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terça-feira, 16 de outubro de 2018

Desfralde de criança autista requer planejamento e persistência


Terapeuta ocupacional do CERNE dá dicas para auxiliar famílias que buscam maior independência e conforto

Com a chegada do calor é hora de treinar seu filho para a retirada da fralda, um processo que requer paciência e parceria de família e escola. O processo é ainda mais complexo quando se trata de crianças e adolescentes autistas, que podem levar alguns anos até a adaptação completa, alerta a terapeuta ocupacional Syomara Smidiziuk, do Centro de Excelência em Recuperação Neurológica (CERNE). “O prêmio é a independência e maior conforto para eles”, afirma. O CERNE tem realizado com sucesso o desfralde de crianças e adolescentes com dificuldades motoras, cognitivas e pessoas com transtorno do espectro autista.
A retirada da fralda para a pessoa com deficiência precisa seguir três etapas: a observação dos hábitos e preenchimento de uma tabela de horários de ida ao banheiro por no mínimo 15 dias, a análise da tabela e organização do plano de ação. Depois, é necessário persistir por no mínimo três semanas com o mesmo plano, sabendo que os escapes são normais.
Dicas práticas para o plano de ação envolvem a antecipação (levar a criança ao banheiro 10 minutos antes do horário marcado); proporcionar a familiaridade com o banheiro que será utilizado; apoiar os pés, usando um banquinho ou adaptadores, sentar a criança ereta e deixar que ela escolha a melhor posição; e estimular a bexiga com massagem, se necessário. A meta é levá-la seis vezes por dia ao banheiro, ficando no máximo cinco minutos cada vez.
“Não use o banheiro como uma brincadeira; não pergunte se ela quer ir, apenas conduza; e, muito importante: para crianças com dificuldade de comunicação, use gestos, sinais ou fotos”, ensina Syomara. Outra sugestão é adotar uma recompensa exclusiva para a ida ao banheiro e manter as fraldas somente para dormir ou sair de casa.
É importante certificar-se que não existe uma explicação médica para a dificuldade na retirada, como o comprometimento da bexiga. “Mas, em geral, o processo tem muito mais a ver com a organização familiar do que com um mau funcionamento do corpo”, explica a terapeuta. As famílias que necessitarem podem contar com o auxílio da terapia ocupacional nessa importante transição.
É importante ainda que a escola esteja em sintonia com a família e o terapeuta, seguindo um plano de ação único. Caroline Fardoski Kloss conta que o trabalho para o desfralde do filho Octávio, de quase 4 anos, começou com a linguagem. “Usamos imagens numa sequência e coloquei no banheiro, mostrando os passos”, conta. “Logo ele começou a entender.”
Ainda falta completar o processo, porque, em alguns casos, quando sente vontade de ir ao banheiro, o menino se esconde. “As terapeutas do CERNE me ajudaram a saber como agir, a não repreender e sim parabenizar. Vejo que ele está mais independente do que era”, comemora.
Outras dica é usar jogos e aplicativos para a família que ensinam a ir ao banheiro, como “Pepi Play” e “Potty Training”.

Desafios
As maiores dificuldades enfrentadas pelas crianças autistas durante o desfralde costumam envolver quatro áreas: linguagem (entender o estímulo do adulto relacionado à ida ao banheiro); vestuário (demora ou incapacidade de retirar as roupas); o próprio medo de se sentar no vaso ou do barulho da descarga; e o conhecimento do corpo (ele pode não perceber a roupa molhada).
“Toda criança é capaz de sair das fraldas, desde que não haja uma patologia urológica”, assegura Syomara. Além da independência proporcionada à criança ou adolescente, o desfralde previne casos de infecção urinária, mau cheiro e o desconforto do paciente. Outra vantagem é a menor quantidade de laxante necessário para o bom funcionamento do organismo.





Sobre o CERNE - O Centro de Excelência em Recuperação Neurológica conta com uma equipe multiprofissional, composta por fisioterapeutas, fonoaudióloga, musicoterapeuta, psicóloga, terapeuta ocupacional, psicopedagoga, educador físico e enfermeiro. A clínica tem a proposta de oferecer um outro olhar da recuperação da saúde, mais humanizado e personalizado de acordo com as necessidades e demandas do paciente, a fim de facilitar a sua inserção na sociedade. Além de garantir qualidade no tratamento, por meio de um processo padronizado em que o paciente encontra todas as terapias no mesmo local e de forma integrada, o Centro conta ainda com a experiência de suas sócias, a terapeuta ocupacional Syomara Cristina Smidiziuk e a fisioterapeuta Mariana Krueger, uma das primeiras profissionais capacitadas para a aplicação da técnica de Neuromodulação Transcraniana na Região Sul. A sociedade é complementada por Canrobert Krueger, engenheiro de computação e administração.



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