Frequentemente associado a adultos, o Acidente
Vascular Cerebral (AVC) pode ocorrer em qualquer faixa etária. Recém-nascidos e
crianças com doenças cardíacas, alterações dos vasos cerebrais ou doenças
genéticas que propiciem a formação de trombos (coágulos que impedem a
circulação do sangue) são mais propensas a sofrer com a enfermidade.
As causas do AVC infantil são distintas das que
acometem adultos. Também diferem entre aqueles que ocorrem durante a gestação
ou nas primeiras semanas de vida, os chamados AVCs perinatais, e os que
acontecem após esse período.
“No caso de AVC perinatal, existem fatores de risco
relacionados à gestante, como a hipertensão arterial sistêmica e diabetes,
pré-eclâmpsia, uso de drogas ilícitas, e outros relacionados ao recém-nascido,
como distúrbios hematológicos (no sangue), doenças cardíacas, infecções,
traumas e desidratações. Já, entre os fatores de risco associados ao AVC na
infância e adolescência, são mais comuns as doenças arteriais, as cardíacas e
as hematológicas”, explica a neurologista Ana Carolina Coan, vice-coordenadora
do Departamento Científico de Neurologia Infantil da ABN (Academia Brasileira
de Neurologia).
O sintoma mais comum do AVC infantil é a paralisia
de um dos membros ou de lado do corpo. Dificuldade de falar ou compreender o
que ouvem e na articulação da fala, tontura, desequilíbrio e visão dupla também
são observados. Diferente do que ocorre no adulto, em crianças outros sintomas
comuns são crises epilépticas, dores de cabeça, confusão, irritabilidade e alterações
do comportamento.
Nos episódios perinatais, o sintoma mais comum é a
crise epiléptica. O recém-nascido pode apresentar-se sonolento ou com alteração
do padrão da respiração. Muitas crianças ficam assintomáticas nas primeiras
semanas ou meses de vida.
“Após o período neonatal, a criança pode apresentar
qualquer sintoma ou sinal neurológio súbito”, reforça a neurologista.
O diagnóstico é feito a partir de exame de imagem,
como tomografia. Em casos de recém-nascidos, eles podem eventualmente ser
identificados em exame de ultrassom pré-natal.
O AVC na infância se diferencia dos ocorridos em
adultos em relação aos fatores de risco, sintomas e também em relação ao
tratamento. No caso de adultos, existe a possibilidade de usar medicação nas
primeiras horas após o acidente, para dissolver o coágulo e diminuir as chances
de sequelas neurológicas. Em crianças, a segurança e eficácia do uso dessa
medicação ainda não foram determinadas.
Caso o responsável perceba que a criança ou o
adolescente está tendo um AVC, deve encaminhá-la rapidamente para um serviço de
emergência médica.
“Após esses primeiros cuidados da fase aguda, é
importante prosseguir com a investigação das possíveis causas associadas ao
AVC, além do início, o mais precocemente possível, de terapias de reabilitação,
como fisioterapia, fonoterapia e terapia ocupacional. Esse passo é muito
relevante, pois o AVC na infância apresenta impacto significativo no
neurodesenvolvimento, com a possibilidade de dificuldades físicas e
intelectuais a longo prazo”, explica a médica.
A boa notícia é que, em alguns
casos, o AVC pode ser evitado. Há alguns fatores de risco associados aos AVCs
na infância, como doenças gestacionais maternas que podem ser identificados e
tratados, evitando-se, assim, a sua ocorrência.
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