Para aqueles ligados ao meio
empresarial, a palavra inovação assumiu aspecto de Santo Graal da modernidade.
Enquanto é tida como a resposta para todos os problemas que enfrentamos
atualmente, ela também parece distante, complicada e até mesmo inatingível. O
caso é que inovar não é apenas ter boas ideias. Para lidar com esse período de
mudança constante em que vivemos, é preciso criar um ambiente fértil onde essas
boas ideias possam se transformar em negócios lucrativos.
Nas décadas de 1980 e 1990, o mindset
das empresas se voltou à qualidade. Atualmente, ela é imprescindível para que
uma organização exista. Mas, o que hoje já não é mais um diferencial, foi o que
revolucionou o mercado naquela época. O mesmo acontece com a inovação agora.
Ela vem lidar com problemas, trazer soluções e elevar os padrões de serviços e
produtos, assim como o relacionamento entre empresa, seus colaboradores e seus
consumidores.
Talvez o grande problema da
atualidade seja a velocidade de mudança. Com o desenvolvimento de novas
tecnologias, criou-se um ciclo onde o comportamento das pessoas muda para
responder à tecnologia, e a mesma muda para atender a novas demandas
comportamentais. A inovação é justamente a capacidade de lidar com esse ciclo
dinâmico mantendo um negócio sempre lucrativo e em crescimento - e
consequentemente atendendo à velocidade de mudança.
Sendo assim, como aplicar a
inovação? A ISO, organização mundialmente reconhecida no âmbito das
normalizações, se propôs a estudar a situação há alguns anos. Ela observou as
melhores práticas de inovação adotadas em seus 163 países membros. Com esses
dados, ela criou a ISO 50.501, destinada à disseminação da cultura de inovação
nas empresas.
Trata-se de uma norma
certificável, que pode ser implementada em qualquer porte ou segmento
empresarial. Seu objetivo é ampliar o acesso às técnicas, metodologias e
ferramentas de inovação, democratizando o acesso a essa nova cultura. Com isso,
todas as empresa podem inovar - e devem!
A certificação em si não
garante inovação, porém ela gera solo fértil onde a mesma pode se desenvolver,
e as boas ideias possam ser transformadas em lucro. Basicamente, ela insere na
cultura da empresa seis princípios básicos necessários para que a inovação
aconteça. São eles:
Nova visão de
liderança: Todo líder ou empresário
precisa ser um visionário. Ver além do óbvio é o que transforma uma necessidade
em negócio. Quando, motivada pelos métodos da norma de inovação, a liderança
concentra seu mindset em inovar, ela é capaz de direcionar as pessoas e criar
processos que viabilizem esse futuro emergente. É preciso estar em constante
aperfeiçoamento.
Valorização dos
insights internos: É preciso mudar a
política da empresa, aprendendo a gerir as ideias de colaboradores e de
consumidores, advindas de críticas e sugestões. É preciso ouvir essa fonte de
ideias, conhecimento e experiência com o produto ou serviço da empresa. A norma
ajudará a tratar e testar essas ideias de maneira ágil e com o mínimo de
custos, viabilizando o que é bom e descartando o que é ruim.
Gestão da
incerteza: Com a norma de inovação, é
possível fazer uma análise diferente sobre as vulnerabilidades da empresa e, a
partir disso, identificar melhorias. O que é incerto passa a ser mais certo,
pois as previsões de riscos são mais alinhadas com a realidade.
Adaptar-se é
preciso: Resiliência e flexibilidade
são habilidades cada dia mais exigidas pelo mercado. É por isso que se ganha
tanto assumindo uma postura adaptável, onde tendências e oportunidades se
tornam mais visíveis e atraentes. Talvez esse seja um dos maiores benefícios de
toda a certificação.
Diálogo entre
equipes: Além de aproveitar os
insights de colaboradores, é preciso incentivar também o diálogo dentro das
equipes e entre as mesmas. A ideia é criar um ambiente de real colaboração,
onde se fala e se ouve abertamente. O que se aprende nesse cenário não tem
preço.
Propósito Massivo
Transformador: A razão de
existir de uma empresa vai muito além de satisfazer aos desejos de seus
acionistas. Os consumidores atuais querem entender o propósito das marcas e esses
precisam ser massivos e transformadores. O processo de gestão da ISO vai
direcionar para que isso aconteça e, para que a missão vá muito além de ser a
maior de seu segmento ou lucrar mais.
Alexandre Pierro - engenheiro mecânico, bacharel em física aplicada
pela USP e fundador da PALAS, consultoria em gestão da qualidade.
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