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domingo, 20 de janeiro de 2019

USO DA ASPIRINA DUPLICOU O RISCO DE CÂNCER DE PELE EM HOMENS


Os homens que tomam aspirina uma vez ao dia têm quase o dobro do risco de melanoma em comparação com os homens que não são expostos à aspirina diariamente, relata um estudo recente  da Northwestern Medicine


O acido acetilsalicílico (AAS) ou aspirina é usado há mais de 115 anos, e é um dos medicamentos mais populares do mundo (quase metade das pessoas com 65 anos ou mais relataram tomar aspirina diariamente ou em dias alternados, de acordo com um estudo de 2005 nos EUA). No Brasil as taxas de consumo desse medicamento também são muito altas e com muito sucesso na prevenção de doenças cardíacas. Além de funcionar como anti-inflamatório, analgésico e ser usado até na prevenção do câncer de estômago, de cólon, próstata e mama. Nesses casos, inclusive, os pesquisadores deixam claro que o uso da aspirina não deve ser interrompido.
O estudo da Northwestern Medicine coletou dados dos prontuários de quase 200.000 pacientes expostos à aspirina e também não-expostos ao medicamento (grupo controle), com idades entre 18 e 89 anos, sem história prévia de melanoma e com um tempo de acompanhamento - de pelo menos cinco anos. "Os homens expostos à aspirina tiveram quase o dobro do risco de diagnóstico de melanoma em comparação com os homens da mesma população que não foram expostos à aspirina. Entre os tipos de câncer de pele, o melanoma  é o mais agressivo, com potencial para causar metástases à distância e até morte quando não diagnosticado e tratado em tempo", afirma a dermatologista Valéria Campos. 
As mulheres, no entanto, não tiveram um risco aumentado nesta grande população de pacientes ressalta a médica. "Entre as inúmeras possibilidades, os pesquisadores avaliaram que a razão das mulheres serem mais resistentes pode estar relacionado ao fato de que entre os seres humanas e os animais, os machos apresentam uma quantidade menor de enzimas protetoras em comparação às fêmeas".
Dado o uso disseminado da aspirina e o potencial de impacto clínico da ligação ao melanoma, os pacientes e os prestadores de cuidados de saúde precisam estar cientes da possibilidade de aumento do risco para os homens. Qualquer paciente com risco elevado de câncer de pele, e que também faz uso do AAS, deve fazer um autoexame da pele a cada 6 meses. Para a Dra. Valéria é obrigatório aumentar a educação do paciente sobre a exposição ao sol, sobre o uso de proteção solar efetiva, da proibição de câmaras  de bronzeamento artificial e sobre a necessidade de fazer exames anuais com um dermatologista ou até semestralmente, especialmente para indivíduos que já estão em alto risco de câncer de pele. "Isso não significa que os homens devam interromper a terapia com aspirina para reduzir o risco de ataque cardíaco conforme já dito anteriormente", complementa a especialista.
AUTOEXAME DA PELE 
De cada 10 diagnósticos de câncer no Brasil 3 são de pele. O ideal é que as pessoas com predisposição à doença tenham acesso a um mapeamento com dermatoscopia feito por um dermatologista. "Infelizmente nem todos tem acesso a essa tecnologia, mas com o uso do celular é possível fazer um mapeamento caseiro para acompanhamento e controle das pintas e lesões", explica a Dra. Valéria. Nesse autoexame com o uso do celular, basta dividir o corpo em quadrantes e tirar as fotos. Em média são necessárias 12 fotos que devem ser repetidas a cada 6 meses e comparadas, em caso de mudanças o medico deve ser consultado. " Inclusive eu uso essa técnica no meu consultório para os pacientes fazerem esse controle em casa  entre as sessões de mapeamento no consultório. É muito simples e eficaz", conclui a médica.


   
Dra. Valéria Campos -médica pela Faculdade de Medicina da Universidade Estadual Paulista (UNESP) Botucatu. É especialista em Dermatologia pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e Mestre pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Dra. Valéria Campos é membro do Departamento  de Laser da SBD entre os anos de 2015-2016, sendo especialista no assunto pela Harvard Medical School e pelo Massachussets General Hospital. Dra. Valéria Campos também é membro do Comitê Internacional da Revista Dermatologia & Cosmética da España.  

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