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quinta-feira, 18 de outubro de 2018

O comportamento inadequado dos jovens e a promessa de um cargo dos sonhos pelas empresas

No início deste mês, a Catho divulgou uma pesquisa apontando que a maior dificuldade para os jovens conseguirem emprego não está na falta de experiência ou de qualificação, mas, sim, no comportamento inadequado da maioria deles.

Segundo a empresa de recrutamento online, durante a seleção, o recrutador observa atentamente o comportamento do candidato e, no caso dos jovens, não é incomum que uma pesquisa nas redes sociais também seja feita. Esta serviria para observar como o pretendente à vaga se porta.

Por comportamento inadequado podemos entender desde o desleixo na vestimenta ou modo de se sentar até uma falsa intimidade ou falar ao celular enquanto atende o cliente. Até mesmo a falta de higiene, em casos de pessoas que vão a baladas na noite anterior e seguem direto para a entrevista ou para o novo emprego, foi apontada.

Para o coach Edson Moraes, formado pelo Instituto EcoSocial e certificado pelo ICF – International Coach Federation, não podemos generalizar. “Claro que há jovens com perfis diferentes. E não ser educado ou higiênico, por exemplo, são coisas imperdoáveis. Porém, hoje em dia é muito comum, durante o recrutamento, o responsável pelo processo prometer um ‘padrão Google’ para o candidato. Aquilo de espaços de conveniência, extensão do ambiente descompromissado que se tem com amigos, horário flexível etc. Porém, quando o jovem começa a trabalhar, percebe que não é bem assim”.

Moraes também chama a atenção para o que chama de “choque de gerações”: “A empresa tem uma expectativa e o candidato também. O entrevistador pode encarar a postura do jovem como de um ‘folgado’. Ele, por seu lado, pensa que ali é um lugar ‘careta’. Hoje, o modelo de trabalho mudou muito e as empresas precisam se modernizar também”.

Para ele, hoje com 54 anos, gerações passadas se adequavam às vagas. Os jovens de hoje se recusam a isso: “A minha geração, por exemplo, costumava pegar o primeiro emprego e ir se moldando. Isso não é muito aceito hoje em dia. Tanto que muitos jovens se formam e criam as próprias startups, para não se sujeitarem a horários e regras”.


Classe média

Moraes comenta que este comportamento de não aceitar tantas imposições vem de jovens da classe média e média alta. “Pessoas de baixa renda e sem tanta qualificação ficam sem escolha. Porém, ao entrarem, se adaptarem, serem resilientes e se superarem, é bem possível que muitos cheguem a se tornar líderes”.

Já os jovens que foram criados em situação financeira mais confortável e com certas liberdades, muitas vezes pelos chamados “pais-helicópteros”, tendem a não aceitar muitas regras: “Há uma questão de comportamento séria. Muitos veem esses jovens como mimados. E eles podem até ser, e isso irá atrapalhar muito a carreira, pois eles não têm a plasticidade necessária para se adaptar”.

Porém, Moraes frisa que o que mais cria desapontamento de ambos os lados são mesmo as expectativas: “Se elas não ficarem claras durante a entrevista e surgir aquela paixão, não verdadeira, mas idealizada, de quem está contratando e de quem está se candidatando, o relacionamento não durará três meses”.

Para ele, a empresa não pode se apresentar como moderna se a postura de seus líderes não for essa. Isso vale também para recrutadores, que muitas vezes não enxergam que a empresa está em fase de mudança, e acabam escolhendo perfis que não se encaixam a esse novo momento.

Já ao candidato, Moraes aconselha: “Entender o contexto da empresa e se está preparado ou disposto a se adequar a ele. A resiliência, que é algo muito importante e necessária, nos impede de mudar, em relação ao objetivo final. Porém, é preciso lembrar que também precisamos ser críticos e reflexivos para revisar nossa meta se notarmos que estamos no caminho errado”. 








Fonte: Edson Moraes é sócio do Espaço Meio -  https://espacomeio.com.br , Executive Coach desde 2014 e Consultor (Gestão & Governança) desde 2003. Foi Executivo do Bank of America entre 1982 e 2003. Seguiu carreira na Área de Tecnologia da Informação, foi Head do Escritório de Projetos e CIO por 4 anos. É Master em Project Management pela George Washington University.  Participou de programas de educação executiva na área de TI ( Stanford University, Business School São Paulo e  Fundação Getúlio Vargas). Formado em Comunicação Social – Jornalismo pela PUC/SP. É Conselheiro de Administração formado pelo IBGC, Coach pelo Instituto EcoSocial e certificado pelo ICF.  Articulista e palestrante nas áreas de Governança, Tecnologia da Informação e Gestão de Projetos.



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