Repleto
de efemérides, como o Dia das Crianças, o Dia do Professor e o Dia do Idoso, o mês
de outubro também reserva uma celebração especial para aqueles que são os
melhores amigos de muitos seres humanos, o Dia Mundial dos Animais. A data,
porém, também pode servir de ensejo para voltarmos a nossa atenção a uma
questão pouco difundida no Brasil: a baixíssima quantidade de cães-guia, tão
importantes para o dia a dia de cegos.
A
Secretaria Especial de Direitos Humanos, do Ministério da Justiça, e o IBGE
estimam que existam apenas 169 cães-guia espalhados pelo Brasil, para cerca de
6.5 milhões de pessoas com deficiência visual com limitações intensas. Entre
outras coisas, esse número reduzido se deve à ausência dessa cultura no país,
motivada por fatores como o alto custo do treinamento dos animais e,
principalmente, pela falta de famílias socializadoras para recebê-los durante o
período de adaptação.
Embora
a maioria das pessoas não saiba, a preparação desses pets vai muito além de um
simples treinamento temporário: são necessários meses de convivência com
famílias voluntárias. Desde os três meses de vida até por volta de um ano e
meio, o animal passa por uma socialização com essas pessoas, que ficam
responsáveis por apresentá-lo às mais diversas situações do cotidiano, como ir
à padaria, pegar um ônibus ou lidar com crianças nas ruas. Isso tudo porque o
animal precisa estar preparado para qualquer ocasião quando for entregue ao
cego.
Entretanto,
encontrar pessoas dispostas a fazer isso pode ser mais complicado do que
parece. Depois de pouco mais de um ano de convivência necessária para a socialização,
existe uma grande dificuldade na hora de devolver os cães para os centros de
treinamento. Muitas pessoas se sentem extremamente apegadas aos animais e
acabam por esquecer a causa maior do projeto.
Nesta
época de reflexão, é necessário que se veja o animal não só como um bicho de
estimação, mas também como uma peça fundamental na vida daqueles que precisam.
As famílias voluntárias são fundamentais para que a sociabilização seja feita
da maneira correta e o cego receba um cão capacitado a guiá-lo em todas as
situações.
George Harrison - especialista do Instituto Magnus,
organização sem fins lucrativos voltada à criação e ao treinamento de cães
terapêuticos e cães de assistência.
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