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terça-feira, 16 de outubro de 2018

Descubra se os alimentos realmente podem nos viciar


Médica explica a compulsão alimentar e o que fazer para eliminá-la


Quem nunca ouviu falar em alguém que não passa um dia sequer sem comer um chocolatinho? Ou que diz sentir dor de cabeça se não tomar uma xícara de café pela manhã? É por esses e outros depoimentos que, desde a década de 1960 existem diversos estudos que avaliam se realmente somos passíveis do vício ao alimento.

A médica Tassiane Alvarenga, endocrinologista e metabologista, conta que temos uma região cerebral chamada núcleo accumbens que é onde está o nosso sistema de recompensa, com vias responsáveis pela sensação de prazer que vem desde ver uma bela paisagem, saborear um alimento, praticar atividade física, entre outros. “O prazer é quimicamente determinado, ou seja, é preciso que uma substância química liberada pelo corpo ative essas vias para que possamos sentir esse bem-estar”, diz.

Mas, como isso se aplica aos alimentos?
Segundo a médica, o único alimento que tem comprovação científica de que realmente vicia é a cafeína. Artigos recentes falam em vício em comida em geral, mais do que em açúcar.
E para que isso ocorra, depende de quatro fatores:

- A substância: “comidas processadas e industrializadas, ricas em açúcar, sal e gorduras têm mais chances de causar compulsão do que frutas, por exemplo”, diz a Dra. Tassiane.

- O modo como essa substância é absorvida pelo organismo: como exemplo, a médica cita a folha da coca que, ao ser mastigada, não é viciante, mas quando refinada em cocaína, vicia rapidamente. “Os carboidratos simples, pela rápida absorção, podem ativar áreas cerebrais que predispõe ao vício.”

- Predisposição genética: 90% das pessoas se expõem ao álcool durante a vida, mas entre 5 a 10% viram alcoólatras por terem essa hereditariedade. 

- Personalidade, comportamento e situações de vida: tédio, stress e mau humor em pessoas com a personalidade mais impulsiva, levam ao comer emocional, pois alimentos ricos em açúcar ativam a área de prazer e recompensa do cérebro. “É gratificante, predispõe ao vício.”

É por isso que, para tratar a compulsão alimentar é preciso olhar esses quatro fatores, evitando o contato com a substância, melhorando a absorção de nutrientes no organismo com a substituição dos refinados pelos integrais – por exemplo --, tratando a hereditariedade e o comportamento.

“A pessoa pode achar o gatilho da compulsão e mudar seus hábitos para ganhar mais vida e saúde”, conta a médica, que é contra vilanizar alimentos. “Todos os nutrientes trazem benefícios, mas precisam da dose certa para isso”, conclui.







Dra. Tassiane Alvarenga - Graduação em Medicina pela Universidade Federal de Uberlândia – UFU;Residência Médica em Clínica Médica pela Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP; Residência Médica em Endocrinologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FM USP); Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia- SBEM; Membro da Endocrine Society, SBEM e ABESO; Faz parte do Corpo Clínico  da Santa Casa de Misericórdia de Passos.


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