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terça-feira, 17 de julho de 2018

PIB e certificações de qualidade: a chave para o crescimento do Brasil

O PIB - Produto Interno Bruto é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve para medir a evolução da economia. É esse índice que permite analisar o crescimento ou recessão de um país. Obviamente, há muitos fatores que interferem nesse número. Mas, uma descoberta curiosa foi feita num estudo realizado pela Universidade Federal do Paraná, que sugere que o aumento no PIB está intimamente ligado ao crescimento no número de certificações de qualidade. O objetivo foi analisar a relação entre a emissão das certificações ISO e o PIB no BRIC - Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (BRICS) nos últimos 15 anos.

Os resultados foram surpreendentes. Quanto maior o PIB de um país, maior é o número de emissão das certificações ISO. Outra constatação interessante é que, conforme as certificações aumentam, o PIB continua aumentando, demonstrando que trata-se de um ganho permanente e não esporádico. O estudo aponta ainda para um possível aumento no número de certificações em nível global, como uma tendência de as empresas buscarem melhorias como forma de sobrevivência de mercado.

Embora essa pesquisa leve em consideração apenas a ISO 14001, do parâmetro ambiental, é possível adotar esse mesmo raciocínio para todas as certificações. Como é sabido, essas certificações oferecem, no mínimo, três grandes vantagens competitivas, independentemente de porte ou segmento da empresa. O primeiro e talvez o mais significativo seja a melhoria de processos. Sem uma gestão adequada, não existe padrão e nem controle. Se falta definição e clareza sobre as atribuições e responsabilidades, é grande o risco de falhas. Normalmente, isso leva a retrabalhos, o que encarece produtos e serviços de forma substancial. Dessa forma, a empresa se torna menos competitiva.

O segundo ganho é quase que uma consequência do primeiro. À medida que a empresa implementa melhores práticas, é possível perceber uma grande redução de desperdícios, os chamados savings. Se a empresa consegue fazer melhor com menos, certamente ela elimina o uso inapropriado de recursos humanos e financeiros, o que contribui para uma economia substancial em suas mais variadas áreas. Eliminar defeitos na produção, reduzir estoques, minimizar a ociosidade de colaboradores e maquinários é fundamental para aumentar a produtividade e combater gastos desnecessários. Enxuta, a empresa se torna mais saudável e sustentável.

O terceiro ganho costuma ser o mais alardeado. Normalmente, as empresas detentoras de certificações ISO costumam fazer uso massivo dessa conquista em suas ações de marketing e comunicação, buscando reforçar que a marca possui qualidade e responsabilidade. Contudo, além dessa vantagem, é comum as empresas - em especial das pequeno e médio porte - passarem a fornecer produtos e serviços a empresas maiores, que normalmente tem essa visão de certificação mais desenvolvida e tende a exigir o mesmo comportamento de seus fornecedores. Com o aumento do market share, as empresas começam a registrar também aumento na receita.

Um fato curioso nessa relação entre PIB e ISO é que podemos verificar uma correlação entre períodos de baixa nas certificações seguidos por períodos de crise econômica. O Brasil atingiu o pico de certificações em 2011 (mais de 28 mil empresas certificadas segundo o INMETRO), quando o país registrou também um PIB histórico, de 4%. Dali em diante, o número de certificações foi caindo significativamente, tendo atingindo seu mínimo em 2015 (menos de 20 mil empresas certificadas) e um PIB de -3,5%.

Vale salientar que essa correlação não se aprofunda em outros aspectos, como o momento econômico mundial, crises políticas ou mudanças na direção econômica do país. Mesmo assim, ela faz todo sentido se considerarmos que essas ferramentas de gestão visam melhorar o desempenho das empresas, melhorando os seus produtos/serviços, consequentemente minimizando seus desperdícios e tornando-as muito mais competitivas.

Com base nesses dados, fica evidente a necessidade das empresas investirem em certificações. Além de fazer com que elas atendam requisitos legais aplicáveis ao seu setor de atuação, irão impactar positivamente o PIB do país. E, ao contrário do que parece, a conquista das certificações ISO não são tão complexas quanto se imagina. No caso de empresas de pequeno e médio porte nem há a necessidade de um departamento interno de qualidade. Basta contar com a presença de um consultor, que irá orientar a empresa sobre as necessidades de adequações.

Uma vez que as normas estejam sendo cumpridas, as certificadoras fazem a auditoria final, com o intuito de certificar ou não a empresa. O procedimento todo não custa muito e se paga rapidamente devido ao ganho residual em melhoria de processos e redução de desperdícios. Sua empresa e o Brasil agradecem.








Alexandre Pierro - engenheiro mecânico, bacharel em física aplicada pela USP e fundador da PALAS, consultoria em gestão da qualidade.



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