Mais do que procurar “culpados”, família e
escola devem se unir para ajudar a criança a superar o distúrbio e nunca
esquecer de que a limitação pode ser passageira
Nós,
seres humanos, somos excessivamente sociais. Temos a possibilidade de nos
comunicarmos por meio da linguagem. E a comunicação é uma atividade social,
rica e complexa, que envolve competências linguísticas, cognitivas e
pragmáticas. Existem no cérebro áreas destinadas para atender essa demanda
social e cultural. Hoje, por meio da neurociência, é possível compreender o
processamento e a armazenagem da linguagem no cérebro de forma mais clara.
Assim,
descobriu-se que o processo de linguagem não é linear; pode ocorrer uma
alteração adquirida da linguagem, de causa neurológica, caracterizada pelo
comprometimento linguístico da produção e compreensão de material verbal, da
leitura e da escrita. Estudos mais recentes revelam que as lesões subcorticais
podem originar alterações de linguagem, denominadas afasias subcorticais, ou
atípicas. As dificuldades relacionadas na aquisição e no uso da audição, fala,
leitura, escrita, raciocínio ou habilidades matemáticas estão relacionadas às
disfunções no sistema nervoso central. Mas é importante que fique claro que
muitas crianças que são diagnosticadas com dificuldades de aprendizagem
apresentam inteligência normal, e não demonstram desfavorecimento físico,
emocional ou social.
No
caso da dislexia, ocorre uma falha no processamento da habilidade da leitura e
da escrita, um atraso no desenvolvimento ou a diminuição em traduzir sons em
símbolos gráficos e compreender qualquer material escrito. Etimologicamente,
dislexia deriva dos conceitos “dis” (desvio) + “lexia” (leitura), sendo um
distúrbio de origem neurobiológica, que dificulta o reconhecimento preciso
e/ou fluente da palavra, na habilidade de decodificação e em soletração.
O
diagnóstico da dislexia deve ser realizado por uma equipe multidisciplinar e
interdisciplinar, com profissionais da área da Neurologia, Psicologia,
Fonoaudiologia, Psicopedagogia, Oftalmologia, entre outros. Normalmente os
sintomas aparecem já no processo de alfabetização.
O professor
e a família devem em primeiro lugar compreender que essas crianças não são
incapazes: elas compreendem as tarefas. Mas é necessário dividir as tarefas por
passos, encorajando-as a cada sucesso obtido.
Devido
ao problema de memória de curto prazo que acomete essas crianças, é necessário
repetir várias vezes os mesmos exercícios e praticar mais a leitura e escrita.
Por isso, deve-se entender que o processo para aquisição da escrita e leitura é
mais lento. Dê-lhe mais tempo para se organizar, evite correções sistemáticas
de todos os erros de escrita, faça avaliações orais e pontuações positivas para
melhorar a autoestima delas.
Vale
ressaltar que a família é uma peça fundamental no desenvolvimento da
aprendizagem das crianças com dislexia. É necessário que os pais se
conscientizem do distúrbio e as ajudem a superar as dificuldades. Com um
trabalho associado a um tratamento interdisciplinar, a escola, a família e a
criança com a dislexia têm todas as condições necessárias para um
desenvolvimento adequado de sua aprendizagem.
É
importante compreender que, quais sejam as limitações no processo da leitura e
escrita do indivíduo com dislexia, a criança possui todas as condições
necessárias para o aprendizado, desde que acompanhada por profissionais
habilitados e professores que possibilitem uma intervenção adequada.
Genoveva
Ribas Claro - coordenadora do curso de Psicopedagogia do Centro Universitário
Internacional Uninter.
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