A primeira vez que ouvi falar em Bitcoin foi em uma
conversa com uma empreendedora, que lidera uma software house de aplicativos.
Após ela falar que transformou R$ 10 mil em R$ 50 mil em poucas semanas com
Bitcoin, comecei a ler sobre essa moeda digital e criptografada. Quanto mais eu
pesquisava, mais ficava viciado nesse fenômeno.
Acredito que a pergunta mais frequente sobre o
bitcoin é: por que isso foi criado? E a resposta, tão claramente visível, está
incorporada na base do primeiro bloco considerado a gênese do Bitcoin. Na
criação desta criptomoeda, o pensamento principal foi como integrar idéias já
existentes da comunidade cypherpunk. Ideias propostas por David Chaum, que
precederam quase vinte anos do surgimento do Bitcoin, com seu projeto
“Untraceable Electronic Cash”, exploravam a possibilidade de transações
anônimas usando vários protocolos criptográficos.
A falha do projeto, no entanto, era ser
centralizado.
O bitcoin é apenas uma das dezenas de milhares de
projetos de electronic cash. O sucesso do bitcoin eu atribuo a alguns fatores:
além dos blocos em cadeia, foi por causa da própria natureza e premissa do
bitcoin. Foi a ideia de qualquer um poder gerar sua própria forma de dinheiro
por meio da mineração. Esse é o principal motivo, e porque estava relacionado a
moeda de valor e troca. Não era somente pela segurança da tecnologia do código,
era porque tinha a ver com dinheiro. Centrou-se em dinheiro. Isso é algo que as
pessoas se importam.
Como economista, poder vivenciar o surgimento de
uma nova moeda baseada em um protocolo é muito especial. Melhor ainda, por ser
uma moeda que não precisa de uma instituição financeira para ser transacionada.
É a primeira rede distribuída de transferência peer-to-peer, é alimentada por
seus usuários sem autoridade central ou intermediários.
O mercado de criptomoedas não é um ambiente
regulamentado, e por isso muitas pessoas ainda não entraram nesse ecossistema.
Os primeiros a adotarem o Bitcoin como moeda eram membros da comunidade
cypherpunk que estavam em busca de anonimato, um mundo sem poder centralizado e
sem tributos governamentais e taxas bancárias. Toda tecnologia tem uma curva de
adoção da tecnologia e após sair na mídia, isso passa a virar conversa de bar e
consequentemente os fundos de investimento começam a estudar esse mercado. No ano
passado, movimentou-se entrou muito dinheiro institucional investindo em
criptomoedas, e isso tem suas vantagens e desvantagens.
Um dos ônus é que os tubarões do mercado de
investimento passam a manipular o mercado e, como vantagem, a regulamentação desse
mercado agora é bem-vinda, visto que boa parte do mercado é constituído de
dinheiro institucional que prefere estar num mercado regrado em detrimento de
uma terra sem leis.
Se a regulamentação fosse constituída antes de
fundos de investimento entrarem nesse ambiente, a comunidade cypherpunk poderia
desistir do Bitcoin, por não ser mais possível viver sem tributos
governamentais e taxas bancárias.
O futuro do Bitcoin depende do futuro da
tecnologia. Enquanto o computador quântico não for realidade, a segurança do
Bitcoin será mantida. As fortes oscilações no preço do Bitcoin dominam as
notícias diárias. Mas sob as manchetes, as startups de blockchain estão
construindo infraestrutura para apoiar tanto os mercados de criptomoedas
públicos quanto às iniciativas que podem transformar a forma como as transações
financeiras atuais são executadas e registradas.
Augusto Sitio - articulista do Manual Blockchain
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