Semana Mundial do
Uso Consciente de Antibióticos acontece de 12 a 18 de novembro e serve de
alerta também no cuidado com os animais
A má utilização de antibióticos tem levado à
resistência de micro-organismos, o que compromete a ação dos medicamentos e
gera problemas de saúde pública de grande impacto. O alerta vale também para a
Medicina Veterinária, área em que o uso indiscriminado de antimicrobianos afeta
não apenas a saúde animal, mas a população como um todo. Afinal, de acordo com
os Centros para Controle e Prevenção de Doenças (CDC), vinculados ao
Departamento de Saúde dos Estados Unidos, uma em cada cinco infecções
resistentes são causadas por micro-organismos oriundos de alimentos e animais.
De acordo com o médico-veterinário Carlos Augusto
Donini, presidente da Comissão Técnica de Políticas Públicas do Conselho
Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), o uso de
produtos antimicrobianos atende às demandas da saúde animal, por meio do
controle eficiente e necessário das doenças infecciosas.
Ele ressalta, porém, que “a utilização dessas
substâncias deve seguir critérios rigorosos de procedimentos, feitos
exclusivamente por médicos-veterinários, por representar uma linha tênue entre
a cura adequada e o impacto da disseminação do possível agente infeccioso
determinado pela resistência antimicrobiana”.
A resistência aos antibióticos é uma defesa natural
das bactérias e possui uma alta capacidade de disseminação. Segundo Donini,
essa resistência é consequência, sobretudo, da escolha de substâncias
ineficazes, doses insuficientes e prazos reduzidos da medicação, assim como o
uso indiscriminado sem a devida avaliação médica-veterinária. “Além disso, há a
incapacidade de função e resposta do organismo afetado, uma vez que se
considera que o tratamento eficaz atua sobre cerca de 10% a 20% da carga
microbiana invasora, sendo a infecção resolvida pelo organismo imunologicamente
competente” explica.
Em animais de companhia, os antibióticos são
utilizados para prevenir e tratar lesões e infecções que comprometem o contato
com humanos, principalmente idosos, crianças e imunocomprometidos, e também com
outros animais. Infecções bacterianas não controladas podem se espalhar,
invadindo os tecidos vizinhos, ou ainda se disseminarem para outras partes do
corpo.
“Após o diagnóstico e a avaliação clínica, o
tratamento é estabelecido segundo o tipo de substância eleita, dose e duração
específicos de cada caso. O acompanhamento sistemático confirmará a resposta e
eficácia do tratamento proposto” esclarece Donini.
No caso de animais de produção, os antibióticos não
estão sendo administrados apenas para o tratamento de enfermidades. O
médico-veterinário Cláudio Régis Depes, membro da Comissão Técnica de Saúde
Pública do CRMV-SP, informa que essas substâncias costumam ser administradas
também em animais sadios como forma de controle e prevenção, quando uma
proporção dos animais do grupo apresenta a enfermidade ou quando há
probabilidade do surgimento da doença.
A medicação também vem sendo utilizada com a
finalidade de aumentar a produção. “Neste caso, o antibiótico é administrado a
animais sãos em crescimento, através de alimento ou água, para promover um
aumento maior de peso corporal, durante um prazo definido, ou para melhorar a
conversão de alimento a peso corporal” relata. Esses métodos estão sendo
revistos, sendo que alguns deles já foram, inclusive, proibidos em diversos
países.
Uso responsável e boas práticas são deveres de
todos
O atual desafio é preservar a eficácia e a
disponibilidade dos antibióticos, por meio do uso responsável associado a boas
práticas de prevenção, conforme observa Cláudio Regis Depes. “É possível
reduzir a necessidade do uso de antimicrobianos utilizando conceitos de
prevenção de enfermidades, assim como boas práticas de produção, higiene,
biossegurança e programas de vacinação”, reforça.
Para o controle eficaz da resistência
antimicrobiana também é importante a mobilização de produtores e tutores quanto
ao uso correto da medicação. Para isso, Depes recomenda:
- utilizar
medicamentos apenas com prescrição e seguindo sempre as orientações de um
médico-veterinário;
- respeitar
as doses, duração do tratamento prescrito, mesmo quando o animal parecer
recuperado;
- implementar
medidas e recomendações práticas destinadas a melhorar a sanidade e
bem-estar dos animais;
- comprar
produtos registrados e de estabelecimentos devidamente autorizados para a
sua comercialização;
- manter os registros dos tratamentos prescritos a seus animais.
Sobre a Semana Mundial do Uso Consciente de
Antibióticos
A Semana Mundial do Uso Consciente de Antibióticos é promovida anualmente, no mês de novembro, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), com apoio da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) e da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). O objetivo é aumentar a conscientização global e incentivar as melhores práticas entre o público em geral, trabalhadores da saúde e formuladores de políticas públicas para evitar o surgimento e disseminação da resistência aos antibióticos.
A Semana Mundial do Uso Consciente de Antibióticos é promovida anualmente, no mês de novembro, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), com apoio da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) e da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). O objetivo é aumentar a conscientização global e incentivar as melhores práticas entre o público em geral, trabalhadores da saúde e formuladores de políticas públicas para evitar o surgimento e disseminação da resistência aos antibióticos.
Sobre o CRMV-SP
O CRMV-SP tem como missão promover a Medicina Veterinária e a Zootecnia, por meio da orientação, normatização e fiscalização do exercício profissional em prol da saúde pública, animal e ambiental, zelando pela ética. É o órgão de fiscalização do exercício profissional dos médicos-veterinários e zootecnistas do Estado de São Paulo, com mais de 35 mil profissionais ativos. Além disso, assessora os governos da União, Estados e Municípios nos assuntos relacionados com as profissões por ele representadas.
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