A educação em diabetes visa orientar as pessoas
portadoras da doença sobre como enfrentar os desafios e as eventuais
dificuldades impostas. Para surtir efeitos, esse processo deve ser iniciado
logo após o diagnóstico e mantido por toda a vida, passando por etapas que
incluem a exposição ao conhecimento num momento inicial. Os resultados clínicos
positivos serão uma consequência lógica dessa mudança, que pode ser denominada
“cascata do conhecimento”.
Com frequência, o paciente mal informado e pouco
motivado tende a encarar o diabetes como um castigo, principalmente quando é
necessário tratamento com insulina. Assim, ao invés de aceitar o tratamento
como uma opção salvadora para sua vida, acaba por achá-lo responsável direto
por seus infortúnios. E fica a pergunta: alguém duvida que um programa bem
estruturado de educação motivacional e adequada intervenção farmacológica
poderiam aliviar grande parte desse desespero incontido?
A International Diabetes Federation (IDF) considera
o diabetes uma condição “mortal” e estima que, em 2045, possa atingir até 629
milhões de pessoas no mundo. Atualmente, só no Brasil já são mais de 12 milhões
de pacientes. O mau controle glicêmico é universal e se nada for feito para
conter essa epidemia, a consequência será um impacto significativamente
desastroso para o desenvolvimento econômico não só do Brasil, mas em todo o
mundo.
O farmacêutico bem treinado é uma figura de
fundamental importância na promoção da educação em diabetes. No atendimento
ambulatorial, o contato do paciente com o farmacêutico é bem mais expressivo do
que com qualquer outro membro da equipe de saúde. A literatura internacional
apresenta vários estudos que comprovam a importância e a efetividade da atuação
farmacêutica nas atividades de educação e controle do diabetes, tanto em nível
hospitalar como em nível comunitário e ambulatorial. Entretanto, ainda é
relativamente reduzido o número de profissionais envolvidos no processo.
Apesar de ser um excelente investimento em saúde
pública, a educação em diabetes não recebe o devido apoio das estruturas
privadas e oficiais de saúde. As empresas farmacêuticas podem e devem
implementar ações educacionais de maneira ética e sem interferir no tratamento
médico, disponibilizando uma estrutura de educadores especialmente treinados
para tentar suprir, pelo menos parcialmente, a deficiência reinante nesse
setor. Além disso, tais empresas também poderiam implementar estratégias de
manutenção da adesão a produtos de uso crônico, por meio de programas de
redução de custos de medicamentos especiais.
A união de esforços entre iniciativa privada e
governamental é uma postura altamente desejável para promover a educação
adequada em diabetes, tanto do ponto de vista da informação como da facilitação
do acesso a medicamentos especiais de uso crônico. E só há benefícios,
principalmente para os pacientes, que poderão ter à disposição informação e
apoio para entender que é possível conviver com o diabetes e ter uma vida
saudável.
Carlos Alberto M. Aita -
médico patologista clínico e possui mais de 15 anos de experiência em pesquisas
científicas. Graduado em Medicina pela Universidade Federal de Santa Maria, com
Residência Médica em Patologia Clínica no Hospital do Servidor Público Estadual
de São Paulo, possui Mestrado em Imunologia no Instituto de Ciências Biomédicas
da USP, Doutorado em Bioquímica e Pós-Doutorado no Instituto de Química da USP.
Diretor de Comunicação e Marketing da SBPC/ML no biênio 2018-2019 e responsável
técnico no Diagnósticos do Brasil.
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