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quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Síndrome do Fim de Ano: 80% das pessoas têm um nível de estresse maior neste período


 As pessoas tornam-se aflitas, inquietas e ansiosas sem saber identificar o porquê dessas sensações, afirma especialista


O fim de ano é sempre um período complicado, é um momento de balanços bons e ruins, com planejamento apertado e até frustrado, angústia, ansiedade e nervos a flor da pele. Há preocupação com os preparativos para o natal, presentes, viagem, confraternizações e por aí vai. E no trabalho as tarefas se multiplicam e as pendências se acumulam. As ruas ficam mais movimentadas e o trânsito, muitas vezes, mais caótico do que o normal. Sem falar na expectativa para o ano que está por vir. Isso tudo pode "desembocar" na chamada Síndrome do Fim de Ano. A correria para fazer tudo ao mesmo tempo pode afetar seriamente a saúde física e mental, com alterações no sono e problemas estomacais e cardíacos.

Uma pesquisa realizada pela International Stress Management Association Brasil (ISMA-BR), associação internacional que estuda o estresse, analisou 678 pessoas, entre elas homens e mulheres de 25 a 55 anos. E o resultado mostrou que, de fato, 80% têm um nível de estresse maior no final do ano.

"Novembro vai chegando, começamos a nos preparar com enfeites e decorações, e as perguntas entre famílias e amigos já começam a circular 'onde vai passar o Natal... e o Ano Novo?'. Pronto, o que era para ser apenas uma pergunta com uma simples resposta, nasce um monstro dentro das nossas mentes, com gorro de culpa e saco de compromissos. Criamos uma expectativa e nos deixamos seduzir pela 'histeria coletiva' que vivemos todos os finais de ano. Percebo que um dos principais motivos geradores de ansiedade nessa época é, muitas vezes, deixar o que se quer de lado para fazer aquilo que o outro espera, que o outro almeja. Há, inclusive, um ponto em comum nas pessoas que atendo: todas querem paz, um momento de tranquilidade, seja sozinhas ou com os entes queridos. Um desejo quase sempre frustrado", esclarece Dr. Ygor Czovny, psiquiatra da Clínica Maia.

O especialista conta, ainda, que alguns dos seus pacientes chegam a confessar a vontade de pular esta época do ano, se fosse possível. "E há aqueles que, neste período, ficam notoriamente aflitos, inquietos e ansiosos, porém não sabem identificar a origem dessas sensações", destaca.

Este é um momento ligado também a doenças como depressão, síndrome do pânico, transtorno de ansiedade e até mesmo dependência química. Para Ygor, o grande problema está nas prioridades tomadas pelas pessoas nesta época. 

"Passamos o ano todo no 'corre-corre', com compromissos, trabalho, filhos, enfim, uma lista infindável de afazeres. E então chega, finalmente, o momento que poderíamos sentar com calma e avaliar tudo o que vivemos, direcionar aquilo que ainda pode ser feito, e limpar a nossa mente cheia e cansada. Só que deixamos isso de lado para se enroscar com mais obrigações e mais preocupações. Se não 'limpamos a mente' disso tudo, o que temos de volta? 

Depressão, ansiedade e suas variantes como o pânico, assim como o uso de substâncias químicas para de alguma forma deixar isso tudo, equivocadamente, mais leve", alerta o psiquiatra.

A prevenção tem dois caminhos: esquecer um pouco os anseios alheios e olhar mais para si, para as próprias vontades, e também, se necessário, pode ser importante procurar ajuda profissional para lidar melhor com este momento que se torna insuportável para algumas pessoas. Czovny dá algumas dicas.

"Nós somos os seres mais importantes das nossas vidas, precisamos nos priorizar mais. Procure também visualizar tudo o que já tem ao seu redor e não no que sente falta. E, embora muitas coisas estejam um caos, a perfeição está nele também; não temos controle de nada, apenas as possibilidades de escolhas. Permita-se passar o Natal e o Réveillon onde efetivamente tem vontade de estar e não se prenda àquilo que não é possível realizar. Seguir as expectativas dos outros é a maior ilusão que existe, assim como tentar apagar o que vivemos é uma profunda ignorância, pois todas as experiências são importantes. Elas fazem parte do que nós somos", conclui.



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