é algo inaceitável em um país onde cerca de 5,2 milhões de pessoas ainda são
subnutridas, de acordo com a Organização das Nações
Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).
Temos
milhões de pessoas que mundo afora passam fome, são números que devem
ser enfrentados por todos, desde a produção, passando pela logística de
transporte e armazenagem e chegando à mesa. Este problema não afeta só o bolso
da população, mas impacta o meio ambiente.
Boas iniciativas vão
na contramão disto, como Secretário da Agricultura e Abastecimento do Estado de
São Paulo (2015-2018) fortalecemos os CONSEAS, por meio da Coordenadoria de
Desenvolvimento dos Agronegócios (Codeagro), concebemos publicações gratuitas
que ensinam como aproveitar os alimentos de forma integral, poupando o bolso e
a natureza ao mesmo tempo.
A população pode
adotar hábitos simples, mas que têm um grande efeito. Atitudes como cozinhar
apenas a quantidade certa a ser consumida. Mesa farta é bonita, mas mesa consciente
é mais ainda.
Como deputado
federal, tive em 2010 a oportunidade de trabalhar pelo reaproveitamento com a
Lei Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Ela abarca os resíduos orgânicos -
responsáveis hoje por 50% da quantidade gerado todos os dias nos municípios,
estimula alternativas de tratamento como compostagem e o aproveito energético e
do problema podemos ter boa solução.
Os Objetivos do
Desenvolvimento Sustentável trazidos na Agenda 2030, da Organização das Nações
Unidas, faz um alerta global e conclama a todos para diminuirmos a quantidade
de comida que é jogada fora. Desperdiçar é pecado, vamos fazer nossa parte!
Arnaldo Jardim - Deputado Federal -
PPS/SP
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